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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mardito fiapo de manga






Sabe quando você passa o Domingo num churrasco, chega cansado em casa, toma um banho e vai passar fio dental naquilo que vem te incomodado desde a picanha? É um momento de expectativa e felicidade, não é? Aí você abre a caixinha, puxa o fiozinho branco e... apenas 6cm dele caem na sua mão.
E é só neste momento que você percebe que o fio dental acabou.
O fim de um fio dental é assim. Você tinha e, no segundo seguinte não tem mais. Fio dental não avisa que está acabando e deixa você na mão com inúteis centímetros justamente no momento em que você mais precisava dele.
Existem divórcios que são assim também. Você estava casado e feliz e, minutos depois, não está mais. Casado... nem feliz.
Pronto. Acabou.
Não é incrível? Sem crises, sem terapias de casal, sem madrugadas discutindo a relação, nada disso. Conheço divórcios que são assim. Não dá nenhuma pista de que o casamento vai terminar e pega o público totalmente desprevenido: "Nossa, mas eles pareciam tão felizes juntos!!".
Pois é. Hoje eu chamo isso de divórcio "fio dental".


Em compensação existe o terrível divórcio "shampoo". Você sabe que o casamento está acabando, sabe que não tem mais jeito, mas inventa mil artifícios para manter a coisa funcionando.
Primeiro agitamos bem para extrair o restinho do amor. "Deve haver algo bem lá no fundo que ainda me prende a ele!!".
Depois que isso já não dá  mais certo, o próximo passo é colocar o casamento/shampoo de cabeça prá baixo: terapias de casal, tempo no relacionamento, refazer o trajeto para descobrir onde a chama da paixão se perdeu. Reviramos a coisa pelo avesso tentando encontrar outro ângulo para enxergar melhor a relação.
Quando isso também já não resolve, jogamos água no shampoo/casamento e ficamos algum tempo nos contentando com a mistura rala que sobrou. E é incrível como a gente se engana fácil ao concluirmos que o cabelo fica ó-ti-mo mesmo com o shampoo diluído em meio litro de água.
Bom, um dia ele acaba e vai para o lixo, já que nada podemos fazer com um frasco vazio de shampoo. Mas até isso acontecer, houve um processo longo e penoso.
E o divórcio shampoo, infelizmente, é o mais tradicional.


Tem também o divórcio "sabonete".
É um clássico.
"Sabão cri-cri, não deixa o seu casamento cair"
Quando o sabonete/casamento está acabando e percebemos que ele já não é suficiente para dar conta do recado, pegamos outro sabonete, grudamos um no outro, e ficamos um tempo felizes com a inovadora mistura.
Podemos unir o caco velho num sabonete novo. Um cara solteiro, livre e disposto a ser usado.
Mas na maioria das vezes grudamos nossa lasca de sabonete antigo em um outro sabonete, também velho! Aí dois casamentos falidos se unem para tentar se fortalecer mutuamente e sobreviver ao fracasso iminente.
É comum uma mulher frustrada com o casamento encontrar um homem também com sérios problemas matrimoniais. Uma união aparentemente perfeita.
O grande problema disso é que, quando misturamos os sabonetes, deixamos de identificar onde começa um e onde termina o outro. Fica difícil saber se a sua tristeza é por causa do seu marido que insiste em ser agressivo ou por causa do amante que não telefonou. Fica tudo confuso e bagunçado.
E, prá piorar, quando a coisa termina você não sabe extamamente o que foi que acabou.
Estranha sensação.


Mas, felizmente, existe também o divórcio "perfume francês". O casamento/perfume é bom e dura uma eternidade, parece que nunca vai acabar. E, mesmo quando termina, sempre há uma derradeira gota para te sustentar por um bom tempo. Não vamos atrás de um outro perfume porque só a essência do casamento antigo já satisfaz. Continuamos sentindo o parceiro como se ele realmente estivesse lá. E quando, lentamente, a essência termina, não jogamos água dentro, nem chacoalhamos, nem batemos no fundo.
Não.
Nada de histerismos. Podemos continuar apreciando o casamento. Suas lembranças se tornam eternas e ainda conseguimos dar uma nova roupagem ao maravilhoso vidro de perfume vazio.
Conheço muitas pessoas que se divorciaram neste ano. Desejo a todas um divórcio "perfume francês" e que as experiências passadas enfeitem a rotina dura da adaptação à nova vida.

 -Ah, como era gostoso o meu francês


3 comentários:

  1. Perfeitas metáforas, como sempre! Parabéns!

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  2. Também sou sua fã. Não abro toda semana, mas quando abro, fico horas curtindo.Parece que estou vendo você falando co seu charme e graça ao dizer as coisas. Adoro seu blog e vou continuar lendo. Um beijo. Eliani de Araujo.

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  3. acho que esse e o ano do divorcio mesmo. Pra todos os lados que olho, so vejo casais se separando.

    inaier.blogspot.com

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