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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Detalhes

Tive, certa vez, um namorado sacana.
Ele gostava de perfume masculino e tinha uma coleção. Isso era início da década de 90 quando os importados fizeram a festa no Brasil.
Bom, ele era sacana porque todos os dias usava um perfume diferente e um dia confessou: "Faço isso porque, quando você terminar comigo, vai sentir meu cheiro todas as vezes que ficar com outro homem."
Espertão.
A profecia realmente se concretizou e a maldição dele funcionou. Todos os perfumes masculinos que haviam no mercado tinham o cheiro dele, deixando minha memória olfativa sem escolha.
É ou não é uma grande sacanagem?


Digo isso porque outro dia uma amiga minha me contou que não gosta de ler meu blog porque, depois, fica lembrando dele o tempo todo. Lembra quando compra Ovomaltine, lembra quando abre um Yakult, lembra quando vai para à praia e precisa limpar o pé de areia antes de entrar no carro, lembra quando dorme de conchinha com o marido, lembra quando percebe que a descarga ecológica não funciona... hahaha, uma praga!

À esta amiga, o "Brasilicus" mandou dizer que, tal qual o maníaco do Azarrô, ele também faz isso propositalmente.
Fala sobre tudo que existe no mundo para que os leitores tropecem nos assuntos do blog pela rua, no supermercado, na sala da terapeuta e na hora do sexo. Tudo friamente calculado para que ninguém nunca se esqueça dele.
(inseguro o pobrezinho...)
E ele ainda mandou a seguinte música para ela:

Detalhes

"Rose" se olhando no espelho e lembrando
do post "Guns & Roses"
Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida eu vou viver...

Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes prá esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver...

Se um outro blog lindo e chique aparecer
Na sua vida
E isto lhe trouxer saudades minhas
A culpa é sua...

Um caminhão raspando na garagem
A calça desbotada da loja agropecuária
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...

Eu sei que um outros blogs também fazem sucesso
No seu micro
Palavras interessantes e bonitas
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha tanto humor
E até os erros de digitação ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...



Outro amigo me disse ontem que fica com raiva porque, quando lê o blog, se pergunta por quê foi que ele não pensou naquilo antes. Por quê não conseguiu concluir sozinho que os ralos de pia com um pino no meio não funcionam? Por quê não percebeu que as cerejas não tem gosto de remédio, são os remédios que tem gosto de cereja? Como?????

A este amigo eu respondo: é porque moro numa cidade pacata, tenho uma vida tranquila e posso me dar ao luxo de filosofar sobre os assuntos do nosso dia-a-dia. Faço isso para não enlouquecer. Uma maneira de manter minha mente sã e minha consciência tranquila ao alertar as pessoas ocupadas para os perigos dos ralos com pinos.
É um serviço de utilidade pública! Hahahah...

Uma amiga querida me escreveu dizendo que Montaigne também fez isso. Se isolou do mundo e ficou só escrevendo sobre tudo o que lhe vinha à mente, inaugurando uma coisa bacana chamada ensaio pessoal. Ele não procurava respostas, apenas lançava perguntas e descrevia suas teorias sobre a coisa. Um de seus ensaios fala, por exemplo, sobre a utilidade do polegar.
Sou, portanto, uma discípula de Montaigne. Uhhhhh....
Me sinto muito importante assim.
Vou começar treinar:

UTILIDADES PARA O POLEGAR


Aumentar as apostas na rinha de dedo

Sofrer L.E.R. no Playsation



Dizer para o tio que a Fada do Dente existe mesmo

Embelezar o mundo com bom gosto e cores vivas 


 
Enlouquecer as meninas a ponto do vocalista ter desejo de engolir pilhas


Nossa, este post tem fotos tão feias que me deixou com dor no senso estético.
Vou dar uma olhada no meu programa 3D do teto da Capela Sistina prá ver se passa.

Um comentário:

  1. Hahaha! Só você mesma, loirinha do bafão! É mesmo uma praga este teu blog. A gente vicia igual a comer pipoca vendo filme, comer chocolate em dias de solidão, passar creme na mão antes de dormir (vício alemão esse)...que mais...não sou lá uma pessoa de muitos vícios, mas este eu tenho!
    Santo Brasilicus.
    Beijos - quanto tempo!
    ps. Já ia esquecendo: infelizmente tenho que discordar sobre o lance das cerejas. Teu filho tem razão, tem gosto mesmo de remédio, mas é porque está looonge de ter o gosto de uma cereja de verdade! E isso é um crime com as maravilhosas-vermelhinhas-quase-vinho-suculentas. Essas de lata são mesmo de chorar! Tá certo, Enrico! Certíssimo!!!

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