Fiquei 5 horas na sala de espera, sofrendo com a TV ligada sem volume (porque fazem isso???) e revistas de laboratório médico para ler.
Não queria ser avaliada e nem diagnosticada. Isso eu já tinha feito com outros médicos. Precisava só que ela me medicasse.
Depois da consulta rápida ela disse que me ligaria para falar da medicação. Um mês se passou e ela ainda não tinha me ligado. Eu estava doente, precisando urgentemente de remédio, de preferência na veia!
Eu então pedi meu dinheiro de volta. Ela achou ruim, mas devolveu.
Juro por Deus que se eu tivesse me divertido na sala de espera eu não teria chiado tanto. Mas a sala de espera já é um prenúncio do tratamento que você terá dentro do consultório médico.
Por isso o assunto do post de hoje é:
Diga-me o que tem para ler na sua sala de espera e eu te direi que profissional tu és.
Minha terapeuta assinava "Casa Claudia" e tinha livros chiques de arte para a gente folhear.
Eu amava. Chegava até mais cedo para ver as novidades do mês no quesito decoração. É óbvio que a minha psicóloga era elegante e chique. E a casa dela devia ser linda!! (hahahah, sempre fantasiei isso a respeito dela).
Depois de 5 anos, milagrosamente, eu tive alta.
Fiquei mal, como se tivessem tirado um pedaço de mim. Claro que senti falta da minha querida psicóloga, mas o pior foi que materializei a falta dela na revista e entrei em crise de abstinência da "Casa Claudia". Tive que assinar ela por dois anos para me acostumar com a distância.
Eu mesma chamaria isso de "objeto de transição",
Hahahah, esses psicólogos são todos doidos.
E o pior é que a revista tem o meu nome, dá margem para mil interpretações...
Anna Freud, Jung, Freud e o divã, hahaha, bom jogo para uma sala de espera! |
Cada um que sentava ali encaixava algumas peças e a imagem ia sendo lentamente montada a muitas mãos, curiosas e desconhecidas. Adorava ver a evolução do projeto no decorrer das semanas.
E além do quebra-cabeças ela oferecia Resta 1, desafios de encaixes, dama, jogos chiques e estilosos.
Ela dizia que antes de entrar em terapia a pessoa deve organizar o pensamento, se concentrar. Ler revistas tira o foco do assunto que deverá ser tratado na sessão.
Concordo com ela. Adorei o seu raciocínio.
Um médico meu tinha só revista "Vip" na sala de espera. Só!!!! É uma revista masculina e muito instrutiva. Traz, por exemplo, dicas quentes sobre arte na cidade de São Paulo:
"No segundo andar do Masp, perto do bebedouro, tem um canto ideal para você dar uma rapidinha com sua gata."
"No Museu do Ipiranga tem uma saída de emergência perfeita. Vá de manhã, numa terça-feira, dia de menos movimento"
É claro que eu me divertia com a literatura tão exótica e inatingível para nós mulheres, leitoras tolinhas de novidades sobre a roupa ideal para um primeiro encontro e maquiagem para o verão. Mal sabemos nós as intenções do cara no primeiro encontro marcado no museu.
Hahahaha, e a gente crente que o cara é intelectual.
Eu ia muito neste médico, por isso passei a saber de cor e salteado toda a lista das mulheres mais sexys do mundo.
Scheila Carvalho ganhou tantos anos seguidos que saiu da competição. Era ò concur!
Uma vez comentaram comigo que o cara devia ser safado porque as revistas, na verdade, eram dele. Ele devia ser o doido que assinava aquilo.
Será? Poxa, um médico tão ético, tão sério, tão atencioso.
Um dia descobri: ele era safado mesmo. Bingo!
Minha obstetra tinha uma montanha de "Veja" velha na sala de espera. Foi um sofrimento ficar 9 meses relendo notícias de 4 anos atrás!
Quando meu filho nasceu dei para ela de presente uma assinatura da revista "Crescer".
Sim, existem UNIMEDs que proibem terminantemente o médico de cobrar por fora para fazer o nosso parto!!!! Aí a gente fica feliz, agradecida, e sentimos até vontade de gastar uma grana dando um presentinho.
Fica a dica: ótimo presente para um obstetra. Sucesso garantido! Melhor que vinhos, cestas de guloseimas e folheados a ouro.
Ela me ligou agradecendo, feliz da vida e impressionada em como as pacientes dela estavam AMANDO a novidade no consultório.
Ah... Jura??? Hello!!! Grávidas = revista sobre bebê e parto!!!
Claro que tem tudo a ver! Incrível como ela não tinha pensado nisso antes.
Um dia descobri: ela mesma não tinha filhos e nem era casada. Ou seja, não entendia nada sobre a necessidade de decorar um quartinho de bebê e nem precisava de dicas para compreender um marido enciumado.
Este mês fiquei 2 horas num consultório médico bem tradicional. Revistas oferecidas: "Caras" e "Quem". Básico.
Depois de ver todas as sub-celeberidades nos camarotes do Carnaval e as mega-celebridades no tapete vermelho do Kodak Theatre eu fiquei enjoada de tantos rostos sorridentes.
O estranho de morar na roça é isso. A gente desacostuma com o excesso de estímulos visuais.
Fui, enjoada, devolver minha quinta revista quando achei uma coisa incrível na mesinha da sala de espera: uma Bíblia!!!
Lembrei do meu post polêmico sobre a Bíblia e decidi dar uma segunda chance ao best-seller. Andei recebendo dicas de onde eu deveria começar a ler para me acostumar com o tipo de leitura.
Novo Testamento Livro de Mateus |
E o meu "California Roll" da Bíblia deveria ser o Novo Testamento, mais espcecificamente o Livro de Mateus.
Ah... com essa dica agora a leitura ia dar certo!!
Uai, por quê, não? Eu estava mesmo à toa.
E a coisa era uma árvore genealógica tão complexa, tão complicada, que me deu sono.
Na próxima consulta eu tento novamente, prometo.
Novo testamento é uma lixo de mal-escrito. Vá nos Eclesiastes ou no Livro de Jó que vc se dá bem...
ResponderExcluirValeu! Vou neles então. E vc ganha um nigui-torô de prêmio pela dica!!
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