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sábado, 25 de junho de 2011

Liberdade de expressão


(Freedom of Speech - Norman Rockwell)
 -O que o senhor faria se um filho seu namorasse uma negra?
-Preta Gil, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados.
E não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu.

Um famoso deputado tem dito coisas horríveis por aí. Reacionário, conservador (e ultimamente racista) o cara não se cansa de chocar e agredir.

E ele tá no direito dele.
Infelizmente.

A homofobia é crime quando passa para a agressão e discriminação. Mas exigir que todos amem e concordem com os gays é impossível. E dizer publicamente que ele gosta ou não gosta de um certo grupo não se enquadra em crime nenhum.
Se enquadra, sim, na tal liberdade de expressão, que deveria valer para as coisas que eu assino embaixo e as coisas que eu abomino, mas é incrível como somos intolerantes quando não falam aquilo que gostamos de ouvir.

É claro que seria ótimo se todos usassem o bom senso e cuidassem do que dizem por aí.
Artistas quando falam bobagens na mídia perdem contratos e até empregos. Depois ficam no Twitter se justificando de bolas foras que deram.
Gente normal pode falar o que bem entender que perde apenas (apenas?) amigos.
Políticos podem falar o que quiserem que perderão votos.
E ganharão outros.

Por ser político e representar o povo, eu diria que o tal deputado se arrisca muito, mas pode ter certeza de que ele sabe muito bem cutuar as onças e ganha milhares votos com seus comentários. Ele representa bem uma fatia da população (repulicanos ortodoxos? neo nazistas?) que tornará a votar nele nas próximas eleições.
Quem mandou inventarem a democracia? Agora aguentem...

Se podemos dizer que as "mulheres frutas" são vulgares e apelativas (e dizemos isso sem um pingo de dó), também podemos dizer que as lésbicas são vulgares e apelativas. Dói fundo no meu ser, mas tenho que ouvir isso e respeitar a opinião alheia.

E é por isso que existem as leis.
Posso achar a Mulher Mexirica o fim da picada, mas não posso me recusar a dar aulas para o filho dela e nem exigir que ela use o elevador de serviço quando entrar no meu prédio.
PS: não existe uma mulher mexerica, mas é que não posso falar mal de uma única aqui no blog, hehe. Mas existe a mulher abóbora!! Eu vi. Procurem nas imagens do Google!

Posso também detestar a idéia da homossexualidade, mas não posso me recusar a receber um rapaz gay no posto de saúde.
E nem exigir que ele suba pelo elevador dos fundos.

O certo mesmo seria se fôssemos uns fofos e tivessemos uma aceitação incodicional por todos.
Inclusive pelo famoso deputado.
Inclusive pelos membros da Ku-Klux-Klan.
Mas como isso está fora de questão, vamos seguir as leis e exigir os famosos direitos iguais.

E é aí que a coisa complica.
Quem disse que a opinião dos deputados e senadores sobre os gays pode definir os direitos da classe?
Por quê opiniões pessoais (e pior ainda: religiosas) devem interferir no destino dos outros?
Eu, pessoalmente, nunca me casaria com uma mulher, mas sou sensata o suficiente para entender que há mulheres que queiram.
Eu posso acreditar que a vida vale a pena mesmo num estado vegetativo, mas sou sensata o suficiente para aceitar que a eutanásia pode ser o desejo de alguns.
Isso para não voltar a falar do aborto.

Mas as leis são feitas de maneira suspeita e cheia de segundas intenções. Com favorecimento de terceiros e troca de favores.

Nunca queira saber como são feitas as leis e as salsichas.

Bom, falo isso porque um colega me perguntou ontem: "Qual o limite entre a liberdade de expressão e o crime da homofobia? Ou do racismo?"
É tênue e sutil, mas existe e não há nada de errado um cara sentar numa mesa de bar e dizer que tem nojo de preto ou que teria vergonha de um filho gay.
Ele tá no direito dele.

Não é crime, mas ele poderia guardar estas pérolas para si, já que não há nada mais fora de moda do que comentários deste naipe. Não é benvindo em lugar algum.
Mas se ele quer dar a cara à tapa, então que fale.
E aguente os olhares tortos dos amigos.


Agora um adendo:
Tenho uma certa dúvida em relação ao meu trato com gays.
Se trato a coisa como um bicho de 7 cabeças, eu sou tida como preconceituosa e antiquada. Mas... se trato a coisa com naturalidade e totalmente tranquila (como normalmente faço) sou enxerida e intrometida!
Caramba!!! Como nós, os heterossexuais, deveremos lidar com a história?
Qual o mal em perguntar: "Vejo vocês sempre juntos, vocês estão namorando?" ?????
Pergunto isso para amigos héteros, mas para os homo eu não posso perguntar.
Por quê?
Não querem respeito? Eu quero respeitar!! Juro! Mas para tal precisamos falar a sobre o romance ao invés de tratar a coisa como um enorme tabu.

espadas e bainhas gay friendly!
Vou organizar uma passeata EBS: Espadas e Bainhas (o feminino de espada! rs) que são Simpatizantes para podermos discutir estes assuntos
Queremos ajudar!!! Mas não há vias formais para isso.
Sacanagem.

Um comentário:

  1. 'Rapaz, que post complexo da p...!'
    Gostei do tom. Pegou firme, mente empunhada. Isso aí, minha garota Cóguis!
    Smacs.

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