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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Oba, pode ambicionar a mulher do próximo!

Você acredita em maldade alheia atrapalhando magicamente a sua vida? Eu não, mas algumas pessoas insistem bastante para que eu acredite. Dizem que só assim poderei me proteger contra quem me quer mal.

Detesto essa coisa paranóica de achar que o mundo está conspirando para que sua vida esteja dando errado. Prefiro procurar razões práticas para que a zica esteja acontecendo (e em 100% das vezes elas existem). No máximo acredito no inconsciente pregando peças e botando armadilhas no caminho. Mais do que isso é loucura.
Na verdade eu não entendia muito sobre a maldade, mas outro dia li um texto no jornal que me deu uma noção básica do que é ser uma pessoa ruim. Falava da diferença entre ambição, cobiça e inveja. E a explicação era assim:


 
"Mais dois meses pedalando minha Ceci rosa e eu chego lá."
AMBIÇÃO - Quando alguém te admira e quer ser igual a você. Para isso vai batalhar para ter um namorado igual ao seu, um emprego igual ao seu, para ter um carro igual, fazer sucesso como você, etc. Não vejo nada de errado nisso. Bons exemplos incentivam a gente a correr atrás, estudar, fazer regime, mudar hábitos. Minhas empregadas sempre foram todas ambiciosas e adoro isso nelas. A atual é doida por um microondas igual ao meu. (mas...quem VIVE sem microondas?)







"Snif...de noite, no hotel, eu tento roubar umas 450 gr para mim."
 COBIÇA - Quando alguém quer ter o SEU namorado, o SEU carro, o SEU emprego. Aí a coisa começa a complicar. É um tal de gente querendo passar por cima de você no trabalho, difamando e inventando fofoca para pegar seu noivo, o povo roubando suas coisas na rua e dentro de casa. Uma loucura. Chato mesmo! Nunca sofri com a cobiça alheia, mas conheço muita gente que já.






"Nossa, esse porta alfinete em forma de bonequinho é bem legal"
INVEJA - Quando alguém fica feliz quando você perde o seu namorado, o seu carro, o seu emprego MESMO QUE A PESSOA NÃO SE BENEFICIE EM NADA COM ISSO! Sim, a boa e velha macumba, vudu, olho gordo, e nisso eu não acredito simplesmente porque acho que não funciona e, se não funciona, não me atinge. Fecho meu corpo para a inveja simplesmente negando sua existência.





E a minha filosofia de caminhoneiro de hoje é:
"Minha arma será a indiferença. E minha vingança, a minha felicidade."


Sim, eu disse ontem que fui na mãe de santo e que fiz uma cerimônia pedindo para Nanã me proteger, mas a verdade é que eu estava com Esclerose Múltipla e não estava sendo devidamente diagnosticada e nem medicada. Simples assim. E minha doença não tem nada a ver com a inveja alheia, mas sim com uma maluquice do meu corpo que inventou de comer meu Sistema Nervoso.
E isso sim me deixa com o sistema muito nervoso! haha!!

A experiência na Bahia foi bacana, conhecer os orixás foi bem interessante e a chuva em Salvador foi perfeita para me segurar lá mais um pouco. Mas foi só isso. É bom ter histórias para contar para os netos e é maravilhoso e acolhedor conhecer pessoas que desejam nos ajudar. Tenho a sorte de encontrar gente assim nos lugares e nas religiões mais incríveis.

Hoje continuo tomando minhas injeções e estou ótima. E já me disseram para fazer acupuntura que também pode ser muito bom para mim.
Agradeço a dica, mas, hum... acho melhor não! Injeções para o resto da vida MAIS agulhas da acupuntura fariam eu me sentir a "voodoo girl", personagem surreal das andanças de Tim Burton pelas HQs.

Acabou doutor?


domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Filha de Nanã

Uma vez um colega de trabalho, iniciado no candomblé, me chamou para conversar. Disse que eu precisava fazer algo urgente para me libertar de uma coisa horrível que fizeram contra mim. Segundo ele, a única cura seria ir até Salvador me consultar com a sua mãe espiritual.
Dei risada. Obviamente fora de cogitação.

Mas aí outras três pessoas (de outras religiões) vieram me falar EXATAMENTE a mesma coisa: existia um trabalho que precisava ser desfeito. E mais! Era um caso de vida ou morte! Se não era mentira, pelo menos estava sendo bem contado. Comecei a me preocupar. Além do mais, eu conseguia admitir que estava mesmo bastante doente.

Por coincidência, neste mesmo mês fui apresentar um trabalho em... Salvador! Peguei o endereço da "mãe" do meu colega e prometi dar um pulinho lá, se desse tempo.
O último dia do congresso estava chatíssimo, então dei uma fugida e fui procurar a tal mulher. Liguei para marcar uma hora e minhas amigas junguianas ficaram morrendo de inveja! Estávamos todas interessadíssimas no estudo dos orixás, e estar sendo aguardada em um terreno de candomblé era como ganhar na loteria.
Psicólogas, bah!

O endereço era "Ladeira da Poeira", lado pobre e decadente do Pelourinho. Peguei um taxi e fui. A velha era incrivel e muito interessante. Ela jogou búzios, me disse muitas verdades e também algo que eu nunca soube: que sou filha de Nanã, a deusa das águas barrentas, pantanosas, enlameadas. Velha sábia e séria, Nanã não aceita ser mãe de qualquer um. Sua presença é uma coisa rara, só para pessoas especiais. Uau! Que honra!
Ela confirmou que alguém realmente fez um trabalho para me ver morta (coisa light!) e que seria preciso que eu ficasse hospedada na casa da mãe de santo por mais dois dias!



Hahaha!!! No way! Tinha um avião para pegar às 8 da manhã do dia seguinte. Ela lamentou profundamente. Disse então que eu deveria deixar com a mãe de santo alguma peça de roupa para que o trabalho fosse feito na minha ausência. Não ia ficar tão bom, mas ela achava que daria conta do recado. E é aí que a coisa fica engraçada.
Eu estava usando saia na altura do joelho, blusinha regata (sem sutiã) e chinelo. Não pensei duas vezes: tirei a calcinha, usada e suada pelo calor de Salvador, e deixei lá no altar da velha e séria Nanã!!! Hahahaha! A mãe de santo, então, olhou respeitosamente para a calcinha e começou a cantar.

Depois da linda cerimônia feita com minha peça íntima, a senhora gritou para o rapaz que morava nos fundos :
 -Ô Jefferson, a menina precisa deixar a calcinha dela aqui, mas eu não tenho coragem de deixar ela ir embora deste jeito. Por favor, leve a moça de volta.

Entrei morrendo de vergonha no fusca laranja do Adônis de quase dois metros, mas ele respeitosamente cruzou a cidade em silêncio e me devolveu ao congresso.
Minha amiga estava doida de curiosidade.
-E aí? Como é que foi lá? Foi legal?
Respondi com um sorriso malicioso:
- Só tenho uma coisa para te dizer: voltei sem calcinha.

Ainda bem que minha calcinha era linda e nova. Ufa! Bem que minha avó sempre me disse: "Use sempre calcinha bonita, querida, a gente nunca sabe quando é que uma mãe de santo vai precisar dela para salvar a nossa vida."

Naquela noite choveu tanto, mas TANTO, que a cidade ficou debaixo d´água. Rios de lama e barro invadindo Salvador. Tudo culpa do meu batismo como filha de Nanã. Uma noite barrenta e absolutamente perfeita. De manhã cedo o aeroporto ainda estava às escuras, com tudo fora do ar e vôos atrasados.

Querido povo baiano, desculpa aí pelo incoveniente! É que Nanã leva tudo muito a sério...

O trabalho foi um sucesso e minha calcinha conseguiu me representar bem na minha ausência. A mãe de santo ligou algumas vezes para o meu amigo querendo saber notícias minhas. Uma fofa.

Mas hoje, depois de 8 anos, não quero mais ser filha de Nanã. Esta semana recebi a visita de mãinha e estou sufocada com sua presença em minha vida. Preciso com urgência me emancipar. Macaulay Culkin fez isso e eu também quero.
Por quê? Por tudo isso que me aconteceu nos últimos 4 dias:

  • A represa em frente ao nosso portão subiu tanto que está quase transbordando. 
  • O esgoto voltou e minha casa ficou um caos. Quebramos o chão, trocamos os canos recolhemos o esgoto com sacos plásticos... uma delícia. 
  • Coincidentemente a prefeitura decidiu quebrar todo o encanamento que fica embaixo do asfalto na rua, mas SÓ em frente de casa. E toda vez que saio nestes últimos dias eu atolo meu carro no buraco profundo e enlameado que eles deixaram aberto em frente à garagem. 
  • Ontem os canos de água misteriosamente estouraram no jardim (nada a ver com o esgoto) e fontes jorravam do chão de cimento. Quebramos tudo de novo. Mais barro, mais água para ser tirada. 
  • Misteriosamente centena de peixes mortos apareceram anteontem boiando em frente de casa. Avisei o órgão competente, eles vieram investigar e descobriram que SÓ na frente de casa isso aconteceu. Furnas inteira está livre do problema. Só os 20 metros de represa em frente a MINHA casa sofre da maldição.
  • E agora no almoço uma tempestade caiu e, além das 42 goteiras já familiares, uma lama marrom misteriosamente começou a brotar do piso da cozinha formando um lago e me impedindo de fazer almoço.


Por tudo isso, querida Nanã, não quero mais ser sua filha. Não sei se essa lama toda é carinho ou bronca. Nunca entendi muito bem a senhora. Não consigo saber se está furiosa ou querendo chegar pertinho para me beijar, mas a verdade é que estou cansada de sua umidade. Foi muito bom te conhecer na Ladeira da Poeira.
Poeira eu ainda aguento, mas lama não dá mais não.

E obrigada por tudo que fez por mim. "Saluba Nanã"



sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Princesa e o Plebeu

Shiloh e Zahara


Quando Angelina Jolie e Brad Pitt anunciaram a primeira gravidez, depois de já estarem com 3 filhos adotivos, o mundo ficou na expectativa. O casal mais bonito do mundo ia finalmente se unir para criar o fenótipo da garotinha mais linda de todas.

Shiloh nasceu e é realmente linda, mas não do jeito que o mundo queria. Ela simplesmente não quer ser uma garota!
Eu não gosto de rotular (ainda mais uma criança tão nova que eu não conheço) mas existe um enorme possibilidade de Shiloh ser transsexual, já que desde cedo ela não admite se vestir ou ser tratada como menina. Tudo bem para os pais. Eles tem um respeito incondicional pela decisão da criança em se vestir como um homem e já deram uma mega banana para a sociedade que queria uma princesinha e exigiu que eles tivessem mais voz ativa com a vestimenta da menina.

Por outro lado, Zahara, poucos meses mais velha que Shiloh, é uma princesa e gosta de se vestir como tal. E como todas as princesas ela também gosta de seus cabelos soltos, abundantes, e está deixando eles crescerem. Tudo bem para os pais. Eles tem um respeito incondicional pela decisão da filha em usar o cabelo natural: sem chapinha, sem apliques, sem continhas e sem elásticos (como as menininhas negras usam). Deram outra banana para a sociedade que se mobilizou dizendo que Angelina era "insensível à condição da mulher negra", "não conhece as dificuldades de um cabelo afro" e "precisa com urgência de alguém que a oriente em relação ao cabelo de Zahara."

Adoro essa história! É um enorme prazer assistir essas duas fofas crescerem sendo educadas e amadas por um casal tão inteligente, respeitoso e desprovido de qualquer grama de preconceito.

E sabe qual é a minha opinião sobre esse respeito incondicional? Que os pais já são TÃO bem resolvidos em suas vidas (tem beleza, dinheiro, fama, um casamento bacana, realizam seus sonhos de pilotar aviões e ter motos maravilhosas, conseguem melhorar o mundo com suas próprias atitudes) que não depositam absolutamente nenhuma expectativa nas costas de seus filhos. Eles não precisam afirmar nada ao mundo às custas das crianças.
Sabe aquela mãe feia que quer a todo custo que a filha seja uma mini Miss? Ou aquele pai que nunca realizou o sonho de tocar piano e matricula O FILHO na aula querendo que ele se torne um pianista? Minha mãe é professora de piano. Ela já viu essa historinha muitas vezes.

Portanto realize os SEUS sonhos, cuide da SUA beleza, viva sua vida do SEU jeito e deixe a molecada ter seu próprio estilo.

-Isso Zahara, mostra a língua prá esse povo. Se der problema eu trouxe a minha espada.


Eu e Angelina na Banheira

Eu e Angelina Jolie entramos juntas na mesma banheira e a água transbordou (óbvio!). E aí gritamos juntas: Eureka!

Não fiquem querendo também porque não é para qualquer um. A descoberta que nós fizemos só poderia estar acessível para quem tem filhos. Ela tem 6 e eu tenho 2. E só poderia estar visível para quem tem uma mente moderna, e isso nós sempre tivemos...hehe.

Senhora Pitt merece meus aplausos por várias coisas. Adoro a maneira como ela lida com inúmeros aspectos de sua vida, mas a nova briga de Angelina é para mim a melhor delas: batalhar contra o sistema de ensino arcaico num mundo tão informatizado. Seu discurso:

"Luto para descobrir um novo jeito de desenvolver coisas mais diretamente para nossas crianças. Considerando o montante de informação que temos a nossa disposição hoje, considerando a internet, o montante de livros disponíveis na internet ou em novas tecnologias, eu acho que deveria existir um novo método de explorar o ensino, mas infelizmente nosso sistema educacional ainda não acompanhou as mudanças geopolíticas e tecnológicas. No papel de mãe, é minha obrigação pensar um jeito de chacoalhar as coisas e fazer o ensino melhor."  (Revista Época)

E nós descobrimos isso juntas!
Só depois que os filhos entram na escola é que a gente percebe a discrepância enorme entre a educação e o mundo atual. E a piada é:

"Um homem foi congelado e dormiu por 200 anos. Quando acorda anda pelas ruas desorientado, sem reconhecer nada do que o cerca: carros, metrôs, edifícios, painéis de plasma, celulares, laptops, cidade movimentada. Sai correndo e entra numa escola para se esconder. Chega lá dentro e vê a professora escrevendo com giz frases banais, com letra cursiva, numa lousa verde. Se sente em casa finalmente:
-Ufa, nem tudo está mudado!".


E essa piada que não tem graça.

Já contei que meu filho tem aula de religião na escola? Mas eu não tô nem aí. Já contei que na escola do meu outro filho a professora pede que ele pinte os desenhos com a cor que ELA escolhe? Mas eu não tô nem aí. Já contei que o suco que eles tomam na merenda é tão doce que possui uma densidade diferente? Mas eu continuo não ligando.

Agora, pegar no meu calcanhar de Aquiles é exigir que os meninos usem exclusivamente a letra cursiva (antiga letra de mão) para escrever no caderno, fazer provas e entregar trabalhos. Eu sei que isso vai acontecer, sei que vou ter que brigar e tenho certeza de que a briga vai ser feia. Mas sou do time de Tomb Raider, amiga íntima de Mrs. Smith, e não temos medo dos dinossauros que comandam a educação.

Meu filho mais velho já está alfabetizado com a letra imprensa (antiga letra de fôrma). Produz textos tão incríveis que faz o corredor da escola se encher de professoras das outras salas para vir dar uma espiada. Um fofo.

Mas aí acharam uma ótima idéia introduzir para ele a letra cursiva e ele já começou a ficar com preguiça. Aos 6 anos quer colocar a criatividade no saco e dar um basta na escrita. Ele, que navega na net há tempos, não entende a razão de escrever daquele jeito. E é aí que eu entro, cheia de fúria e carregando um trauma danado por ter sofrido a vida interira com essa exigência absurda.

Qual é a letra que está presente quando você lê: jornais, cardápios, nome dos ônibus, revistas, panfletos, emails, relatórios, trabalhos científicos? Letra imprensa!!!! Qual é a letra que você usa para escrever no computador: trabalhos de escola, relatórios, teses, emails e até mesmo cartas para a sua namorada? Letra imprensa!!!!

As letras cursivas só são vistas nas listas de compra que a empregada coloca na porta da geladeira e nos famigerados receituários médicos, e lá é um bom exemplo de onde ela NÃO deveria estar!

Então por quê cargas d`água meus filhos têm que passar 12 anos escrevendo com letra cursiva? E por quê num caderno? E por quê  gastar 4 horas de aula numa atividade estúpida como copiar coisas da lousa?? Que tal a professora enviar o texto por email e gastar as horas realmente ensinando algo?

Quando eu era pequena sofria horrores com minha letra cursiva feia. Achava que escrever não era comigo, que eu não tinha nascido para a coisa. TODOS comentavam minha caligrafia horrorosa. Por quê fizeram isso comigo na infância e adolescência? Por quê exigiram que eu fizesse movimentos que, para a minha mão, eram difíceis, lentos e doloridos?

Saí da escola, entrei na faculdade e me dei ao direito de escrever como bem entendesse. Escolhi a letra de fôrma para escrever no meu caderno, feliz por poder ter essa liberdade. Subi num morro em Ribeirão Preto e gritei alto: "Prometo nunca mais escrever com letra cursiva!!!!!!" . Voltei a sentir prazer em escrever. E quando tive meu computador nunca mais escrevi nada num papel.

"Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o be-a-bá.".

Esta música do Toquinho sobre o caderno amiguinho é linda e emocionante, mas para mim é obsoleta, OVER! Finito!
Não fiquem tristes. Não há nada de ruim nisso! As coisas têm seu tempo, sua utilidade, e depois são substituídas. Paciência, cest la vie!



Nunca usei fralda de pano nos meninos porque tive Pampers. Nunca quarei roupa porque existe Vanish Poder O2. Nunca passei meus cabelos na tábua de passar porque tenho chapinha. E meus netos não usarão mais cadernos e não aprenderão caligrafia porque eu e Angie batalharemos juntas para mostrar às escolas que o mundo lá fora mudou. Se depender de nós a letra cursiva será uma arte antiga exercida pelos calígrafos e lousa e cadernos serão itens de colecionadores.



E a música do notebook será: "Sou eu que vou seguir você do primeiro Paint Brush até o seu próprio site." . E continuará sendo fofa...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Lista de Casamento


Há muitos anos atrás, Andi MacDowell (a fofa dos dentes curtinhos) e Gerárd Depardieu (o francês com tudo feio) fizeram uma comédia romântica chamada "Green Card", que foi traduzida razoavelmente como "Passaporte para o Amor". Vale a pena ser vista.
No filme eles se casam por interesse, de ambas as partes: ela precisava de um marido para continuar vivendo no apartamento onde possui uma maravilhosa estufa de plantas e ele, francês, precisava casar para conseguir um Green Card e continuar nos EUA. No fim do filme o serviço de imigração faz uma lista de perguntas para os dois responderem separadamente sobre a vida conjugal. É nessa hora que a coisa desanda e ele acaba confessando a mentira: eles não eram um casal...ainda!

No interrogatório havia uma lista de particularidades que só um marido ou uma esposa pode conhecer sobre o parceiro. Se eles passassem no teste é porque eram mesmo um casal.

Responda a lista abaixo e prove que você é realmente casado (ou enrolado):

O seu conjuge:
  • Prefere travesseiro alto, baixo, firme ou fofo?
  • É calorento ou friorento?
  • Usa qual xampú?
  • Limpa a pia depois de se barbear (ela recolhe o cabelo do ralo do chuveiro)?
  • Qual a situação atual suas cuecas (ou calcinhas)? Velhas e manchadas ou novas e com elásticos novos.
  • O que para ele nunca pode faltar na despensa?
  • O que para ele nunca pode faltar na geladeira?
  • Qual comida ele detesta?
  • Qual sua sobremesa preferida?
  • Qual seria a viagem dos seus sonhos?
  • Como ele gosta do churrasco? Bem ou mal passado?
  • Como é seu intestino: preso, solto ou normal? (infelizmente a escatologia é fundamental para investigar a intimidade).

Foi fácil? Sim, a convivência não traz apenas dissabores. Faz também a gente passar na prova da imigração americana. Vocês são realmente casados! Podem ficar nos EUA!!


Mas agora quero ver vocês respondendo isso aqui:

O seu conjuge:
  • Satisfaz sua vida sexual?
  • Ainda faz seu coração bater mais forte quando vocês se encontram ao acaso na rua.
  • É seu melhor amigo e está disponínel quando você mais precisa?
  • Consegue suportar e entender seus dias de mal humor?
  • Será um bom companheiro de papo quando as crianças crescerem e vocês forem envelhecendo juntos?
  • Deixa você ser feliz sendo exatamente quem você é, sem tentar te moldar com críticas, ciúmes inexplicáveis e chantagem emocional?
  • Vocês possuem atividades em comum que lhes dão prazer?

Sim? Ah bom, então vocês são mesmo um casal! Parabéns! Podem ficar onde estão.

O Teste do Ed Motta (T.E.M.)

Para quem não sabe, eu sou psicóloga e estou padronizando um teste psicológico que será um divisor de águas na escolha de um homem para chamar de seu. Em primeira mão apresento para vocês o T.E.M., ou seja, o "Teste do Ed Motta"!!!
Como muitos inventos importantes, o T.E.M. foi descoberto ao acaso. Uma maçã pode cair na sua cabeça ou a água da banheira transbordar e você, subitamente, pode ter um insight e chegar a conclusões que revolucionarão a ciência para sempre.
Abaixo descrevo as cenas que ficarão na história.

Cena 1:
Sentada num restaurante com um grupo de amigos. Um deles trabalha com televisão e estava comentando sobre uma apresentadora de TV, bonita e jovem, que tem uma adoração incompreensível pelo Ed Motta, e não só pelo seu trabalho. A fala dele era:
- Como pode uma menina tão linda se interessar por um cara como Ed Motta? Ela acha ele o máximo! E o pior de tudo é que ele é casado e eu já vi a esposa dele. Ela é uma mulher....normal!!!

Minha sirene que detecta preconceito contra negros, gordos, carecas e cantores de soul pop começou a tocar e eu saí em defesa:

-Peraí!! Eu conheço quase nada do Ed Motta, mas as três músicas que já ouvi dele são bem legais. Além disso, sempre que leio algo sobre ele, me dá a impressão de ser um cara culto, inteligente e bem humorado. Seu único defeito é bancar o especialista em vinhos (o cara vai aos restaurantes levando a sua própria taça...aff), mas defeitos todo mundo tem! Eu me casaria com ele tranquilamente, se eu fosse apaixonada por ele, é claro. (o grifo é importante)

A mesa de amigos toda se agitou:
-Mentira!
-Você nunca se casaria com ele
- Impossível querer se casar com Ed Motta.

Eu contei para vocês que eu estava com um parceiro na mesa? Sim, estava num relacionamento fixo, longo, bacana e estável. Na volta para casa, dentro do carro, ele estava furioso e eu não sabia o porquê. Insisti... nada... implorei... silêncio (PS:odeio isso!!!). De repente, a explosão:
-Você é louca de dizer na frente de todo mundo que se casaria com o Ed Motta!!! Porra! O que é que o povo vai pensar depois dessa? Devem estar falando que, se você casa ATÉ com o Ed Motta então estar comigo não é vantagem nenhuma! Casa com ele então!!

E a briga durou horas. Do lado dele uma explosão de fúria. Do meu lado um silêncio pasmado, sem acreditar que aquilo pudesse estar acontecendo.
A relação acabou. Não naquele ano e nem por causa do Ed Motta.

muitos anos depois........

Cena 2
Eu com outro parceiro viajando de carro. No rádio começa a tocar "Fora da Lei". Estou quieta, ouvindo a música, quando me lembro da minha defesa pelo Ed Motta e da reação surreal do ex. Para passar o tempo resolvo contar a história dando risada, achando que meu parceiro ia achar engraçadíssima. Mas... o pior ainda estava por vir. Este também ficou bravo:
- Claudia, você é muito sem noção, né? Ainda bem que não foi comigo, porque você pegou pesado falando que se casaria com o Ed Motta. Você jura que não percebe que magoa as pessoas falando coisas deste tipo? Pelo amor de Deus...

Segunda briga, segunda reação pasmada. E, de repente.......... Eureka!!!! Minha descoberta científica estava alí!

Hipótese:
Depois de examinar as cenas supracitadas, concluí que o segundo parceiro não estava defendendo o primeiro. Não! Ele estava defendendo a honra masculina que se abala ao saber que a companheira não tem padrão de qualidade ao dizer, publicamente, que se apaixonaria por qualquer um, até mesmo o Ed Motta!!!
Dizer que você se casaria com o Brad Pitt (se estivesse apaixonada, é importante frisar), não é nada chocante e eles reconhecem facilmente que estão num patamar inferior. Mas afirmar que Ed Motta seria um provável concorrente para ganhar de vez o seu afeto deixa eles inseguros sobre sua aparência, seu charme, seu próprio potencial de conquista.

Procedimento para a aplicação do T.E.M:
Em público (de preferência entre amigos DELE), coloque "Manuel" para tocar, dance um pouquinho, e jogue a discussão ao acaso na conversa. Diga que havia uma apresentadora bonita interessada no Ed Motta, que a esposa dele parece ser uma pessoa legal e normal e, depois das reações de desaprovação do grupo por uma mulher que se interessa pelo Ed Motta (que certamente virão das pessoas presentes) diga, como quem não quer nada, que você se casaria tranquilo com ele, se estivesse apaixonada.

Conclusão:
O T.E.M. avalia vários aspectos importantes do seu parceiro:
  1. Se ele é homem mesmo. Sim, porque se ele disser algo do tipo: "Verdade, amor, o Ed Motta parece ser um cara bem cult.", e não se abalar com a sua história, é bem possível que o cara não seja homem. Ou ele pode ser um enólogo, mas isso é outra história.
  2. Auto-estima alta e desenfreada. Se ele der risada e achar engraçadíssimo você dizer que se casaria com Ed Motta é porque tem uma auto-estima alta, inabalável. Isso pode não ser bom para a relação de vocês. Casar com homens muito narcísistas, muito seguros de si, é chato e aborrecido.
  3. Se ele ficar bravo e der um mega piti por causa dessa história, sorte sua! Ele é um cara normal! Homem na medida certa e inseguro do seu amor na medida ideal para manter o fogo da conquista. Pode casar! Mas, importante: enterre antes os seus CDs do Ed Motta, porque os CDs serão agora uma "Caixa de Pandora", que poderão trazer enormes tragédias se foram abertos. 
Considerações Finais:
Importante dizer que não tenho nada a favor e nem contra o Ed Motta, mas acho inadmissível discriminar mulheres que escolhem parceiros fora do padrão de normalidade. E, apesar de enfiar o nariz em taças de vinho, alguma coisa de muito bacana ele deve ter para atrair mulheres lindas.

-Diz aí, Eduardo, qual é o seu diferencial que deixa a mulherada enlouquecida?


Eureka!!!!!


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Minhas 3 Graças

Para quem não conhece, eu explico: as "Três Graças" são as Cárites gregas, deusas da fertilidade, encantamento, beleza e amizade. Andavam juntas e nuas pelos bosques.
Nem preciso dizer que eram lindas e musas inspiradoras de artistas que as retrataram em várias situações inusitadas como, por exemplo:
Segurando uma maçã.
(muito inspirador...) 

Minhas "Três Graças", além da beleza, não têm nenhum destes outros atributos. Muito pelo contrário. Ganharam fama por serem polêmicas, metidas, péssimas atrizes e intragáveis como pessoa, mas, por causa de algumas boas frases, as três abaixo são minhas deusas. Lá vai:


a sem GRAÇA
Não existe criatura nos bastidores das celebridades mais mal falada que Carolina Dieckmann. Não a admiro como pessoa e muito menos como artista, mas tem uma única frase dela que fez com que entrasse definitivamente no meu seleto grupo de musas:

"Não tenho mais idade para pedir desculpas por ser bonita e rica."

Isso mesmo Carolzinha, nada de culpa! Já quis gritar isso aos quatro ventos, mas acho demasiadamente esnobe: "Ó miseráveis e horrorosos: não vou pedir perdão por não ser de se jogar fora e ter um quilo de camarão no meu freezer." 
Não tive sucesso em nenhuma área da minha vida, mas fiquei sabendo que num país pobre como o Brasil ser bem sucedido é uma falha grave de caráter. Não fundar uma ONG, não adotar crianças e não fazer doações para as vítimas dos desabamentos de terra, então, é um convite para o inferno. Tom Jobim já dizia isso, mas colocar ele pelado aqui não daria muito ibope.

 
a desGRAÇA
Como já cantava Rosana, Vera Fisher é realmente uma Deusa. Seu poder é conseguir fazer tudo mal: atua mal, pinta mal, se veste mal, se depila mal e administra muito mal sua vida particular. Agora começou a escrever livros e, adivinha? Sim, ela escreve mal. Mas entrou aqui por uma frase que me fez virar os olhinhos de tanta admiração:

"Detesto escrever prá gente pobre."

Quem sabe dos problemas que enfrentei há uns meses entende porque concordo com Jocasta em gênero, número e grau. É claro que (pelo menos para mim) não tem nada a ver com dinheiro. O que eu detesto é escrever para pobres de espírito, pobres de cultura e pobres de compreensão. Dá trabalho e é cansativo, porque temos o tempo todo que explicar a piada e nos defender de coisas que não dissemos.
Todo cronista sofre deste mal: ter que dar respostas a pessoas que não entenderam o argumento e não conseguem ter humor suficiente para dar risada de algo politicamente incorreto. Ou simplesmente não tem respeito para ouvir opiniões distintas.   
Por isso estou adorando abrir este bloguinho e ler comentários como: "Você trata a coisa com respeito.", "Entendo o que você quis dizer." ou  "Hahaha, entendi a piada.".  Ufa!


a nem de GRAÇA
Luana Piovani!
Minha musa maior. Minha inspiração diária. Ela é tão detestada que apanhou do Dado Dolabella e o país inteiro o aplaudiu de pé. E ainda escolheram o cara para ganhar o prêmio de R$1 milhão num reality show. Ele saiu de lá rico, casou com uma qualquer e também socou a coitada. 
Luana já foi explusa da Globo algumas vezes de tão insuportável que é. Resolveu então investir no teatro e se dedica bastante ao público infantil. Pobres crianças...  
Luana tem muitas frases que eu adoro, mas a melhor delas é essa aqui:

"Sexo com amor é indescritível, 
mas sexo sem amor é um tesão."

  
Ah, minha amada Lua, se todas as mulheres se despissem da hipocrisia como você...


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os 2 filhos de Caetano

A polêmica é: Caetano Veloso contou a um jornalista da Folha de São Paulo que seus dois filhos, Zeca e Tom, são evangélicos. Mais especificamente da Igreja Universal. Quer dizer, além de crescerem ouvindo a chata, Branquinha e Magrelinha mamãe Paula Lavigne, eles agora também ouvem o bispo Edir Macedo. Coitados de Tom e Zeca.

Os dois foram um dia ao templo para conhecer e dizem que voltaram evangelizados. Nada contra os evangélicos, mas dar sua fé na mão de Edir Macedo achando que tá fazendo um bom negócio é como casar com o Maníaco do Parque imaginando que ele vai te tratar com carinho. Conheço idéias e pessoas bacanas dentro da crença evangélica. Eles não precisavam sair do Tropicalismo, andar round and round, no where to go, e cair direto no colo de um cara suspeito. Sim porque Edir Macedo não ficou famoso por cantar: "Não me amarra dinheiro não, mas elegância." Depois de todas as evidências inegáveis de que o cara é mau caráter, fica estranho imaginar que alguém ainda se iluda. Até Kaká e sua bela esposa já entenderam que esses bispos midiáticos, do topo da pirâmide, não são boa coisa.

Ele contou isso como se fosse apenas mais uma esquisitice vinda de sua mente excêntrica. Já ouvimos as coisas mais estranhas ditas por Caetano: que amava Menudo, que lavar louça é sua terapia, que considera Luan Santana um membro bem-vindo à MPB, dentre outras. Tudo isso é aceitável vindo do filho de Dona Canô (ou o filho da Chiquita Bacana que nunca morre). Mas dizer coloquialmente a um jornalista que seus filhos são membros da Universal e achar que todo o Brasil tem que encarar isso com naturalidade, já é demais!

Ele está bravo. Deu uma entrevista no última dia 19 dizendo que é uma "imbecilidade" alguém se preocupar com a vida pessoal e espiritual de seus filhos. Ele disse que continua sendo ateu, mas que os filhos caçulas escolheram outro caminho. Disse ainda: "Minha geração teve que romper com a religiosidade imposta, a deles teve que recuperar a religiosidade perdida". Não estou preocupada com a vida espiritual de Zeca e Tom. Eles que façam o que bem entenderem com suas vidas espirituais (e com o dízimo de suas gordas mesadas).

Não tenho nada com isso nem vem falar. O que eu não consigo entender é sua lógica. Eu queria mesmo era descobrir como foi este processo? Tudo bem que os pequenos leõezinhos, foram criados por um macaco complexo (tímido e espalhafatoso) e uma tigresa de unhas negras. Só isso já seria razão suficiente para procurarem Jim Jones e se meterem num ritual suicida coletivo. 

Mas, pelo que parece, também ouviram Irene dar suas risadas, foram à incontáveis Orações para Mãe Menininha e muitas missas de aniversário da avó em Santo Amaro. Tudo bem que nessas ocasiões, papai Caetano não devia ter despertado, porque ele sempre ajoelha e não reza. Mas pareciam ser uma família com princípios. Neste ponto não concordo com Caetano que a religiosidade estava perdida. Ela estava lá, estampada na revista Caras.

E foram crescendo no tempo (um senhor tão bonito quanto à cara deles mesmos...haha), se tornaram adolescentes e, de repente, gritaram: "Pai, você é muito Fevereiro, o que eu quero é Quaresma. Chega de chuva, suor e cerveja. Quem você pensa que é? O Super Bacana?"  Haja confusão para que, debaixo dos caracóis daqueles abundantes cabelos, duas mentes juvenis procurem amparo na batina do bispo...e não é o Tutú.

Enquanto isso seu pai ateu permanece esquisito. Está trabalhando com Pina Bausch, Win Wenders e continua procurando for flying soucers in the sky. E a existência destes garotos.... a que será que se destina?

Sobre Ateísmo e Ovos Cozidos

Toda vez que aqueço água para fazer macarrão coloco dois ovos para cozinhar na mesma panela. Faço isso porque minha mãe faz. E ela faz porque a mãe dela fazia. Meu marido italiano não acha graça e eu mesma não acho elegante uma macarronada enfeitada com ovos cozidos.
Mas não consigo evitar.

Sou atéia porque minha mãe é. E ela é porque minha avó era. Simples assim. E para complicar meu pai é porque os pais dele também nunca fizeram questão. E assim vamos fluindo no decorrer das gerações.

Meus filhos não foram batizados, óbvio. Eles conhecem a história da Arca de Noé e ganharam de parentes queridos uma linda Bíblia para crianças. Já li algumas histórias para os dois. Eles sabem bastante sobre o assunto porque moram numa cidade pequena que respira religiosidade por todos os poros. Na escola as crianças rezam todos os dias antes de começar a aula e este mês precisei comprar um caderno de "Educação Religiosa" para meu filho de 6 anos. Nem quis investigar o que vai ser dado nessas aulas. Não me interessa. É estranho e um pouco chocante, mas existem coisas mais graves do que isso acontecendo na escola dele.

Bom, estou escrevendo para dizer que, embora atéia, não conheço nenhuma família mais cristã do que a minha.
Não, não conheço!
Meu avô ultra, híper ateu (e até bastante polêmico: é a favor do aborto, da eutanásia, da pena de morte indolor e sem drama, do melhoramento genético indiscriminado) é a pessoa mais generosa, fofa e boa que todos já conheceram na vida. Só não digo que ele devia ser beatificado porque ele pode se ofender, haha.

Pensar em religião não me é necessário, não está na minha lista de prioridades. Nunca precisei ter um jet ski, um fogão à lenha ou uma gata no meu sofá. Não preciso de uma TV de plasma. E não preciso acreditar em Deus. E não é porque sou superior ou insensível, mas porque realmente não me faz falta. O que me fazia falta é ter otimismo e crença em meus potenciais e, principalmente, nos meus desejos. Mas hoje sou muito positiva e tenho fé em mim porque Gilberto disse que a fé não costuma falhar. Concordo com Gilberto. Ah, e tive boas terapeutas também!

Mas é claro que adoro quando oram pela minha família numa situação crítica. Já fui em mãe de santo, em templo evangélico, em casa espírita, taróloga e fiz algumas crendices como dormir com o nome do namoradinho debaixo do travesseiro. Tenho uma Iemnajá no meu quarto porque acho ela linda. Ah, e já pulei muito para São Longuinho! Não carrego bandeiras e detesto gente que se acha superior porque é ateu ou tenta convencer os cristãos de que eles estão errados. Há inclusive pesquisas que mostram que os ateus, em média, possuem um QI mais elevado. E 93% da comunidade científica dos EUA é formado por ateus. Eles carregam estes dados com orgulho. A prepotência de House, por exemplo, não é válida e nem bonita. Mas House é assim, e acho ele irresistível!.


Uma vez Cazuza disse uma frase que eu adoro: "Ser Gay não é defeito, ser gay não é virtude. Ser gay não é nada.". Ótima! Posso resumir minha idéia com a mesma frase (acho que a ONG "Viva Cazuza" não se importará): "Ser ateu não é defeito, ser ateu não é virtude. Ser ateu não é nada."

Sou bem feliz. Tenho uma vida rica e linda. Sou amada e repleta de boas pessoas e boas novidades em minha vida. Estamos todos bem. Está tudo bem. E quando não está é porque fazemos parte da natureza, e a natureza nem sempre está florida.

Ano passado meu filho mais novo, com 4 anos, decidiu introduzir aqui em casa o hábito de agradecer antes do almoço (deve ter aprendido na escola). Sua prece foi assim:
"Obrigado chuva que molhou o trigo para fazer o macarrão, obrigado natureza que fez o tomate, obrigado moço que plantou o tomate, obrigado tratorista, obrigado galinha que botou o ovo, obrigado moça do supermercado que vendeu as coisas para a mamãe, obrigado papai que trabalhou para ganhar dinheiro e obrigado mamãe que fez a comida."

Não estou inventando. Ele agora faz isso em todas as refeições. Algumas pessoas já presenciaram. É mesmo incrível.

Gratidão, perdão, fé e generosidade não é uma exclusividade dos religiosos. Para ilustrar esta verdade anexo um vídeo bem interessante que precisa ser visto por todos que chegaram até aqui. Queria um outro, mas aqui em casa não havia filho de Deus que conseguisse inserí-lo. (sim, isto foi uma piada)


Hahaha.... é mesmo uma honra fazer parte do mesmo time que Luciana Gimenez, Harry Potter, Edson Celulari, Biafra e... Diogo Mainardi !!!! (isso foi prá você mesmo, queridinha!)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

You got to see the baby!!!!

Hoje meu bloguinho faz uma semana de vida. Não viu? "You got to see the baby"!!!!

O parto foi normal, sem fórceps e sem maiores problemas. Sempre fui incompetente com máquinas e por isso achei que fazer um blog era coisa de outro mundo. Tinha mil fantasias: "Não vou conseguir fazer.", "Não tenho um nome legal para batizar.", "Ninguém vai ler.". Encanações típicas de qualquer mãe. Mas fiz o trabalho todo sozinha, também como todas as mães.

Ele tá com uma carinha de recém nascido: formatação maluca, larguras indefinidas, fundos esquisitos... mas com o passar dos meses vai ficando com cara de gente.

Meu blog hoje já se adaptou às novidades. Já se situa bem no ambiente internáutico e todos os visitantes dizem que ele é lindinho (eu inclusive li aqui que ele é limpo...haha: "É pobre mas é limpo!"). Falam que ele é bacaninha e é a cara da mãe. Exatamente agora, com apenas uma semana de vida, ele já recebeu 598 visitas e é visto em 10 países. Obrigada pelo carinho e pelos comentários.

Mas durante toda a semana eu fiquei preocupada, achando que ele precisava ser alimentado toda hora. Nunca tive um blog. Sou mãe de primeira viagem. Portanto, não sei reconhecer a hora de amamentá-lo e a hora de deixá-lo quieto, adormecido. O problema é que meus seios criativos jorram idéias, principalmente quando estou nadando. E este mês comecei a nadar à noite, sozinha, sob a lua (que esteve cheia esta semana), e aí: haja inspiração! Por isso entupo o menino de conteúdos da minha mente fértil. Tadinho...

um parêntesis: queria uma imagem de um seio jorrando leite e aí busquei "Leite Jorrando" no Google Images. Só tinha pintos enormes jorrando algo que, definitivamente, não era leite. Acho que o Google não sabe o que é amamentação! Tive que ficar mesmo com Picasso.


Prometo  não encher ele de posts todo santo dia (as vezes até duas vezes por dia!) e prometo não ficar divulgando aos quatro ventos que o post é legalzinho e vale a pena ser visto. Eu estava entusiasmada e coruja. Já passou, já passou. Agora volto à normalidade e amamentarei só quando for necessário. Em silêncio, como manda o pediatra.

Mas adoraria que continuassem visitando, afinal é solitário demais fazer idéias crescerem sem compartilhar com outras pessoas. E é envaidecedor ouvir que "Seu blog é lindooooooooo!!!!!!!!!", "Seu blog é so cute!", "E tô AMANDO seu blog." ou mesmo um frio "Parabéns pelo blog". (para quem não entendeu a piada vá para o post de ontem: Psicopatologia da Vida Internáutica)

Ontem recebi um pedido para aumentar a letra. Fiz isso. Feed back são benvindos.

Obrigada às madrinhas Silvia, Cleci e Mariana que me incentivaram a parir um blog. Silvinha é uma doula nata! E obrigada à Juliana e Letícia, amigas blogueiras, pelo incentivo. E todos aqueles que apareceram do nada para comentar. E agradeço aos meus revisores de texto que (secretamente) corrigem falhas horríveis. Tipo uma sogra que diz que a cabeça do bebê tá torta e que ele precisa arrotar mais. São toques fundamentais.

E ao meu pai, minha mãe e meu avô que disseram que eu escrevo bem. Ouvir isso de uma pai não tem preço. Me fez dormir feliz.

Acabou a quarentena, de volta à normalidade. E agora começam as cólicas...

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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Psicopatologia da Vida Internáutica

      CANTINHO PSIQUIÁTRICO



Como diagnosticar internautas apenas por suas atitudes em redes sociais:

  • Gente que não consegue enviar recados e escrever em seu próprio mural: idoso
  • Gente que envia convites indiscriminadamente: sem autocrítica, um mala.
  • Gente que aceita todos os convites: baixa auto estima
  • Gente que escreve tudo o que acontece em sua vida (ex: "Estou no trânsito, depois vou comer a lasanha de ontem."): narcisista, acha que está todo mundo interessado em sua vida
  • Gente que usa verificação de ortografia para mandar mensagens: autocrítica exagerada, possível T.O.C
  • Gente que "curte" links, comentários, fotos e mensagens de todo mundo: desejo de se relacionar, fazer amigos (pode ser simplesmente uma pessoa legal.)
  • Gente que curte o SEU próprio link: solitário, necessidade de auto-valorização
  • Excesso de Caps Lock (ex: "Te adoro MUITO, você é TUDO para mim!"): inseguro, necessidade de auto afirmação, se for homem pode ter um pênis pequeno
  • Repetição de vogais e exclamações: (ex: "Que liiiiiiiiiiindaaaaaaaaa sua filhaaaaa!!!!!!!!!!!"): histeria 
  • Excesso de erros de português (ex: "Trais o namorado prá mim ver ele!") : pessoa sem súper ego, sem censura, vive a vida sem olhar para os erros
  • Excesso de erros de datilografia (ex: "Eu n^ao sei o qie fazer amahnã."): sentimento de culpa por gastar horas na net, quer desligar rápido para continuar a cuidar da vida
  • Excesso de carinhas fofas (ex: " : )   ; p    :o(    "): imaturidade emocional
  • Uso de palavras moderninhas (ex: "naum, neh"): pessoas tolas e ególatras que acreditam que podem passar por cima do bom e velho português.
  • Uso de expressões e palavras em outro idioma (ex: " Sua filha é so cute!"): exibida, quer mostrar que sabe muito.
  • Frases curtas e sem emocão nenhuma (ex: "Parabéns pela filha."): frieza, gente que cumpre o protocolo por obrigação, ser for mulher pode ser frígida.
  • Frases curtas, mas cheias de humor (ex: "Este bebê é a cara do joelho do pai."): QI alto.
  • Frases com risadas inexplicáveis (ex: "Se der vou aí te ver kkkkkkkkkkk!"): QI baixo
  • Gente que só navega na redes sociais, mas não troca mensagens: autismo
  • Gente que fica horas vasculhando as páginas dos outros: possível psicopatia
  • Excesso de "Ctrl C, Ctrl V" ou excesso de compartilhamento: inseguro, sem criatividade.
  • "Ctrl-Alt-Del" em qualquer pequena pane da net: forte impulso suicida

Glossário das redes sociais
  • rs = sorriso (lábio fechados e arqueados)
  • rsrsrs = riso aberto (lábios fechados, arqueados e ar saindo do nariz, olhos semicerrados)
  • hahaha = risada (lábios abertos, dentes aparecendo, leve chacoalhar de ombros)
  • hehe = risada cheia de malícia (sorriso assimétrico, com uma bochecha mais levantada)
  • kkkkkkk = gargalhada (risada com barulho, sinal de que a piada foi boa)
  • huahuahuahua = gargalhada escandalosa (detesto)

Antes que me critiquem: "Uso "MUUUUUUUUUITO esses reucrsos up there, rsrsrs  :oP !!!!!!!!"

Holly Hobbies!


Quem achou que eu ia falar aqui sobre a musa dos papéis de carta dos "early 80`s", errou! Sorry.
(mas há uma dúvida que me persegue: por que a Holly Hobbie nunca mostra o rosto? Será filha do Michael Jackson? Será uma mini delinquente fugindo do conselho tutelar? Será que tem vergonha do nariz torto?)

Estou aqui para falar dos hobbies, que para mim também são "Holly", isto é, sagrados. Sim, hobby: aquilo que você faz quando quer ser apenas feliz. Ou melhor, aquilo que você faz quando consegue terminar o trabalho e fugir da tentação de ligar a TV e a net. Melhor ainda: o que você tem vontade de fazer quando já terminou de lavar a louça e as crianças te dão algumas horas livres.

E é aí que eu quero chegar: dedicar-se a um hobby está cada dia mais difícil nos dias atuais. E no Brasil eles são ainda mais raros. Não existe a tradição do hobby por aqui, tanto que nem existe uma tradução do termo para a nossa língua. Culpa de muita coisa (falta de inverno que deixa as pessoas mais dentro de casa, falta de boas bibliotecas acessíveis, poucas tradições de bricolagem, falta de acesso às matérias primas bacanas), mas os hobbies são tão legais e tão fundamentais para uma vida emocional saudável que precisavam ser resgatados pelas pessoas que buscam qualidade de vida e querem uma garantia de felicidade. Tá confuso? Já explico.

Sabe qual é a melhor receita de felicidade que eu já ouvi? Amar muitas coisas! Gozar dos prazeres proporcionados por várias fontes, as importantes e as fúteis. Por quê? Porque quando uma delas falta a gente tem todas as outras para completar a vida. Simples assim.

Isso é uma lição de vida fundamental que devia ser ensinada no berço. Se você se aposenta, tem outras atividades bacanas para ocupar o tempo. Se seu parceiro morre, você preenche a vida com a companhia de outros prazeres. Se algo na sua vida não vai bem, existe um repertório grande de coisas para te dar alegria.

Eu tenho muitos hobbies e dou chiliques de felicidade quando consigo reservar um tempo só para eles.

Uma amiga, ocupada com seu trabalho estressante em NY, me escreveu esta semana falando do alívio que tem sentido ao sentar na máquina de costura e se dedicar horas apenas a um blazer de lã. Sim, por incrível que pareça algumas pessoas ainda costuram por prazer, mesmo em NY onde a oferta de blazers é abundante. Tem sido uma terapia para ela. Outra amiga, depois que perdeu o marido e os filhos cresceram, decidiu se dedicar com afinco à dança. Leva à sério. Enfreta a noite perigosa de uma grande cidade para ir aos bailes organizados por amantes da dança, de segunda à sabado! Tudo nela melhorou, principalemnte sua alegria de viver. Ela é minha grande inspiração.

Estou lendo um livro, romenceado, sobre a esposa de Freud. Aos 85 anos ela ganhou um quebra-cabeça de 3 mil peças. Depois do desespero inicial por não conseguir se organizar com as peças, ela começou a perceber as vantagens em se dedicar a um hobby. Aqui vai o trecho:

"Os ingleses devem conhecer bem o que é o tédio para terem inventado um jogo tão perfeito, que trata tão maravilhosamente este mal. Quando entro no meu quarto e vejo o quebra-cabeça sobre a mesa, com seu espaço vazio a preencher, sinto-me segura. Sei que tenho algo a fazer. Sei que posso recorrer a ele em caso de necessidade. (...) Paula me chama: Tea time! Vou descer, estou de bom humor, sem saber muito bem por quê." (Madame Freud, Nicolle Rosen, p. 20)

  Se Freud tivesse dado ouvidos à sua esposa, a psicanálise provavelmente teria menos lacunas.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Bicho de Pé

Quantas pessoas você já amou na vida? Não, não vale incluir amigos nem parentes. Tô falando do sofrido e delicioso amor romântico. O que é o amor?? Putz, essa resposta é muito longa e não cabe aqui, mas a a sua opinião é a que importa.

Já tem a resposta? Então ouça:

Uma vez fui numa palestra do Prof. Ailton Amélio da Silva, professor da Piscologia da USP, e o cara fez esta mesma pergunta para o público presente. Depois resolveu colher os resultados: "Quem aqui já amou 3 ou mais pessoas na vida?" Algumas pessoas levantaram a mão. "Quem aqui amou somente 2 pessoas na vida?". A grande maioria da platéia levantou a mão. (um parênteses: ele disse que este público é sempre o maior porque a gente raramente se casa com nosso primeiro amor.) "Quem aqui teve um único amor?". Algumas pessoas. E aí a pergunta crucial: "Quem aqui nunca amou ninguém na vida?". Surpresa geral!! MUITA gente levantou a mão! Detalhe: a idade média da platéia devia ser 45 anos. Maioria mulher.

Essa cena para mim foi chocante. Não tinha a menor idéia de que isso poderia ser possível.
Muita gente se preocupa com a falta de ereção, falta de orgasmos, falta de emprego, falta de terra (MST), mas ninguém nunca deu atenção para um público grande que sofre em silêncio, envergonhado por não conseguir simplesmente... amar! E passam a vida perdidos e solitários numa sociedade que valoriza e se dedica passionalmente às relações de afeto.


Ele completou dizendo que muitos adultos e jovens aparecem no consultório dele sofrendo por amor (o cara é especialista em relacionamentos amorosos... nem sabia que isso existia!). Dói, é péssimo, dá desespero e depressão. Mas, segundo ele, esse público sofredor não chega nem perto do triste vazio trazido pelas pessoas que não amam. E o pior de tudo é a vergonha ao assumir isso em terapia, como se fosse uma falha de caráter. Como aquela música do Titãs, boa, mas indecentemente regravada: "Até parece loucura, não sei explicar. É a verdade mais pura: eu não consigo amar. Meu amor me desculpe, não quis te ferir, mas dizer a verdade é melhor que mentir..." (Insensível)

Se você está hoje sofrendo por amor fique então sabendo de duas coisas importantes:

1- Podia ser pior!! Você podia ser do grupo que passa pela vida sem conhecer o amor e não entender nada sobre a dor de corno, inspiração máxima das músicas bregas e do "Midnight Love". Ia passar a existência como aquele cara que nunca entende a piada!

2- Se você amou uma vez e já foi batizado nas alegrias e tragédias de Eros, possui então os pré requistitos necessários para se apaixonar de novo. E tem mais, se você é do primeiro grupo da palestra que já amou 3 ou mais pessoas, parabéns! Sinta-se feliz: se amanhã você perder seu (sua) parceiro(a), as chances de encontrar outros no decorrer da vida são ainda maiores. Uhuuu!!!

Resumindo: amar é igual bicho do pé. Quanto mais você coça, mais sente vontade de coçar. Portanto, tire a meia e se jogue nas areias suspeitas do amor, torçendo para ser afetado pelo "comichão e coçadinha" da paixão! (Nossa, essa foi péssima... The Simpsons!!!!)

Agora fica a dúvida: será que a capacidade de amar pode ser ensinada na infância, facilitada com educação apropriada, bons exemplos? Eu acho que sim. Um dia falo sobre isso.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Melô do Jornalista

Uma amiga jornalista disse que o melô da Claudinha já tem dono. Já é o melô dos jornalistas. Cheguei tarde! Mais uma vez perdi a chance da patente.

Qual é o meu melô? É a superficialidade da música do Kid Abelha que inspirou o nome do blog:
"Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim (...) eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal."
Chama Nada Tanto Assim e não é tão boa a ponto de merecer maiores atenções. Na verdade ela não é nada boa, mas os melôs não precisam ser bons, basta serem panfletários.

Digo isso porque muita gente me escreveu dizendo que não sou superficial, tentando levantar minha moral. Agradeço os elogios, mas sou sim, não de um jeito pejorativo. Sou superficial como os jornalistas precisam ser para darem conta da enormidade de assuntos que precisam ser tratados em um tempo curtíssimo. Não dá mesmo para ser especialista em tudo e nem desperdiçar pautas com divagações filosóficas.

Sou uma rasa com orgulho. Sei dos problemas matrimoniais das celebridades, dos impasses políticos, das novas descobertas científicas e conheço o suficiente de cultura geral para não passar vergonha. Li os clássicos. Sei que Van Gogh perdeu a orelha e que Hemingway se matou. Prá que mais? Ah, e antes que eu me esqueça, também sei um bocadinho sobre a minha profissão.

Mas por falar em melôs, eu estava aqui pensando como a cultura do recreio da escola completa nossa cesta básica de conhecimentos fundamentais para a vida. Sei o melô do leproso ("Já não tenho dedos prá contar de quantos barrancos despenquei..."), o melô do pão duro ("Amanhã de manhã, vou pedir UM café prá nós dois..." hahaha, adoro essa!), mas o meu preferido é o melô do sexo anal, que eu aprendi muito antes de entender o que era a coisa.
E deixo ele aqui para vocês, poupando seus ouvidos da voz sofrível de Paula Toller cantando a música inspiradora do post.


Alguém lembra de mais algum melô engraçadinho?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Atchim!..... foi bom prá você?

Uma vez uma amiga me disse que era ótimo fazer 30 anos porque é nessa idade que começam os orgasmos múltiplos. Jura?? Uau!! Eu tinha 20 e poucos e esperei ansiosamente pela data, mas acho que a petição tinha que ser feita em duas vias, com carimbo, registrada em cartório. Minha solicitação foi negada.

Ao invés de me sentir injustiçada, descobri este mês uma coisa bacana que acontece depois dos 35. O desejo sexual, que anteriormente tinha um único foco (o ser desejado, amado ou não) passa a fluir também por outras esferas, surgindo de surpresa em circunstâncias rotineiras e banais.

Quer um exemplo? Uma amiga fica excitada espirrando. Juro por Deus! Chegou até a ter orgasmo. Um médico receitou antialérgicos e ela não quis. Gosta de espirrar.
Achei muita graça da história e comecei a investigar a coisa.

Muita gente diz que a libido diminui depois que os filhos nascem ou quando atingem uma certa idade, mas o que eu comecei a perceber este mês é que talvez o problema está em ficar procurando o incentivo no mesmo lugar, sem perceber que a coisa agora tem outra configuração. Como quando buscamos com o pé esquerdo a embreagem num carro automático.

E não há nada de errado com os parceiros. Eles continuam do mesmo jeito: adoráveis e atraentes, mas é que o corpo parece começar a prever a natural diminuição da atividade sexual e aí ele, sabiamente, passa a depositar o desejo também em outros tipos de atividades. É um investidor conservador, não aposta tudo num negócio arriscado e duvidoso como o sexo na meia idade.
Bom, pelo menos essa é a minha teoria.

Depois que comecei a prestar atenção percebi que meus prazeres hoje estão também migrando para coisas que não tem absolutamente nada a ver com o sexo. Comer milho verde na espiga, buscar com a língua o restinho de lichia que ficou no fundo da casca (tem gente que tem isso com ostras), nadar borboleta, limpar camarão (tirar aquela tripinha preta...adoro!) e colocar a garrafinha de água gelada entre as pernas para não manchar a mesa onde fica o computador. Sim, eu tenho uma coleção de porta copos, mas adoro a sensação do gelo entre os joelhos.

Quer dizer, ao invés de se chatear porque não foi beneficiada com os míticos orgasmos múltiplos, pense que eles estão apenas fantasiados, escondidos numa crise de rinite ou esperando ansiosamente por você numa panela de milho cozido. 



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Doente, mas linda!

Hoje li uma reportagem da  revista Veja sobre novidades no tratamento da Esclerose Múltipla, doença que tenho há 9 anos. Ok, ok, sei que muita gente não sabia dessa porque não ando com minhas ressonâncias magnéticas penduradas no pescoço e ultimamente ando me preocupando com coisas mais importantes como: como inserir uma foto neste blog? porque demorei tanto tempo sem saber fazer pipoca caramelada?

Mas, voltando ao assunto, a reportagem tem uma ex-paquita, Louise Wischermann (vulgo Pituxa, "É tão bom, bom, bom, bom...") diagnosticada com a esclerose múltipla no Canadá, onde morava há 11 anos com o marido. E, querem saber? Lá ela não recebia a medicação gratuitamente e teve que voltar ao Brasil porque aqui, sim AQUI, existe o melhor tratamento gratuito para a doença no mundo! A doença não tem cura, mas os medicamentos são importantes para conter os danos, dentro do possível. No Canadá ela gastaria, em média, US$2.000 por mês para se tratar. Aqui é de graça e, se você não se adaptar à medicação (muita gente não se adapta porque os efeitos colaterias são barra pesada) existem outros 3 tipos de medicamentos, todos gratuitos. Volto a dizer: isso não existe em nenhum lugar do mundo!!

Resumindo: se você algum dia tiver esclerose múltipla, torça para estar no Brasil. E a piada é: o médico vira para a Pituxa e diz: "Tenho uma notícia boa e uma ruim para te dar: a boa é que você tem esclerose múltipla, a ruim é que você tem que voltar para o Brasil!!!" hahaha...

Eu trato no bom e velho HC porque é lá que as coisas graves devem ser tratadas. Pesquisas, equipe multidisciplinar e residentes bacanas, dispostos a aprender. Adoro o HC!! Estive na Neurologia como profissional e hoje sento no banco dos pacientes. Sou paciente do sistema público de saúde, apesar de ter minha carteirinha da Unimed na bolsa. Sim, existe possibilidade de ser feliz e saudável mesmo sem grana.

Por que estou falando isso? Só para a gente enumerar algo realmente legal que existe neste país. Faz bem lembrar dessas coisas. E faz bem lembrar também que é aqui na terrinha que acontecem as pesquisas mais promissoras no que diz respeito às possibilidades da célula tronco deixar de ser uma utopia.

Para quem se interessa, garanto: está tudo muito bom...bom, bom, bom com Pituxa. Sua luta agora é com a Convenção de Haia e seu marido que não deixam ela trazer o filho para cá. Sim, ela separou. Sim, ele não quis uma mulher doente, segundo o que ela conta. Convenção de Haia não convém em muitas situações. Mas isso é uma outra história que deve ser tratada num outro lugar...

O título deste post se deve a uma outra reportagem sobre a mesma Pituxa que termina dizendo: "Apesar de doente ela continua linda." Não sabia que doença e beleza eram grandezas inversas.

A Insustentável Leveza do Ser

"You got to see the baby!". Quem é iniciado na cultura televisiva sabe que Seinfeld não suporta pessoas insistindo para que ele visite recém nascidos. Eu também ouvi insistentemente pessoas me dizendo para ter um blog. Começou devagar, mas se intensificou nos últimos meses. Mas eu, ao contrário do lendário personagem do tênis branco, gostei da insistência, gostei do desafio. Fui deliciosamente vencida pelo cansaço. Já que é para o bem de todos, e alegria geral da nação, diga ao povo que o blog tá feito.

Mas, peraí, um blog? Não sou especialista em nada! "Claudia, você é boa em quê?", perguntou certo dia um amigo. Pensei, pensei. Putz, em nada! Sou rasa como uma poça depois da chuva. Como ter um blog sobre nada? E... para quê?

Mas... voilá! Seinfeld, a mais famosa série de TV americana se gabava de ser sobre "o nada". Posso então fazer um blog sobre nada. Tratar tudo superficialmente. Caminhar sobre as coisas sem aprofundamento, sem mergulhar intensamente em um assunto particular. Nunca fui "fã" de alguém, nunca tive um ídolo. Ontem pessoas choraram pelo Ronaldo Fenômeno que (literalmente) pendurou as chuteiras. Não me lembro de ter chorado por ninguém que não seja, claro, íntimo. Não idolatro nada a ponto de querer mergulhar fundo em seu estudo. As profundezas me sufocam, me limitam a visão do todo. Uma claustrofobia cognitiva. Ou talvez uma desculpa para ser rasa e sem conteúdo, haha.

Por outro lado, fluir livremente no ar, recolhendo teoremas e se expondo aos ventos do momento é demasiadamente inseguro pra mim. "Viajar na maionese" é estressante e aborrecido.

Portanto, quero caminhar sobre a superfície, linda e sutilmente. E tá aí a razão do nome do blog: Basiliscus, um lagartinho que tem o dom de caminhar sobre a água. Vocês já viram? É realmente surreal.

Tá bom, eu sei, eu poderia ter um blog chamado "Jesus Cristo" que também foi elegante no seu desfile sobre as águas. Mas além de parecer demasiadamente pretensioso, imagina em qual página eu estaria na busca do Google quando alguém procurasse meu blog pelo nome? Não, não, Jesus não ficaria bem e a concorrência seria desleal.

E por quê Brasiliscus, com um R? Ah! Porque, por incrível que pareça, o nome já estava reservado por algum doido (Quem pensa a mesma coisa que eu? Quantas pessoas já pensaram nisso no mundo? ...dúvidas Amélie Poulain!) e com o R dá um tom de brasilidade que fecha com chave de ouro essa história maluca.