"O Grito" |
Uma vez conheci uma mulher que frequentava o Neuróticos Anônimos (NA). Gente que se reúne para confessar que tem medos despropositados e que sentem muita vergonha por serem assim, tão... neuróticos.
E o Cantinho psiquiátrico de hoje é: Diferença entre neurose e psicose.
Psicose: "Esta barata, na verdade, é um alienígena que veio me abduzir.".
Depressão pós parto neurótica: "Eu sei que o meu bebê precisa de mim, sei que ele está com fome, eu sei que eu deveria cudar dele, mas eu não consigo segurá-lo". A mãe precisa ter alguém ao lado para ajudá-la.
Depressão pós-parto psicótica: "Este bebê está chorando só para me infernizar. Ele faz isso porque sabe que eu detesto!!!". Nestes casos a criança corre risco de vida e precisa ser afastada da mãe.
Ciúme neurótico: "Eu sei que minha namorada é psicóloga, sei que ela precisa atender bem os pacientes, mas tenho ciúmes quando ela entra na sala, sozinha, com homens".
Ciúme psicótico: "Tenho certeza absoluta que aquele cara que marca horário com ela, na verdade, é um amante e que eles ficam transando dentro da sala de atendimento por uma hora." Não dá nem para argumentar com um cara desses. Ele acha que a teoria dele é verdadeira e não há como provar o contrário. E se a sua secretária for te defender ele acha que ela é cúmplice. Um inferno...
Resumindo, neurose é algo corriqueiro, mundano. Somos todos neuróticos em diversos graus: fóbicos, ansiosos, sistemáticos, ciumentos, etc. A pessoa tem a noção do exagero da sua preocupação e tem vergonha da situação ridícula que ela mesma cria, mas não consegue se controlar.
Na psicose não há vergonha porque a pessoa acredita que seu pensamento é o verdadeiro. Não dá para argumentar contra um raciocínio psicótico porque a realidade da pessoa é totalmente outra.
Existe uma outra diferenciação, que fala da capacidade de simbolizar. Mas é mais complexo. Fiqemos com esta simples e didática.
Na faculade aprendi:
"Psicótico é aquele que acredita que 2+2=5.
Neurótico é aquele que sabe que 2+2=4... mas não se conforma."
Ok? Entenderam?
Bom, então lá vai.
Na minha opinião devemos controlar nossas neuroses para não contaminar nossos filhos.
Filho de mãe que tem medo de borboleta aprende a ter medo de borboleta.
Filho de pai que tem medo de elevador, cresce tendo que usar as escadas.
"A criança doente" |
Filho de mãe hipocondríaca, que acha a todo momento que o filho está doente, cresce se achando frágil e ansioso. Tem mãe que, patologicamente, acredita que o filho está sempre doente e, se ele está bem, ela provoca uma doença nele. Duvidam? Existe sim!!!! Loucura, loucura!! Mas isso já é uma psicose (ou uma perversão) coisa bem mais séria.
A grande maioria é só neurotiquinha, dessas que não deixa o menino chupar picolé porque teve uma gripe na semana passada, dessas que não deixa ele nadar porque tossiu de noite, que fica louca se ele anda pela casa sem sapato...
Drauzio Varella sempre fala: será que estes pais não perceberam que o que deixa uma criança doente são vírus e bactérias??? Picolé, vento, piscina e pé no chão não tem nada a ver com a história!
E tem mãe e pai que morre de medo de tudo: sequestro, acidentes, más companhias, do filho se perder, dele morrer... e transformam a vida da criança num inferno. Não deixam ela ir nas excurssões da escola, não deixam ela ir na padaria da esquina, não deixam ela dormir sozinha com medo de engasgar e morrer, não deixam ela dormir na casa dos amigos com medo do pai da criança ser um pedófilo louco!!!!
A neurose dos pais deveria ser trabalhada da seguinte forma: "Sei que tenho problema, mas meu filho não tem nada a ver com isso. Não quero prejudicar a vida dele com meus medos exagerados. Vou me tratar e poupá-lo o máximo possível!".
Hahaha, quem dera...
O problema é que sendo assim, tão neuróricos, os pais só fazem com que a criança tenha medo, ache que o mundo é perigoso, que as pessoas são más, que ela é muito incompetente e não consegue se virar sozinha.
"A mãe morta" |
Existem crianças que, felizmente, possuem uma alta resiliência e aprendem rapidinho a passar por cima das neuroses dos pais.
Simbolicamente matam os pais e se criam sozinhas.
Tenho uma conhecida que tem pânico de bicicleta e água. Nunca deixou o único filho andar de bici e nem nadar. Quando o garoto fez 12 anos ele se rebelou e aprendeu escondido. Quando ela viu já era tarde demais: ele já andava na bicicleta dos amigos e nadava na represa feliz da vida. Ela diz que ficou brava, mas no fundo, no fundo, teve orgulho: "Ufa, ele se salvou da minha neurose!"
Mas o problema é que quando a criança tem esta capacidade de trilhar seu próprio caminho ela acaba tendo uma vida paralela e, diante de qualquer problema, não contam para os pais. Conheci uma jovem que sofreu um sequestro relâmpago, teve a conta bancária zerada e não contou nada para os pais: "Se eles soubessem eles não iam aguentar!". Teve que lidar com o trauma e quitar todas as dívidas sozinha, porque ELES não podiam ficar chateados.
E o tanto de criança que sofre sozinha, bullying e afins, porque os pais ficarão tão arrasados com a história que é melhor deixar prá lá?
No dia em que seu filho achar que tem que te poupar do mundo, é sinal de que você está realmente se mostrando frágil demais. Melhor mudar isso logo!
O mundo é perigoso? Pode ser. As pessoas são perigosas? Podem ser. A criança pode ficar doente? Pode. Ela pode morrer? Claro! Mas não podemos viver a vida preocupados com tudo o que pode acontecer de errado com os nossos filhos. É claro que devemos evitar as preocupações excessivas porque nos fazem sofrer, porque é ruim, mas, mais do que tudo, porque temos a obrigação de passar para a criança de que a vida é boa e deve ser vivida intensamente.
Porque, afinal, um dia ela pode te perguntar: "Se o mundo é assim tão ruim por que foi então que você me fez nascer??"
E é uma maravilha ver como as crianças se viram bem com os problemas que encontram pela vida. Como resolvem as coisas de um jeito bacana, como encontram soluções inusitadas para probleminhas que acontecem nas excurssões da escola (e contam orgulhosos depois) e como superam bem as gripes e resfriados!
Vocês não viram Esqueceram de Mim? Não sabem que as crianças são espertonas?
Estou metida demais. Sou que nem o "Fantástico" e o "Domingão do Faustão" que escolhe um artista e divulga suas obras no fundo do cenário.
Outro dia coloquei o delicioso ilustrador Norman Rockwell no Post "Como ser Legal no Facebook."
Hoje escolhi Edvard Munch... claro! Quem mais poderia ilustrar melhor o medo?
neurotico ou psicotco ta lascado, tem daqui a pouco os normais anonimos..hahaha
ResponderExcluirSempre uso a seguinte metáfora para definir o papel dos pais na Educação das crianças: Como um cego descobre um penhasco? Geralmente "tateando"ou caindo propriamente!!! O papel dos pais é mostrar onde é o limite, mas os filhos irão eventualmente ou mesmo geralmente ultrapassá-los. Mas se a criança ultrapassar os limites sabendo que os ultrapassou o papel de PAIS estará feito. E geralmente uma quedinha não mata ninguém, ensina sim, que precisamos levantar, inclusive de grandes precipícios...
ResponderExcluireu sempre fui desencanada demais - acho que as minhas filhas acabam "podendo demais"e se acham invenciveis por isso.
ResponderExcluirEssa semana por exemplo, a minha filha mais velha - 14!!! levou cantada de um cara de 40 anos que frequenta a nossa casa.
nao tranquei a menina numa cuba de vidro, e o babaca a encontrou de novo e la veio mais cantada.
So me resta encher esse palhaco pedofilo de porrada!
Morri de rir com algumas explicações. Adorei e acho que é bem por aí msm. Continue enfeitando a existência!
ResponderExcluirClaudia, caiu como uma luva aqui em casa. Esposa hipocondríaca e filho que adora ir a médicos (e faz a alegria deles, já que não é sempre que aparece um paciente de 2,5 anos que fica quietinho durante a consulta e colabora com td que é solicitado - abre a boca, bota a língua, etc), pede pra tirar temperatura e toma remédio na boa.
ResponderExcluirÉ um pouco bonitinho e bastante bizarro.
Ah, e qdo brinca que vai sair sozinho com o carro do papai, é assim: "Vou no Dr. Paulo".
Claudia,acabei de descobrir que eu sou neurótica, por isso sofro tanto de ansiedade! Com certeza sou culpada da ansiedade que meus filhos sentem. Hoje faço tratamento, mas se soubesse de tudo isso teria me tratado antes, mas...sempre tive consciência de que filho é um pedaço da gente que não nos pertence e que também não existe escola que ensine criá-los. Meu amor de mãe é tão grande, que por vezes, chega a sufocar-me. Será que este é o preço de ser mãe! Muito obrigada!
ResponderExcluirLena.