Mas tenho uma amiga que almoça e janta um prato de caminhoneiro, come o dia todo e é sempre magra e elegante. O famoso e inatingível manequim 36.
Ela é a tal magra de ruindade que dá inveja no Luis Fernando Veríssimo.
E no resto do mundo.
Existem também as "lindas de ruindade". Não admiro pessoas que ficaram lindas depois de apliques, alisamentos, botox, plásticas, lipos e mil e uma intervenções. Ficar linda depois disso não é mais do que uma obrigação.
Me encanto é com as "lindas de ruindade". Mulheres que não fazem absolutamente nada e desfilam pela praia com corpos perfeitos, passam os dias no sol e no mar com os cabelos sempre lindos e sedosos, nunca usam cremes e tem a pele lisa e saudável. Vão a uma festa sem precisar passar pelo salão de beleza e reinam absolutas.
Mas hoje quero falar dos "bons de ruindade".
Vou explicar...
Tem gente que é bom porque o pai, padre, prefeito ou qualquer zé mané mandou ele ser bonzinho. Esta semana ouvi:
-Sinto que estou melhorando, estou ficando mais responsável e maduro. Mas tem algumas coisas que ainda preciso mudar: sou racista e detesto gay. Os gays me dão vontade de... socar.
Pois é.
Essa pessoa está fazendo um belo trabalho interno tentando mudar a crença de que é um ser superior. Ele sabe que está errado pensando assim, sabe que precisa mudar e traçou isso como meta para 2012.
E esta, se me permitem dizer, é uma belíssima meta!
Mas se ele passar a vida sem destruir a cara de um homossexual na rua é apenas mérito de alguém que, um belo dia, lhe explicou que isso é errado. Precisou acontecer aí uma aulinha de como ser uma boa pessoa, e, felizmente, podemos ter estas aulas em vários lugares.
Todas válidas e muito úteis!
Mas este homem ao qual me referi acima não é um "bom de ruindade". É um bom fabricado e moldado às necessidades sociais.
Entretanto, conheço pessoas que nunca nem pensariam em odiar alguém diferente. Pessoas que naturalmente se mobilizam diante do sofrimento alheio, que tem compaixão óbvia e imediata por um estranho. Que não criticam o cara porque ele gosta de uma música esquisita. Que não metem a boca numa coitada que se matou de rir por causa de uma garota que foi para o... Canadá.
Tem gente que nunca se incomodaria em aceitar algo diferente de si mesmo. São os "bons de ruindade" que, mais, muito mais do que os lindos e os magros, poderiam também ser invejados pelo Luis Fernando Veríssimo.
E pelo resto do mundo.
Veja só: ambos os bons (os fabricados e os de ruindade) são válidos e necessários para vivermos em comunidade. Mas precisamos urgentemente descobrir qual é o segredo da generosidade genuina para podermos clonar estes seres e reproduzirmos em série pelo mundo afora. Sim, porque dá MUITO trabalho tornar uma pessoa boa. Ainda mais que eles vão crescendo e se tornando espertinhos, precisando de argumentações cada vez mais elaboradas. Ou algo assim: Como explicar direitos gays a pessoas com discursos estúpidos
Os 10 mandamentos serão repetidos, tipos: ad eternum??
Jura que precisaremos para sempre de regras civis e religiosas para ensinar o... óbvio????
Por isso admiro as pessoas que nunca precisaram de um livro sagrado para entender como respeitar e o cuidar do próximo.
Admiro os agnósticos musicais que não amam música cafona, mas não pregam aos quatro ventos qual é a música certa a ser ouvida. E também adoro os sábios do humor que admitem que mesmo uma babaquice pode ser bastante gozada. Que um programa de TV ruim pode ser legal para alguns e ainda dar margens para questionamentos interessantes.
Que o bom é aquilo que a gente... gosta.
Como é estranho perceber o desrespeito e o ódio brotando no meio de uma bobagem!! Ou entre uma música e outra.
Quando foi que passamos a ser pregadores chatos e irritantes sobre aqilo que é bom para os outros?
Os bons fabricados andam com defeitos de fabricação...
Poxa Claudinha... EXCELENTE!!! As duas últimas frases são simplesmente geniais. Já estou com saudade de você, viu? Bjo!
ResponderExcluir"Quando foi que passamos a ser pregadores chatos e irritantes sobre aqilo que é bom para os outros?"
ResponderExcluirkkkk....quando inventaram os Blogs........desculpa claudinha, nao pude evitar. Dede (um ruim de ruindade).
Liga não, querida. Existem ruins de ruindade sim.
ExcluirÉ isso aí, falou e disse. Vamos gostar do que a gente gosta!!
ResponderExcluirRsrs, os ruins de ruindade gostamde provocar blogs dogmáticos e catequisadores como este que vos fala. Mas sou uma típica boa de ruindade e amo de paixão aqueles que me provocam: "Vem cá Dedé, me dá a tua mão...".
ResponderExcluirNo fundo ele me ama e acho que le o blog todo dia santo e todo santo dia.
Dede, tem clube dos ruim de ruindade? Onde e que eu assino?
ResponderExcluirINAIE
Ah, que bom q vc voltou! Este post veio em boa hora e na nossa próxima conversa, lhe contarei o porquê. Bjo, amiga querida.
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