Marcadores


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Doze meses para chamar de meu

Nas borracharias do mundo todo existem, nas paredes, calendário de mulher pelada.
Janeiro: Peito e bunda. Fevereiro: Peito e bunda. Março: Bunda e peito, e por aí vai.
É um clássico.
As curvas femininas combinam muito bem com motores e ferramentas. Tudo a ver.
E os "Calendários Pirelli" ficaram tão famosos que agora virou grife de modelos famosérrimas e fotógrafos ultra renomados.
Sacanagem.
Os borracheiros nem tem mais acesso à eles. Tem tiragem limitada, é caríssimo e virou artigo de colecionador.
Bom, mas acho que os borracheiros também nem iam querer mais. Ter uma modelo magricela numa foto artística na parede do estabelecimento não ia combinar muito com o gosto da população que frequenta o local.
Calendário Pirelli 2010...ai que preguiça.
Os borracheiros, mecânicos e afins preferem algo mais tradicional. Mais substancioso. Ainda bem que no mundo ainda existe uma fartura de "Gatas de Março", "Coelhinhas de Setembro" sem falar no especial: "Sisters do BBB".
Ufa...

Mas não estou preocupada com as paredes masculinas. Gostaria de saber o que ficaria melhor na parede das mulheres.
Nos salões de beleza femininos só existem... mulheres. Cabelos brilhosos pelo Photoshop, mulheres lindas, magras e muita divulgação de cosméticos.
Sem graça de tudo...
O pior é que cortamos o cabelo, gastamos muito dinheiro com os benditos produtos e NUNCA ficamos parecidas com elas. Sempre saio frustada de um salão de beleza. A cabeleireira pergunta, virando o espelhinho para eu ver minhas costas:
-Gostou???
Eu olho para a moça do poster na parede e resmungo:
-É, ficou bom...
Hahahah, deviam colocar fotos das nossas vizinhas, amigas e cunhadas. Gente normal. Aí saíríamos felizes da vida, nos sentindo superiores com nossas luzes californianas.

Se eu tivesse um espaço exclusivamente para receber mulheres eu teria coisas interessantes nas paredes.
Deixa eu ver... o que poderia ser?
Ah, já sei: os borracheiros nos usam para decorar seus QGs. Poderíamos homenagear a categoria também em nossas paredes.

Não, perfeitinho demais. Uma barriga tanquinho assim ia me dar vontade de fazer uma lipo.
Péssimo você ser mais barriguda que o cara. E ter mais pelos do que ele!!!
Não, Village People demais.



A verdade é uma só: quem gosta de homem pelado é gay.
Mulher não gosta dessa coisa explícita de torsos nús e abdomem definido. Não que não seja bonito (longe de mim dizer isso), mas é que os especialistas dizem que o cérebro feminino não ativa as áreas do prazer sexual com a visão de corpos nús.
Mulher sente mais prazer sexual vendo dois macacos transando do que um homem nú. Juro! Elas preferem o clima do que o corpo. Mesmo que o clima seja entre dois primatas. Tá na pesquisa dos especialistas
Hahahah, adoro falar "especialista". Dá um ar de sabichona. E nem preciso citar as fontes porque, né, se o especialista disse ninguém deveria contestar...

Bom, mas voltando ao assunto: olhar um corpo nú e ter desejo é um privilégio masculino.
Pena. Ia ser bem mais fácil para nós.
Infelizmente mulher precisa de muito mais. E prá piorar precisa de uma mistura fina e bem elaborada de várias coisas.
Meu calendário seria assim:

Janeiro: Gestos. Principlamente os gestos. Um jeito interessante de virar a cabeça, uma maneira própria de mexer no nariz, um jeito de chacoalhar o cabelo, uma mania de segurar o sorriso para não dar bandeira... isso é sexy.
Fevereiro: Cheiro. Cheiro de pele, não de perfume. Cheiro de testosterona entusiasma. Gente que não tem cheiro não tem graça.
Março: Uma mão meio encardida (não precisa ser necessariamente suja), com cara de quem já fez serviço pesado que deixou vestígios sob as unhas e calos na palma das mãos.
Abril: Uma maneira autoconfiante de andar, sentar e agir. Como se estivesse esnobando o mundo ao redor. Como se não percebesse uma mulher bonita que passa ao lado. Homem que olha bunda quando passamos demonstra necessidade, e isso é desanimador.
Maio: Barba por fazer, como se a vaidade fosse algo desconhecido para ele. Cabelo meio sem corte, calça velha. Sapato sujo. Abaixo os metrossexuais!
Junho: Voz masculina é importante. Uma fala moncórdia e fingindo tédio quando fala coisas atraentes, como se estivesse falando a coisa mais banal do mundo. Odeio homem que sussurra tentando ser galã.
Julho: No frio o importante é uma pele quente. Homem com pé frio, mãos geladas, não esquenta.
Agosto: Não pode ser drogado e nem alcoólatra, mas um pouco de transgressão dá um charme. Uma cervejinha depois do futebol, um cigarrinho (já disse isso? disse.), uma cachacinha do fim da tarde. É fofo. Homem natureba, que não bebe, não come porcaria, coloca a saúde em primeiro lugar, não dá.
Setembro: Seriedade, por favor. Não pode ser muito engraçado nem palhaço. Caras divertidinhos não tem sex apeal.
Outubro: Mas tem que ser inteligente. Não necessariamente culto. Homem inteligente é bom demais, mesmo que ele não saiba lá muita coisa do mundo. Pode entender só de boi, de motor, de ginástica, de barco. Tá valendo.
Novembro: Tem que ter um certo grau de agressividade. Tipo, desligar o telefone na cara se você começa a dar chilique de ciúmes, ficar bravo se damos o bolo num encontro, se irritar com TPM. Homens tolerantes e compreensivos não tem atrativos.
Dezembro: Por fim...tem que dançar. Não música de boate, funk, rock... nada disso. Dançar colado, ter ginga e pegada. Saber os mistérios da arte de conduzir uma dama . (este último ítem é praticamente um presente de Papai Noel!!!)


Será que é querer demais? Acho que não.
É fácil, tranquilo!
Mas ó, tem que ter tudo junto todos os meses, entenderam?
De preferência todos os dias.
Senão...

. "Na manhã seguinte, não conte até vinte: te afasta de mim.
Pois já não vales nada, és página virada.
Descartada do meu folhetim" (Chico Buarque)


Brincadeirinha!!
Temos a enorme capacidade de amar novidades. Parceiros fora do nosso padrão tolo e raso. E os homens também não amam só peito e bunda. Hoje fiquei sabendo que mulheres inteligentes são atraentes.
Ufa... ainda bem.

domingo, 29 de maio de 2011

"Calma, Beto, calma! Assim você me machuca..."

Quando eu era pequenininha minha professora de natação tinha tanta pena de mim que, quando meu lábio começava a ficar roxo, ela me enrolava na toalha e me punha no colo.

-Tadinha da Claudinha.
E quando tinha competição eu ganhava medalha de ouro mesmo se chegasse por último. Porque, né...
-Tadinha da Claudinha.


Na faculdade fiz 4 anos de natação. No inverno de Ribeirão Preto a professora ficava com dó e dizia que a gente não precisava entrar na piscina. E o inverno de Ribeirão Preto é ridículo!
Um dia ela decidiu nos ensinar o nado borboleta. Eu tentava, mas não conseguia acertar o movimento. Ela então disse que eu não precisava aprender. Borboleta não era importante.
-Tadinha da Claudinha que não aprende direito.

Depois fiz natação com uma mocinha maternal. Ela estava defendendo um mestrado sobre a água da piscina representar o útero. Defendia a idéia de que a fobia das pessoas de mergulharem na água ter algo a ver com traumas de nascimento. Bom, resumindo, era uma fofa. Se eu cansava ela dizia:
-Respira, Claudinha, respeite o seu ritmo. Não se force.


-Fique quietinha no útero, Claudinha.

Aí, em São Paulo, fiz aula com uma mulher bacana. Me dava um chocolate se seu conseguisse evoluir na técnica. Saia de lá feliz da vida, me sentindo um cachorrinho sendo amestrado.

-Um chocolatinho para a Claudinha que nadou Borboletinha!!
Não sei se foi pelo chocolate, mas com ela eu finalmente consegui aprender a maldita borboleta. Mas só nadava se tinha chocolate no fim da aula, hahaha.

Bom, tudo ia bem até que, quando eu tinha 26 anos, mudei de academia e apareceu o Beto na minha vida.
Rapaz ainda, mais novo do que eu, mas era um professor que levava o esporte a sério e não gostava de brincadeira.
Prá piorar me matriculei num horário que só tinha homem que treinava para competição. Só atleta. Nadadores fortes, costas largas, altos e... bom, perfeitos.
Logo na primeira aula, Beto acabou com a minha mão de dançarina de flamenco. De tanto fazer aula de dança, meu punho automaticamente girava e meus dedinhos se retorciam durante a braçada. Beto ficou bravo:
-Que viadagem é essa, Claudinha? Mão espalmada, por favor.

Um dia Beto reclamou do meu maiô:
-Aqui não é Copacabana. Arranja um maiô que não seja cavado.
-Sim, Beto. Desculpa, Beto.

Quando eu parava para respirar ele gritava:
-Não pára não. Quero ver você diminuir 8 segundos, no mínimo, nesse seu Medley.
E eu voltava a nadar toda esbaforida, sentindo que ia morrer no meio da piscina.

Beto me inscrevia em travessias em mar aberto. Me punha com o maiô da academia para eu competir pelo time (eu???? justo eu?). Ficava com o cronômetro na mão e fazia tabela dos meus tempos.
Súper dedicado e sem uma gota de compaixão.

Um dia fui deixar o carro com o manobrista da academia e o rapaz do estacionamento perguntou:
-Perdeu a sua aliança?
Hã???? Achei a pergunta surreal.
-Não- falei sem graça - é que eu me separei... do meu marido.
-Ah.- respondeu ele com cara de tédio.
Cheguei na piscina comentando o assunto. Como pode alguém que me vê 12 segundos por dia perceber que eu estou sem uma aliança? E o Beto tinha a resposta:
-Claudia, todo homem que olha para uma mulher madura repara na mão esquerda dela.
Os meus colegas atletas cairam na risada:
-Beto, você A-CA-BOU de dar um fora!! Sacanagem dizer que a Claudinha é "madura". Coitada! Foi péssimo!!!
E ele, sério:
-Por quê? Falei alguma bobagem?? Por acaso ela é uma garotinha?

Não Beto, você tem razão.
Não sou mais uma garotinha. Não tenho que ser pega no colo, não tenho que ser poupada de críticas, não tenho que ficar descansando se estiver exausta e nunca mais precisarei ganhar chocolate de recompensa por meus méritos.

Sou uma mulher adulta e já estava mais do que na hora de eu ser tratada como tal. Sem frescura.

E é incrível como superar nossos limites físicos nos ajuda a superar também os psicológicos. Nuno Cobra (guru, treinador do Ayrton Senna, autor do ótimo livro: "A Semente da Vitória") estava certíssimo! Quando o nosso corpo diz que a gente é capaz a alma acredita e a coisa se torna uma verdade.

Um dia o Beto foi embora. Eu, então, saí da academia.
Perdeu a graça.
Nunca na vida niguém mais acreditou no meu potencial físico como ele.
E hoje eu entendo que precisamos de "Betos" assim na vida. A famosa função paterna que os Junguianos tanto falam. Enquanto a função materna de pega no colo se você cai e chora, a função paterna diz:
-Levanta agora! Chega de frescura.
Parece que estão te maltratando, mas no fundo, no fundo, ela te quer bem. A função paterna te diz nas entrelinhas:
-Eu confio no seu potencial. Sei que você consegue e vai dar conta do recado.

Uma delícia ter alguém que acredita nisso.
Mesmo que seja um brutamontes, sargentão, que não vê encanto nenhum no seu maiô que insiste em entrar no bumbum.

E a borboleta criou asas de verdade... sem frescura.
Esta semana eu decidi ressucitar seus ensinamentos e parar de treinar sem meta, só por um reles prazer ou para dizer aos outros que faço algum esporte.
Nada disso!!!
Voltei a exigir do meu corpo. Voltei a insistir em superar meus tempos mesmo com a piscina ultra gelada e o coração batendo dentro do cérebro.
Hahahaha, sabe quando você fica com o dedinho procurando a veia no pescoço para medir sua pulsação? Pois é. Sabemos que estamos realmente cansados quando não precisamos nos dar este trabalho. O coração bate no corpo todo e não há como perder a conta de suas batidas.

Bom demais...

sábado, 28 de maio de 2011

Quebrando ovos... e não fazendo omelete nenhum.

Estou há 2 dias pisando em ovos aqui no blog.
Passei este tempo todo fazendo uma argumentação pessoal (tentando fugir o máximo possível do senso comum) sobre a minha defesa do aborto legalizado. Com um posicionamento psicológico sobre a necessidade egóica de nos sentirmos desejados pelos nossas pais. Blá, blá, blá...
Ficou um post ótimo, cheio de fotos estratégicas. Nada engraçado para não banalizar o assunto, mas também nada sério demais para não torná-lo dramático.
Ao ponto.

Hoje cedo fui postar e... apaguei. De propósito.
Seria uma grande bobagem.
Aborto no Brasil segue a seguinte regra: "Quem quiser fazer (e tiver dinheiro) faz. Quem não quiser, tenha os filhos e arranja a melhor forma de amá-los e sustentá-los".
Ou melhor ainda: "Quem tiver preparo emocional para saber que deixou de conhecer um filho que poderia ter a sua cara, faz. Quem achar que vai ficar para o resto da vida sofrendo por causa disso, não faz."
Finito.

É uma questão de escolha, como tudo na vida. Talvez uma escolha bem mais difícil do que uma pizza do cardápio, mas é apenas mais uma escolha... com prós e contras.
Com drama, com lágrimas, sofrimento, mas também com alívio, liberdade e com chance de recomeço.

Mas não vale a pena ficar esmiuçando o assunto porque nunca irão legalizá-lo. Porque a cada dia tem mais evangélico adentrando os ralos da política, porque um simples manual de conscientização da homofobia já gera um escarcéu sem fim.
64% das mulheres que fazem aborto no Brasil são católicas. 25% evangélicas. E fazem mesmo assim. A religião não impede o desejo de fazer um aborto, mas determina as regras para regê-lo.

Então eu ia ocupar meu rico espacinho do blog para nada.

E além de tudo eu corria o risco de receber um monte de comentários de gente que não concorda e me intimaria para responder questões tolas do tipo: "Você não acha que a vida é sagrada?"

Todos os dias jogo no lixo sementes de frutas que poderiam virar lindas árvores. Meu sogro não. Meu sogro acha que a vida é sagrada. Quando vem nos visitar joga tudo no quintal para dar chance à natureza.
Por causa dele, no meu canteiro de flores existem hoje 18 mangueiras que já atingiram dois palmos de altura.
Não desejo 18 mangueiras aqui em casa. Vão me atrapalhar.
Não sei o que fazer com as minhas mangueiras.

Meu sogro e meu avô são terroristas verdes.
Plantam árvores em todo lugar e prejudicam a vida do povo.

Bom, todos os dias casais que participam de programas de inseminação artificial fertilizam dezenas de embriões. Eles não querem todos. Eles não desejam 14 filhos na casa deles. Vão atrapalhá-los.
Não sabem o que fazer com os seus embriões.

Ninguém pode jogá-los no lixo. Ninguém pode doá-los para pesquisas. Então eles ficam lá, gastando a energia elétrica do freezer.

A ética não acompanha a evolução dos dilemas da medicina.
Isso é óbvio.
Mas o problema é que os pacientes com doenças neuro-degenerativas não podem esperar a ética liberar os benefícios da célula tronco embrionárias. Não podemos fazer um aborto, mas devemos assistir nossos filhos  padecerem de mielopatias tristes, cada dia perdendo um movimento até a morte precoce.

As pesquisas não podem esperar. Tem muita coisa bacana sendo descoberta e precisando ser colocada em prática.

Da mesma forma, a legalização do aborto não pode esperar. Não podemos continuar aumentando a população com crianças muitas vezes não desejadas, não amadas e não cuidadas. Sou a favor do aborto justamente por gostar demais das crianças e querer o melhor para elas. Nascer sem ser desejado aumenta em muito o sofrimento psíquico mundial. E aumenta também os gastos públicos com creches período integral, instituições para crianças abandonadas e com presídios para delinquentes que podiam ser evitados (ui... peguei pesado!).
Ok: 7 em cada 10 presos brasileiros não tem o nome do pai na certidão de nascimento. Concluam vocês a moral da história.

Bom, como diria Cazuza: "O tempo não pára". A vida tem urgência e os acordos nas comissões de ética são demasiadamente democráticos. Cheios de vozes, na maioria das vezes em sentidos contrários.

Mas dane-se a polêmica do aborto!!! Dane-se os ovos!!!
O aborto legalizado não precisa da minha ajuda porque já deu um jeito de fazer "justiça com as próprias mãos". Fazemos vista grossa às clinicas de aborto porque, no fundo no fundo, sabemos que elas são necessárias.

Mas os doentes que precisam de pesquisa não podem roubar os embriões congelados e fazer pesquisa com as próprias mãos. 

Ou seja: Quem precisa do aborto consegue se virar, mas quem precisa de pesquisa médica envolvendo temas polêmicos, não consegue.

Quando me disseram que eu tinha esclerose múltipla contaram que o remédio que eu tomaria poderia retardar a evolução drástica da doença por 20 anos (sim, porque a doença evolui mesmo com medicação).
-E depois? - eu perguntei
-Depois já vai haver células tronco que darão conta do recado. Não se preocupe.

Duvido.
A religião acha que pode interferir no meu futuro. Justo eu, que nem acredito nela!!!!!
BEEEM mais fácil fazer um aborto.
E, por isso, meu post foi para o lixo. Era desnecessário.

E quer saber? Que hipocrisia a minha achar que podemos matar embriões, entretanto, todos deviam se preocupar com a qualidade da minha vida ou dos garotinhos com síndrome de Duchenne.
O que tem a minha vida de tão especial? Só porque foi desejada pelo meu pai e a minha mãe? Só porque eu, depois de adulta, continuo desejando-a?
E desde quando o desejo comanda o mundo? Viramos hedonistas agora???
Bobagem!!!!
Dane-se os ovos, dane-se os óvulos, dane-se as pesquisas. Se a medicina curar a todos, do que vamos morrer afinal?

Hoje foi o meu dia: "cansei de ser divertida".
Hahahah, prometo melhorar no próximo.
Deixo agora a palavra ao meu amigo Obama, que é um pouco mais diplomático que eu:


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Detalhes

Tive, certa vez, um namorado sacana.
Ele gostava de perfume masculino e tinha uma coleção. Isso era início da década de 90 quando os importados fizeram a festa no Brasil.
Bom, ele era sacana porque todos os dias usava um perfume diferente e um dia confessou: "Faço isso porque, quando você terminar comigo, vai sentir meu cheiro todas as vezes que ficar com outro homem."
Espertão.
A profecia realmente se concretizou e a maldição dele funcionou. Todos os perfumes masculinos que haviam no mercado tinham o cheiro dele, deixando minha memória olfativa sem escolha.
É ou não é uma grande sacanagem?


Digo isso porque outro dia uma amiga minha me contou que não gosta de ler meu blog porque, depois, fica lembrando dele o tempo todo. Lembra quando compra Ovomaltine, lembra quando abre um Yakult, lembra quando vai para à praia e precisa limpar o pé de areia antes de entrar no carro, lembra quando dorme de conchinha com o marido, lembra quando percebe que a descarga ecológica não funciona... hahaha, uma praga!

À esta amiga, o "Brasilicus" mandou dizer que, tal qual o maníaco do Azarrô, ele também faz isso propositalmente.
Fala sobre tudo que existe no mundo para que os leitores tropecem nos assuntos do blog pela rua, no supermercado, na sala da terapeuta e na hora do sexo. Tudo friamente calculado para que ninguém nunca se esqueça dele.
(inseguro o pobrezinho...)
E ele ainda mandou a seguinte música para ela:

Detalhes

"Rose" se olhando no espelho e lembrando
do post "Guns & Roses"
Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida eu vou viver...

Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes prá esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver...

Se um outro blog lindo e chique aparecer
Na sua vida
E isto lhe trouxer saudades minhas
A culpa é sua...

Um caminhão raspando na garagem
A calça desbotada da loja agropecuária
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que um outros blogs também fazem sucesso
No seu micro
Palavras interessantes e bonitas
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha tanto humor
E até os erros de digitação ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...



Outro amigo me disse ontem que fica com raiva porque, quando lê o blog, se pergunta por quê foi que ele não pensou naquilo antes. Por quê não conseguiu concluir sozinho que os ralos de pia com um pino no meio não funcionam? Por quê não percebeu que as cerejas não tem gosto de remédio, são os remédios que tem gosto de cereja? Como?????

A este amigo eu respondo: é porque moro numa cidade pacata, tenho uma vida tranquila e posso me dar ao luxo de filosofar sobre os assuntos do nosso dia-a-dia. Faço isso para não enlouquecer. Uma maneira de manter minha mente sã e minha consciência tranquila ao alertar as pessoas ocupadas para os perigos dos ralos com pinos.
É um serviço de utilidade pública! Hahahah...

Uma amiga querida me escreveu dizendo que Montaigne também fez isso. Se isolou do mundo e ficou só escrevendo sobre tudo o que lhe vinha à mente, inaugurando uma coisa bacana chamada ensaio pessoal. Ele não procurava respostas, apenas lançava perguntas e descrevia suas teorias sobre a coisa. Um de seus ensaios fala, por exemplo, sobre a utilidade do polegar.
Sou, portanto, uma discípula de Montaigne. Uhhhhh....
Me sinto muito importante assim.
Vou começar treinar:

UTILIDADES PARA O POLEGAR


Aumentar as apostas na rinha de dedo

Sofrer L.E.R. no Playsation



Dizer para o tio que a Fada do Dente existe mesmo

Embelezar o mundo com bom gosto e cores vivas 


 
Enlouquecer as meninas a ponto do vocalista ter desejo de engolir pilhas


Nossa, este post tem fotos tão feias que me deixou com dor no senso estético.
Vou dar uma olhada no meu programa 3D do teto da Capela Sistina prá ver se passa.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Uma cereja para a minha banana.

Ontem meu filho não quis a cereja da banana-split. Eu estava me sentindo a mãe mais especial do mundo ressuscitando aqui em casa um clássico dos anos 50 quando... o pequeno negou a cereja. Dispensou o objeto principal da decoração. Ignorou o ícone das lanchonetes Art Déco.
E eu tinha comprado a cereja SÓ para enfeitar a taça. (óbvio, por qual outra razão alguém compra um vidro de cerejas?)
- Não gosto de cereja. - disse ele - Cereja tem gosto de remédio.

Sacanagem.
Cereja não tem gosto de remédio! É o remédio que tem gosto de cereja!!!! A Novalgina e o Tylenol infantil se acharam no direito de roubar o sabor da cerejinha e marcá-lo para o resto da vida como sendo o "gosto do remédio da minha infância".

E quer saber? Para mim essa coisa de minimizar os problemas da infância deixando os remédios com gosto bom não ajuda em nada os pequenos a compreenderem as adversidades da vida. A moda de amortecer os problemas e tornar tudo fofo e cor-de-rosa deixa as crianças despreparadas e mal acostumadas.
Eles, definitivamente, precisam com urgência saber o que é bom prá tosse!!!

"La vie n`est pas rose"
(PS: esse quadro do palhaço chorando é o fim da picada. Cafona!!!!)

Remédio tem que ter gosto de remédio: ruim, amargoso e traumático. Para as crianças nunca mais quererem ficar doentes e nunca mais se meterem a besta de tomar um vidro de remédio escondido dos pais. A cada 3 horas uma criança se intoxica com medicamentos dentro de casa. Tudo culpa do remedinho doce. Você beberia no gargalo um vidro inteiro de Óleo de Fígado de Bacalhau? Você entornaria uma garrafinha de Biotônico Fontoura? Não, né? Mas tem remédios que são tão gostosos que até eu já me peguei lambendo a colherinha depois de dar para a molecada. Chupando o resto do copinho de dosagem.
Atire a primeira pedra a mãe que nunca fez isso!

Mulher Cereja 
A cereja poderia processar os laboratórios por danos morais e materiais.
Claro! Imagina o tanto de cerejas que deixarão de ser compradas porque a indústria farmacêutica se achou no direito de destruir a reputação da coitada. Jogou na sarjeta um sabor que a natureza demorou anos para aprimorar. Quanta petulância! E aí, prá piorar, veio a Mulher Cereja e esculhambou de vez com a fama da frutinha vermelha.






Mas o mais triste é saber que minhas crianças nunca conhecerão a união perfeita entre uma cereja e um chocolate. Nunca saberão a delícia que sentimos ao perceber que...


...dentro do bombom há um licor a mais.


Bom, mas eu só estou contando essa história porque homens tolos dizem que umas conhecidas minhas são mulheres muito afetadas. Dizem que, por isso, elas parecem... gays.
Não!!!!!!!!! As mulheres não parecem gays, os gays é que parecem mulheres!!! Vemos aqui, novamente, a mesma injustiça. Agora não podemos ser afetadas, gesticular, sermos peruas porque vamos parecer gays????
Ah, me poupe.
Esses gays é que deviam criar um estilo próprio ao invés de roubar nossos trejeitos tão fofos e femininos.

Homens: deixem as mulheres serem afetadas, caramba. Se a coisa continuar assim eu vou ter que chamar a minha amiga Mulher Cereja, que já destruiu a reputação da fruta, para ela começar também a danificar a imagem masculina:

"Passei a vida inteira tentando não ser descuidado. Mulheres e crianças podem ser descuidadas, homens não."
(Don Vito Corleone)
Mulheres podem ser descuidadas. E escandalosas, afetadas e peruíssimas!!!
Entenderam?

terça-feira, 24 de maio de 2011

A liberdade não é tão azul.

-Aí galera, que tal amanhã a gente tentar fazer um círculo?
-Cala a boca e voa, transgressor!
Acho gozado esse povo que fala que gostaria de ser "livre como um pássaro". Ouvi isso esta semana.

Pássaros não são livres. Pássaros são totalmente presos ao sistema que a natureza criou para eles: migram quando devem  migrar, escolhem parceiras quando precisam escolher, possuem a mesma dieta e constroem os ninhos da mesmíssima forma... por toda a vida.
Pássaros não podem dizer: "Quer saber? Não quero fazer a dança do acasalamento para as fêmeas. Eu gosto é de pássaros machos. São bem mais bonitos (vide post: "Vai ter que rebolar")." Pássaros não podem anunciar para a família: "Eu e minha esposa não queremos ter filhotes gritando a abrindo o bico prá cima de nós. Vamos construir um ninho grandão e ficaremos só nós dois, catanto piolho um no outro e cantando nossas musiquinhas."


-Hoje é o chafariz, amanhã faremos o coração, ok?
Livres somos nós que podemos escolher o que comer, onde trabalhar, como construir nossa casa, como criar nossos filhos.
Livres somos nós que podemos ser homo, bi, trans, hétero... e podemos exigir respeito por isso.
Livres somos nós que podemos comer só proteínas, só alimentos crús ou só junk food pelo resto da vida.





E que saber? Ando detestando a liberdade!!

Nem vegetariano a gente pode ser em paz sem termos que arcar com as consequências de nossas escolhas:

Angelina Jolie revelou que já foi vegetariana. Segundo o site "The Improper", a atriz falou sobre sua experiência com dietas diferentes, tentativas de emagrecer e sua atual dieta à base de... carne vermelha.
"Eu brinco que um grande e suculento bife é meu segredo de beleza", declarou a estrela. "Mas falando sério, eu amo carne vermelha. Fui vegetariana por um longo tempo, e isso quase me matou. Eu descobri que não estava obtendo nutrientes suficientes."

Sabe que eu também conheço muito vegetariano que melhorou drasticamente depois que voltou a comer carne?

Bom, se escolhemos construir nossa casa de um jeito inovador temos que arcar com problemas de fundação e infiltração. Se escolhemos trabalhar temos que lidar com crianças criadas por babás. Se escolhemos ficar em casa com as crianças temos que arcar com marido e sociedade dizendo que você não trabalha.

Nem uma reles pizza num cardápio eu sou capaz e escolher sem dúvidas e arrependimentos. Imagina o meu futuro? Imagina o futuro dos meus filhos???

Não quero mais ser livre. Quero regras superiores me dizendo com quem devo casar, quantos filhos posso ter, em qual área trabalharei, como deve ser a minha casa e qual será a minha dieta.
Em outras palavras... quero ser comunista. Definitivamente cansei de ser livre. 
 

-Levanta a mão aí quem está satisfeito com a vida sem escolha que o Titio Stalin criou para vocês!!!

Antigamente a raça humana era mais apegada às tradições e tudo era bem mais simples. As mulheres ficavam em casa e os homens sustentavam a família. As crianças não tinham voz ativa e os homens eram uma raça superior.
Mas aí estragaram tudo dizendo que mulher tem direito ao voto, que os homens precisam de ajuda e, pior, inventaram a Psicologia Infantil que diz que devemos ouvir nossos filhos!!!!!!
Bah!
Quem foram os idiotas que enfrentaram os delicados moldes que a natureza tão cuidadosamente criou para nós? Quem foram as loucas que queimaram sutiãs em praça pública e disseram que as mulheres podem isso e podem aquilo? Tenho muitas amigas que dizem: "Ai, queria tanto poder ficar em casa só cuidando das crianças e fazendo almoço!". Mas não podem, coitaas.

Pelé disse, no fim do regime militar, que os brasileiros não estavam preparados para a democracia. Pelé estava certo. E, prá piorar, o voto é obrigatório e as urnas elegem imbecis.

Eu, hoje, digo que os seres humanos não estão preparados para a liberdade de escolha. As inúmeras escolhas da vida andam deixando todo mundo tenso e angustiado.
O samba tinha razão quando disse:

"Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós.
E que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz." 

Voz da IGUALDADE, entenderam? Casas iguais, roupas iguais, salários iguais, comidas iguais, casamentos iguais, filhos criados iguais.
Sem drama, sem culpa, sem comparações.
Abaixo a Liberdade!!!!!!!!!!!
  

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Bizarrices aqui no Blog

Existem várias maneiras de se chegar ao Brasilicus e nos batidores do blog podemos ver as origens dos acessos. A grande maioria chega através do Facebook e divulgações no Orkut (de alguém que não sou eu). Muitos entram pelo Google (pois já devem ter o blog entre os favoritos) e alguns chegam até aqui através da divulgação que existe em sites e outros blogs, a maioria deles de gente que não conheço.
Bacana! Obrigada pelo prestígio.

Porém, algumas pessoas chegam ao meu bloguinho porque vão ao Google fazer pesquisa e acabam atracando aqui. E essas pesquisas são das mais engraçadas. Aqui vão as deste mês:
  • danae nua
  • vera fischer pelada
  • vera fischer faz jocasta
  • caillou câncer
  • filhos de caetano
  • nua
  • um anjo na minha vida
  • ...que es esperolongo
  • ana paula arósio abandonou a carreira de atriz
  • ana paula arósio hoje
  • ana paula arósio
  • ana paula arósio engordou
  • hobbies legais
  • lindas mulheres gregas

Legal, né? Todas elas (com exceção do "esperolongo") fazem sentido desembocarem no blog porque, realmente, todos estes assuntos existem mesmo por aqui. Mas, há uma pesquisa que foi feita neste final de semana que me deixou extremamente curiosa:

  • fiz sexo com uma ave


Quê?????? Como que uma pesquisa dessa chega aqui? Como???? Nunca falei sobre isso!

Não resisti: fui ao Google e digitei "fiz sexo com uma ave" na barra de buscas e.... o MEU BLOG estava em primeiro lugar das referências!! Tudo por culpa da uma leitora que falou em fazer sexo em cima da árvore. Ai Inaiê, você me fez entrar no topo da lista em matéria de bizarrice sexuais! E o maluco do Google já fez as associações: árvore, galho, ninho, passarinho, ave!
ÓBVIO!!!!!!
E agora eu sou a referência preferida dos tarados por galinhas.

A Origem do Ovo de Páscoa

Por isso, deixo aqui um recadinho aos meus amigos:

"Ave não tem vagina. Ave tem... cloaca! 
Ao se fazer sexo com uma ave corre-se o risco de estourar um ovo, de se sujar com aquele cocô cinza e de ser bicado e sair bastante machucado da experiência. Ave é o cúmulo do absurdo e, por isso, vocês são mesmo uns pervertidos!!!"


Uma conhecida da minha família tinha uma filha veterinária, especialista em aves e levava para a casa da mãe várias aves machucadas e desnutridas para elas se recuperarem. O quintal era um mini hospital de aves abandonadas. Um dia chegou até lá uma arara vermelha que tinha sido estuprada! Estava ferida e traumatizada.
O bicho se recuperou, felizmente, mas nunca mais deixou um homem se aproximar dela. Tadinha, ficou com fobia de homem.
Agora eu pergunto: quem poderia ter algum tipo de atração sexual por isso?


que teve a primeira experiência sexual num Baile Tropical e desenvolveu uma tara pela decoração do local? Alguém fissurado pelas madrinhas da bateria?




Não sei, mas uma coisa é certa: o cara deve ser bem estranho...


... e seus filmes eróticos devem ser bastante peculiares.
 
Ai que perigo!


domingo, 22 de maio de 2011

10 coisas que eu odeio

  • Lavar tupperware sujo de molho de tomate. Aliás escrever "tupperware" também é detestável. Tive que olhar no Google, hahaha. E nem é tupperware. Não tenho nenhum tupperware original desde que eles viraram grife e se acham no direito de cobrar 80 reais por um pote com tampa. Bom, o plástico absorve o vermelho do molho de tomate e a coisa se torna perene. Um inferno. Conheço um cara que simplesmente não deixa nada de plástico entrar na sua cozinha. Proibido. Eu também poderia fazer isso, mas as tigelinhas de inox não vão ao microondas e aí temos um outro problema...

  • Odeio quando ando pela casa de noite, no escuro, e chuto sem querer chinelos para debaixo da cama. Faço isso sempre no meu próprio quarto e todos os dias no quarto dos meninos quando vou cobrí-los a noite. Me irrito profundamente quando, de manhã, tenho que agachar para catar pantufas e chinelinhos embaixo das camas, principalmente porque, nessas horas, sempre percebo como o chão está empoeirado. Me dou conta, então, que não posso deixar a limpeza da casa exclusivamente para a faxineira. Começo o dia já me sentindo um lixo por não conseguir passar um pano úmido na casa.

  • Meus filhos são pequenos, mas fazem cocôs enormes. Um mistério da natureza! Como é que alguém que se alimenta exclusivamente de água gelada e 3 biscoitos recheados por dia consegue quadruplicar o volume digerido? Bom, escatologias à parte, odeio quando vou com eles num banheiro público e o cocô não vai embora com a descarga. Eu sei que poderia simplesmente relaxar e voltar para a mesa do restaurante, mas não fico em paz sabendo que estou prejudicando o banheiro alheio. Volto ao banheiro para dar descargas até o problema se resolver... um saco. Acaba com o meu almoço. Odeio descargas ecológicas que economizam água mas não resolvem o que se propõem a fazer.
  • Odeio quando coisas derramam na geladeira. O líquido infiltra em canais misteriosos e secretos e nunca mais conseguimos limpá-la devidamente. Precisamos abrir a porta da geladeira ao máximo, tirar as prateleiras e tudo o que está por cima delas. Aí vemos coisas esquecidas, comidas velhas, ketchup vencido, e temos que criar vergonha na cara e arrumar TUDO!!! Quando se tem filhos pequenos as coisas derramam mais constantemente porque sempre tem um resto de suco, de iogurte, de sopa, que eu acho que algum dia alguém vai tomar e não custa nada deixar na geladeira com um "magipac" por cima. Bah... e é justamente isso que sempre entorna.

  • Odeio quando chego às 7 horas da manhã na escola e meu filho está sem mochila. Saímos correndo de casa e chego segundos antes do portão fechar. É nessa hora que ele olha para mim e diz: "Ih mãe, esqueci a mochila.". Já aconteceu muitas vezes. Eu brigo dizendo que a culpa é dele (ele deveria ser responsável pelo material escolar) mas, intimamente, sei que a culpa é minha já que ele tem apenas 5 anos e está mais preocupado em verificar se o seu topete está perfeitamente espetado do que se o caderno e mochila estão em ordem. Sou uma péssima mãe. Um dia vou esquecê-lo na escola com mochila e tudo. Sei disso.

  • Odeio receber emails que demoram horas para baixar. Minha internet é por rádio e ninguém tem pena de mim. Já expliquei educadamente isso para muita gente, mas não obtive resposta satisfatória. Anexos esdrúxulos, vídeos fofos, orações, cuidados que devemos ter com a bolsa, com o carro, com os assaltantes, alerta de um vírus novo (sempre raro e intratável) frases de parachoques de caminhão, textos do Rubem  Alves, Veríssimo, Cecília Meireles com fotos cafonas e frases que surgem em efeito cascata. Odeio.

  • Odeio quando o ralinho da pia entope de comida e a água começa a subir. A gente tem, então, que realizar uma operação delicada: tira o ralo, tampa a pia com uma mão, esvazia a peneirinha do ralo na lixeira com a outra mão e devolve o ralo à pia. Tudo rápído, sujo e estressante. As vezes temos que fazer isso várias vezes... um saco! Comprei, então, outro ralinho japonês (hahaha, por quê japonês?) e me sinto muito espertona substituindo um pelo outro enquanto limpo calmamente o ralo no lixo com as duas mãos. Tenho um ralo step! Sou uma privilegiada!!! Ah, e o ralinho japonês tem que ser de plástico porque as peneirinhas de ferro furam em pouco tempo e aqueles com um pininho no meio NUNCA funcionam!

Ralo de plástico: sempre é vendido acompanhado de um abridor de garrafa que entorta quando usamos ou com um desentupidor de fogão (quem usa aquilo?), mas é ótimo.

  • Odeio nadar gripada e ter que sair da piscina a toda hora para assoar o nariz. Sei que tem muita gente que não se preocupa com isso, mas eu não suporto a ideia de ver uma nuvem catarro boiando na água, mesmo que seja meu. E é incrível como melhoramos da gripe depois de nadarmos!! Mesmo em piscina gelada e vento cortante até o caminho do vestiário. Por isso, vale o esforço.

-Ah, pode deixar que eu tiro o seu cisco.
  • Odeio ajudar os outros a tirar cisco do olho. Sabe quando uma pessoa pede: "Sopra para mim um cisco que caiu no meu olho?" ODEIO!!! Não consigo olhar o interior de um olho. É demais para mim. E se tiver mesmo alguma coisa lá dentro me dá uma aflição tão grande que nem consigo ficar perto. E de que adianta soprar? Só encherei o cisco com os meus próprios vírus e bactérias. Semana passada estava cuidando do filho de uma amiga. Ele veio correndo, chorando: "Tia, tem alguma coisa no meu olho, tá doendo!!!". Eu logo gritei para o adulto mais próximo resolver o problema e saí de perto. Por isso, se forem deixar os filhos comigo, torçam para um cílio deles não escorregar lá para dentro.

  • E, por fim, odeio com ódio mortal carrapatos. Tenho uma história traumática com carrapatos. No primeiro ano da faculdade tive um surto de bichos dentro do meu olho. (Eu disse que odeio olhar dentro do olho? Disse, né.). Uma loucura! Colocaram lêndeas nos meus cílios e estavam morando nos meus dois olhos, passeando tranquilamente lá dentro enquanto eu tentava estudar as matérias básicas da Psicologia. Meu namorado descobriu e passsou uma tarde interia tirando-os com uma pinça. Carinhoso, morrendo de dó de mim. Ele era dentista e tinha uma mão firme e uma lupa enorme para facilitar o serviço.
Depois que terminou e eu já estava cansada de chorar por ficar horas sem piscar. Ele então colou um bichinho num durex e levou à biblioteca para pesquisar.
Descobriu que eram chatos.
Voltou bravo.
-Hã???????- eu disse- mas chatos só dão nos genitais, não é?
-Sim. - ele respondeu secamente.
-Mas como é que um chato, que mora lá embaixo poderia chegar perto do meu olho?
-Ah, Claudia, não se faça de desentendida.
Bateu a porta e foi embora bravo.
-Calma, amorzinho, falta só um filhote na pálpebra esquerda...
Nunca descobri como foi que uma família de chatos veio habitar meus olhos adolescentes, mas também nunca mais toquei no assunto com ele... para evitar imaginar a cena da imigração novamente.

Depois disso os aracnídeos me perseguem. Piolho de galinha durante boa parte da gravidez (eu tinha galinheiro na época e não podia usar veneno por estar grávida. O bicho é pequeno que nem uma purpurina, mas faz um estrago terível. Um inferno!), carrapatos todas as vezes que piso numa fazenda e... piolhos!
Um dia me disseram que cravo (desses que dão na pele) é um aracnídeo. Prefiro acreditar que é um mito. Não pode ser verdade mas, em todo caso, NUNCA mais quis saber deles...


Ai, ai, Caetaneei meu domingo!!!
Odeio esta música também. Não respeito uma música com mais de 1 minuto de introdução ruim e repetitiva.

E vocês? O que odeiam?



sábado, 21 de maio de 2011

Muita garagem para o seu caminhãozinho.

Ano passado dei um monte de palestras para adolescentes. E o assunto era sexo. Básico.
Ufa, pelo menos não era drogas. Ou bullying!
Ao pensar sobre o que falaria para a molecada, lembrei do professor bobão do Kevin Arnold ("Anos Incríveis") que desenha uma mulher quadrada e os órgãos reprodutores femininos parecendo uma vaca com chifres. Lembram? E os meninos, que estavam super entusiasmados com a aula de sexualidade, ficam desanimados e com sono, pbrezinhos.

Bom, mas é claro que as minhas palestras foram bem diferentes. Educativas, engraçadinhas e cheias de pimenta. Explicar os órgãos reprodutores é necessário e chover no molhado na história da camisinha nunca é demais. Entretanto, depois contei como sexo é uma coisa bacana e íntima. Falei do tesão, das zonas erógenas, da excitação evidente e, por vezes, vergonhosa dos homens e perguntei:
-E como é que sabemos quando uma mulher está excitada?
Silêncio.
Um garoto se atreveu a dar um palpite: bico do seio duro. Não, não, disse eu, pode ser apenas uma friagem.
A excitação masculina é que é dura. A feminina é mole e.... úmida.


A excitação feminina não é necessária para se manter uma relação sexual e, por isso, ninguém tá muito interessado em saber se a pobrezinha está preparada para receber o caminhãozinho na garagem. E aí é um tal de caminhão ralando o parachoque na coluna, os portões da entrada ficam tortos e difíceis de fechar, a altura máxima permitida não é respeitada e até o teto fica danificado. E depois o automóvel vai embora e a garagem fica toda estragada, suja e cheia de óleo. Arde depois para fazer xixi.

O ideal mesmo seria, antes de mais nada, conhecer o tamanho da garagem e do caminhão para ver se uma coisa cabe dentro da outra. Certa vez li um livro de uma dona de bordel que conhecia a medida da garagem de todas as moças da casa. Quando o cliente chegava, ela, então, avaliava o caminhão do rapaz e indicava a garagem certa para acomodá-lo. Cafetina perfeccionista, que encarava o sexo como uma ciência geométrica.

Bom, mas como não podemos ser assim tão exatos na vida real, as vezes devemos dar um jeitinho para que uma Scania caiba dentro de um reles puxadinho.

E é nessas horas que dependemos do piso escorregadio da garagem, das colunas flexíveis, do teto retrátil... e aí está a graça da excitação feminina. Acomodar com estilo e graça e fazer com que todos os caminhões se sintam devidamente guardados.
Sexo depende da excitação masculina para acontecer. Óbvio. Mas o sexo BOM depende da feminina, porque ela, sim, faz a diferença.

E os jovens adolescentes não tem a menor idéia disso!!! Como pode? Por quê não ensinam isso na escola, meu Deus?

Aí expliquei com todas as letras:
-Muito rapaz vai ter relação sexual com uma moça e não conseguem. A vagina está seca e fechada. Sabe o que eles fazem? Cospem na mão e molham a vulva da moça para dar uma lubrificada. Outros inventam um sexo oral fajuto e rapidinho só para serem mais elegantes, mas a intenção é a mesma. Cuspir numa vulva feminina é tão agressivo quanto elas amarrarem o seu pinto num palitinho de picolé só para ele ficar duro na marra. Hello!!!! Se a vagina tá seca e porque precisa de mais capricho ou então é melhor desistir e bater papo pelo resto da noite.

E a reação da galera era ótima!

Mas aí, no fim, veio a pergunta crucial de um rapazinho curioso: "E o que deixa uma mulher excitada?"
Outros rapazes tentaram responder: "Carro, moto, dinheiro...", e as meninas, em coro: "Nããããããooo!"
Então eu disse a elas: "Tá, então respondam vocês." e elas deram, também em coro, a melhor resposta de todas:

"Uma boa pegada!"

Resposta abstrata, mas totalmente compreensível.
Por isso, rapazes, caprichem na pegada ou vamos usar nossa garagem para algo mais útil.


Acharam a história do caminhão e da garagem pouco excitante?
Então leiam com atenção o que o rei escreveu sobre o caminhão:


CAMINHONEIRO
(Roberto Carlos)
(...)
Quando chove o limpador desliza
Vai e vem no parabrisa
E bate igual, meu coração
Doido pelo doce do seu beijo
Olho cheio de desejo
Seu retrato no painel
É no acostamento dos seus braços
Que eu desligo meu cansaço
E me abasteço desse mel.

  

Ok, depois dessa vou tomar um leite com mel para dormir melhor.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

My heart... must, should, will go on!!!!



Sabe aquela cena do Titanic onde o navio rachado começa a se inclinar e o povo desanda a escorregar rumo ao mar gelado? Aí Jack tem uma idéia brilhante: pula a grade da proa do navio e fica lá em cima, esperando ele afundar a exatos do 90° de inclinação.

Não lembram? Bom, não importa.
Este momento é dramático porque Rose vê uma moça ruiva com quem ela simpatizou durante a viagem e que está pendurada pedindo ajuda, olhando para o casal e lhes estendendo a mão. Jack olha para a namorada sacudindo a cabeça, como que dizendo: não ajude. Rose fica desesperada.
E a moça então cai.

Esta cena ilustra bem momentos da nossa vida em que: por mais que amemos os nossos próximos, por mais que cuidemos do bem estar comum, por mais que sejamos pessoas boas, não dá para ajudar a todos.
Infelizmente.

Existem pessoas, entretanto, que preferem dar a mão e afundar junto. É uma questão de escolha.

Mas, no meu entendimento, isso vai contra o processo de seleção natural cruel e injusto que a natureza criou para se manter perfeita. Ir contra ele é inaugurar algo novo, e não necessariamente benvindo.

Tem gente que cresceu numa família caótica. Todos mal, todos confusos, todos se debatendo e nunca acertando.
O filho então consegue se dar bem na vida, consegue construir um horizonte melhor... mas aí vem pai, mãe, irmãos, primos, todos tentando se aproveitar do sucesso alheio e acabam destruindo os planos do pobre rapaz.
Já acompanhei isso acontecer. Triste demais.

Por pior que seja, há momentos críticos de opção entre a vida e a morte em que temos que escolher pela nossa vida e desprezar a vida alheia.



Putz, ela bem que tentou...

É realmente triste quando vemos pessoas (ou cachorros) escorregando e, mesmo assim, termos que seguir em frente.

Na natureza o mais forte consegue se dar bem na disputa pela sobrevivência. Mas a raça humana inventou a culpa, que nos puxa para baixo e nos faz desistir.

E não falo só da luta pela sobrevivência. Nada precisa ser tão dramático! Pode ser uma simples luta pela paz.
Mãe cheia de neuroses, depressões, tentativas de suicídio, pai alcoolista, que não consegue parar de fazer dívidas, que fazem chantagem emocional e puxam para baixo todos os planos dos filhos sair do caos.
A questão é: como ser feliz sabendo que deixou pessoas queridas na tragédia?
E é este justamente o desafio.

E pode ser coisa corriqueira simples como uma amiga maluca que larga tudo para viver de um modo alternativo.
Já vi pessoas sumirem simplesmente porque optaram por outro rumo na vida. Escolheram abrir mão dos amigos e do passado para se meter numa nova história. E estes amigos a gente também não tem como segurar: passam escorregando ao nosso lado rumo a um futuro diferente.
E só nos resta desejar boa sorte.

Historinha ilustrativa
Certa vez estava voltando do Rio de Janeiro, de noite, num ônibus leito.
Na TV passava Titanic, uns 4 anos após o mega sucesso da bilheteria. E ônibus bateu EXATAMENTE no momento em que o iceberg fura o navio. Batida leve, mas o motorista avisou que íamos ter que ficar parados por um tempo.
Depois que o filme terminou me dei conta de que ainda estávamos parados (incrível como Jack me prende a atenção!). Resolvi descer para ver como andavam as coisas quando vi adolescentes chorando no acostamento da Dutra.
Nossa, a batida deve ter sido séria! E eu, frívola, assistindo TV!!!
Ajoelhei ao lado das garotas e perguntei, fazendo carinho no cabelo delas:
-Tá tudo bem?
Elas choravam tanto que não conseguiam responder. Mas a mãe de uma delas disse:
-Elas estão bem, não se preocupe. Estão chorando porque o mocinho morreu no filme.
Ahhhh...e eu preocupadíssima.
-Mas... vocês ainda não sabiam que ele morria no final?
-Eu sabia- respondeu uma delas- mas é TÃÃÃÃÃO triste!!!!!!!!


Sim, é realmente triste.
Mas no fim do filme Rose fala:



"E ele me salvou de todas as maneiras que um homem é capaz de salvar uma mulher."

E ela foi feliz por ele.
Viveu uma vida plena em homenagem a ele e valorizou cada segundo da sua existência.

Queria convencer todos os rapazes e moças que precisam se harmonizar na vida a fazerem o mesmo.
Encontrem o seu Jack interior que sacode a franjinha fofa e nos lembra que não devemos dar as mãos a todos os que precisam. Que nos pega pelo braço com força e leva a gente aos caminhos certos para a sobrevivência, que nos conquista com sua alegria de viver e que, no final, prioriza VOCÊ para ficar em cima da bóia e sobreviver.
E deixar tudo que lhes pesa ir para o fundo do mar. Por mais valioso que seja.
Triste, sim, mas vale cada segundo da vida que conquistarão.

PS: antes que digam que o filme é ridículo, eu queria dizer que, como psicóloga (hahaha, impus moral!) nunca vi uma história que trata tão bem do encontro com o ânimus. O rapaz hospedado no porão do navio (sombra), ela vivendo uma história glamourosa e sem sentido (persona), ele lhe salvando a vida e a existência (individuação) e a últimíssima cena o filme... é uma mandala!!!
Não deu? Ah, pena.
Ok.... meus amigos junguianos me entenderiam, hehe.