Georges Simenon, mestre belga dos romances policiais, tem uma frase sábia que ele sempre lança diante de um impasse criminal:
-Cherchez la femme.
Que significa: Procure a mulher.
E ela vale para tudo:
Um homem se suicidou? Cherchez la femme.
Um executivo assassinou o sócio e fugiu? Cherchez la femme.
Tipo uma "caça às bruxas" noir.
Uma frase bastante machista, mas não menos verdadeira. Sempre há uma mulher por trás de um acontecimento ruim. Nas grandes guerras, nos escândalos políticos... cherchez la femme!!!
-Os Beatles terminaram?
Repare nas últimas fofocas das pessoas da sua própria convivência e veja se não é verdade. Remexe daqui, investiga dali e a gente chega na tal mulher. Se não fosse por ela, com certeza nada de mal teria acontecido ao mundo.
E Adão já sabia disso...
-Elementar, meu caro Freud... |
Tipo o pai da Luluzinha que sempre era o culpado. Bolinha, fantasiado de Investigador Aranha, já adiantava que o pai da Lulu era o responsável pelo sumiço de tudo. E nunca errava. A amiga ficava brava, ofendida, esperneava, mas não tinha jeito. No fim da história o pai dela era mesmo o culpado e a família ficava sempre envergonhada.
Na psicanálise também é assim. Os pais são os únicos culpados pelos sintomas e ponto final. Nem sei prá quê gastar tanto tempo com investigações para, depois anos, concluirem o óbvio.
O sábio Aranha já poderia prever logo de cara a responsabilidade pelas neuroses e traumas.
Bom, e hoje eu descobri que aqui em casa também tem um culpado por tudo que tem acontecido de errado: o Facebook.
A panela de feijão queimou? Cherchez Facebook.
O casal passou a noite brigando? Cherchez Facebook
As crianças precisam de mais atenção? Cherchez Facebook
Estou engordando? Cherchez Facebook
E por aí vai. O brinquedinho é de graça (e conforme prometem no momento da inscrição: sempre será) mas tem um preço a ser pago. E é salgado.
Certa vez vi na Oprah um neurologista dizendo que não devemos fazer muitas tarefas ao mesmo tempo porque o cérebro humano não está preparado para isso. O foco da atenção fica alterando o tempo todo causando estresse e fadiga neurológica. O programa mostrava mulheres que estavam demasiadamente atarefadas e não perceberam os filhos... morrendo em casa num acidente doméstico qualquer.
Triste demais.
O Facebook nos obriga a cuidar de muitas coisas simultaneamente e também pode causar estresse e fadiga. Sentar para um chat (rapidinho!) enquanto cozinhamos o almoço, encontrar gente enterrada quando estamos felizes e comprometidos, jogar jogos viciantes enquanto tentamos corrigir a tarefa de casa da molecada e focar em bobagens quando tentamos cuidar da vida.
E isso, definitivamente, não é bom para o cérebro. Nem para a nossa paz.
Tudo culpa do Facebook que, cruelmente, invadiu a minha vida e a minha privacidade.
"Shame on you!"
Queime no fogo do inferno!!!
Bom, é claro que os Beatles romperam por causa de mil problemas internos, mas é ótimo definir uma culpada pela tragédia. E posso falar mais: se não fosse pela Yoko, talvez John estivesse vivo, hahaha! Claro que Judas é um pobre coitado sem botas. E é claro que o pai da Luluzinha é um bobão que só pega coisas que estavam no caminho, mas é uma delícia apontar o dedo para o careca no fim da história.
Óbvio também que o Face não tem culpa de nada e o laptop não liga sozinho na minha cara a todo momento, mas prefiro acreditar que ele é que é o vilão que tem me causado tragédias enormes.
Esta semana apertei o botão "excluir conta" e fui dormir. Não dói e é bem fácil! E foi tão bom acordar no dia seguinte sem o Face! Tão bom saber que não tinha nada me esperando, ninguém aguardando a minha resposta e ninguém me contando algo que eu não preciso saber!
Na mesma tarde refiz a bendita conta.
O criminoso pagou a finança e foi liberado.
"They tried to make me go to rehab
But I said 'no, no, no'"
(Amy)
But I said 'no, no, no'"
(Amy)
Putz, como escrevi o post I want you! tenho uma reputação a zelar e, além do mais, não posso me excluir da vida. Mas, desde o dia que saí do Facebook por algumas horas, olho para ele com um certo desprezo e estou feliz da vida sem acessar a coisa toda vez que passo pela mesa do computador.
Mas agora vou ter que encontrar um outro culpado pelos problemas... ai, ai... já sei! Acho que vou culpar meus pais. Elementar meu caro Freud!
Não dói e é bem fácil.
PS: não custa nada dizer que a minha banalização da psicanálise é brincadeira, tá?
No início era o ICQ, depois os chats yahoo, uol ( lembra do filme "you've got mail" e Tom Hanks disse "ahh powerfull words"), depois MSN, Orkut e por fim FB! Nóis é que é muito das curiosa! Num é?
ResponderExcluirQdo no meu trabalho proibiram o MSN fiquei brava, mas no fundo eu sabia q era MELHOR COISA que haviam feito pro meu rendimento!
Beijus
Tania
No início, início mesmo, era o "Disk Amizade",hahah, lembra?
ResponderExcluirÉ libertador e relaxante perceber que, assim como os meus pequenos viciados em videogame, nós adultos também precisamos de limite e alguém de fora dizendo que estamos extrapolando. Um chefe que proibe MSN sabe o que diz! Não sou e nem nunca fui viciada em nada (nem café eu tomo!) mas este ano que passou eu percebi na pele o que é larica ficando longe da net por uns dias. Triste... Vamos ver se eu começo a usar as coisas "moderadamente", dentro do que o ministério da saúde recomenda! Outro beijo enorme em vc e nas duas periquitas! Lindas!!!!!