Vou explicar.
O ser humano é naturalmente apegado, e as relações interpessoais são um exemplo clássico do alcance ensandecido deste apego. As românticas, principalmente.
Entretanto, é moderno e louvável a gente lutar pelo desapego: erguer nossas espadas fálicas e nos declararmos independentes para ir e voltar quando quisermos dos amores. A sociedade aplaude de pé alguém que supera a perda de um grande amor e, rapidamente, se redescobre na solidão emancipada. É admirável alguém sair de um casamento e ficar feliz com uma vida ao som do mar e à luz do céu profundo.
Mas...
Hoje em dia aprendi que batalhar pela dependência é uma luta igualmente dura. ABAIXAR a espada nas margens plácidas e, amorosamente, aceitar pertencer. Aceitar se submeter às vontades do outro. Acatar condições, enfiar o rabo entre as pernas e voltar para casa com humildade.
E eu descobri que isso também é lindo.
O povo que declara "independência ou morte" sai de um divórcio cheios de milho, crente que estão arrasando, enquanto os que declaram a dependência já voltam com o fubá pronto. Já assumiram o desejo de partir, já sentiram o gosto da liberdade, já curtiram as delícias da solteirice, já sofreram de saudade, já se humilharam pedindo o perdão, já aceitaram a nova condição de vida compartilhada ad eternum e voltam agora felizes, crescidos.
Aos olhos de alguns parece que são uns fracos, indecisos e imaturos, mas o povo que separa e volta apenas anda na contramão do apego.
Em geral são famosos por serem rebeldes. São transgressores pela própria natureza e, por isso, têm como missão, dentro do casamento, aprender a serem submissos e aceitar as regras caretas de uma relação a dois. Enquanto uns são demasiadamente apegados e precisam lutar pela individualidade dentro de um casamento (levantando espadas, gritando e exigindo o seu espaço com braços fortes), estes transgressores parecem que nasceram emancipados e, um dia, percebem que, para serem felizes e completos, precisam assinar uma carta de escravidão.
E isso pode ser duro! Pode parecer estranho, pode incomodar muito, e pode demorar tempo.
Essa história me fez lembrar de uma adaptação minha de uma famosa frase do Tom Jobim: "Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom."
"Ser casado e bom, mas é uma merda.
Ser solteiro é uma merda, mas é bom."
E não é verdade???
Cada um tem uma aprendizagem a fazer na solteirice. Cada um tem uma aprendizagem a fazer no casamento. Uns precisam aprender a independência. Uns precisam batalhar pela dependência.E todos precisam ser felizes em um formoso céu, risonho e... límpido!
Desejo a você, amiga aniversariante, paz no futuro e glória no passado. E obrigada por seus ensinamentos.
Para ilustrar esta história, além do Roberto Carlos (que voltou, e agora é prá ficar porque aqui, aqui é o lugar dele) tem uma bela música do Reginaldo Rossi regravada de maneira incrível. Melhora bem no minuto 2:46.
Agora fica a dúvida: será que a moça só voltou porque os outros homens a deixaram pela manhã???
Ahahahah, se eles tivessem ficado, será que ela voltava?
Ouçam a música e tentem me responder.
Ah, e ouçam também a versão original, cafonérrima aos ouvidos mais conservadores, mas uma pérola.
Claudia, parabens, mais uma vez! Sempre melhor! Bjs Pati
ResponderExcluirPô blogueira, gosto muita de sua escolha musical, mas foi justamente desprezar a versão original do Desterro? Tem qualquer coisa melhor que aqueles agudos de Don McLean com um órgão de churrascaria? rsrs
ResponderExcluirMeu slogan favorito : melhor mal acompanhado do que só ! Outro : voce quer ter razão ou quer ser feliz ? De vez em quando engolir uns sapos faz bem a saúde .
ResponderExcluirMil vezes a versao original:)
ResponderExcluirsaudades, Clau
xox
Re