Existe mesmo esse prêmio? Tô dentro! Podem colocar meu nome lá.
Hahaha...
E, para entrar de vez na competição da maior contestadora do mundo, hoje eu vou chutar o pau da barraca.
Já estou preparada para virar o novo Salman Rushdie tropical e chocar o mundo com meus versos satânicos.
Ou o dinamarquês que teve a brilhante idéia de fazer um desenho engraçadinho do profeta Maomé e acabou sendo jurado de morte a causando um mega problema diplomático para o país.
Meu blog vai começar a ser censurado, como o daquela cubana que acabou ficando famosa e hoje é uma das 100 personalidades mais influentes do mundo. Oba!
Acho que vou ficar o resto da minha vida escondida aqui na roça, sem poder colocar a cara na civilização.
Mas tudo bem, é o preço que vou pagar para revelar hoje a nudez de mais um rei.
Lá vai:
Algumas crianças vítimas de bullying são mesmo bem estranhas.
tum, tum, tssssssssssssssssssss
(ai, eu adoro este barulhinho de tambor no momento de tensão)
Veja bem, não são todas e nenhuma delas merece o tratamento traumatizante que recebem, mas eu acho que, ao contrário do que diz o mundo midiático, um grupo de crianças e adolescentes não pegam qualquer um para Judas, indiscriminadamente. Nada é assim tão aleatório.
Ok, sei que é difícil ouvir isso, mas vamos por parte:
Vocês já viram o programa "O Índice da Maldade", no Discovery Channel? Um psiquiatra forense analisa a mente dos maiores psicopatas do mundo. Reconstrói a história pessoal de todos tentando compreender como foi que aquele ser humano conseguiu chegar a ser um serial killer frio e insensível.
E sabe o que os psicopatas tem em comum? TODOS eram isolados, estranhos, nada populares e sofriam na escola do que hoje chamamos de bullying.
E aí chegamos no dilema do ovo e da galinha: será que eles ficaram isolados porque eram discriminados ou eram discriminados pelas outras crianças justamente por serem estranhos e isolados?
Neste caso, eu aposto na segunda opção.
Digo isso porque algumas crianças que conheci vítimas de bullying (não todas!!!!) eram, na verdade, arrogantes, metidas, cruéis e vingativas. Tinham uma estranha mania de grandeza, uma insensibilidade com os problemas dos outros, e POR CAUSA DISSO eram isoladas do grupo.
E isso não acontecia só na escola.
As mães dos psicopatas do "Índice da Maldade" (sim, eles também têm mãe!) dizem que, muito antes dos filhos entrarem na escola, eles já eram crianças ruins que matavam bichos e ficavam felizes com o sofrimento dos outros.
Bom, aí um pequeno ser desses entra na escola, não é bem recebido pela turma (óbvio), compra uma metralhadora, mata uma dúzia de alunos e os jornais dizem que é culpa do bullying.
Não acho.
Não acho que um grupo de crianças é tão cruel a ponto de crucificar um coitadinho bacana e legal.
Na minha opinião o grupo possui uma sabedoria própria que deve ser melhor entendida.
Nas escolas que eu frequentei, as crianças que sofriam na mão do grupo eram mesmo chatas, dedo-duros, faziam intrigas, eram intolerantes, competitivas, exibidas... não eram vítimas!
Eram elas que infernizavam a nossa vida em sala de aula!!!
-Dona, ele tá colando!!
-Tia, eles não fizeram silêncio quando a senhora saiu para ir na secretaria.
-Quanto você tirou na prova? Oito? Ah.... eu tirei dez!
Você já estudou com crianças assim? Eu já, muitas, e todas foram isoladas e discriminadas.
Os nerds, quietinhos, bonzinhos, na deles, eram respeitados. É claro que sempre tem um idiota ou outro para fugir da regra e tirar sarro dos mais frágeis, mas nem sempre é assim.
Podia acontecer de não serem chamados para as brincadeiras, não serem convidados para as festinhas, tadinhos, mas eram respeitados. E com o tempo iam se organizando, formando um grupinho deles, aí se fortaleciam e ficavam bem.
E mesmo nesse grupo dos CDFs, os chatos e estranhos nunca foram bem recebidos.
Conheço profissionalmente crianças com deformidades faciais gravíssimas, criança com síndromes autistas, sérias dificuldades de locomoção, de várias cores e tamanhos que conquistam mil amigos e são muito felizes na escola.
Trabalhei com crianças com câncer. Carecas! Que todos os colegas amavam e cuidavam.
Porque são legais!
E se não conquistavam mil amigos eram, pelo menos, respeitados pelo grupo.
É claro que um apelido chato aparece de vez em quando, mas isso faz mesmo parte da vida. Eu já recebi vários. Chorei um pouco, mas isso se chama: viver em grupo!
Não conseguimos e nem devemos poupar as crianças dos inevitáveis problemas sociais.
E temos que tomar cuidado para não chamar de bullying toda e qualquer briga entre a molecada. E também para não entrar em brigas de crianças como aquelas mães que se pegam porque o filho de uma mordeu a filha da outra.
Muita calma nessa hora!!!
Sim, existem estatísticas mostrando que vítimas de bullying tem um índice maior de depressão, baixo rendimento escolar, suicídio, psicose e todos os meninos que entraram para a história metralhando colegas nas escolas eram também vítimas de preconceito.
Mas aí voltamos na história da galinha e do ovo.
Qual será a causa e a consequência disso tudo?
Uma vez recebi um paciente que tomou Roacutan (remédio forte para o tratamento de acne) e nessa época entrou em depressão e teve surtos psicóticos. Liguei no laboratório para conversar com o médico responsável e conhecer direito os efeitos colaterias. O cara estava com o mesmo dilema que eu porque os adolescentes com acne tem mesmo uma auto estima abalada, sofrem mais com a depressão que, por sua vez, leva ao suicídio. E também estão na adolescência, fase ideal para se começarem os surtos psicóticos. Existem sim casos de suicídio e depressão e esquizofrenia em jovens que tomam Roacutan, mas como dizer com certeza qual é a parcela de culpa da medicação?
Bom, hoje pensei muito nisso porque vi a entrevista do moleque dentuço que apanhou do gordinho na Austrália.
Não viram o vídeo? Não vou mostar. Me recuso a divulgar algo deste tipo.
Fico pasmada como uma bobagem dessas pode correr na net com tamanha crueldade.
O menino está jurado de morte, tadinho. Os pais dele estão desesperados!
Ele foi um imbecil? Foi. Mereceu apanhar? Claro! Mas a coisa devia ser resolvida alí. Quem é o idiota que acha que pode crucificar um moleque porque ele tirou sarro de um colega. E ele diz que foi o gordinho que começou!!! Talvez ele tenha razão. Ou não, mas eles que são adolescentes que se entendam.
E a escola deles que resolva o problema!
Resumo da ópera: devemos obviamente ensinar nossos filhos a terem valores, a se socializarem, a serem tolerantes com as diferenças, a dar exemplos dentro de casa, blá, blá, blá.
Parece simples, mas não é!!
Devemos exigir que a escola tenha tolerância zero com o bullying e seja rígida com qualquer tipo de discriminação dentro e fora das suas salas de aula.
Mas não podemos exigir que as crianças se amem incondicionalmente. E não temos como evitar que colegas esquisitos e maus estudem na sala de aula dos nossos filhos e, consequentemente, recebam o tratamento adequeado por suas bobagens.
Das crianças e da diretoria.
Claudia
ResponderExcluirCuidado ao afirmar que as cçaa que sofrem Bulling são futuros psicopatas, até por que ninguém se torna um psicopata. Eles nascem assim.E não existe cura, então, acho que aqui podemos dizer que os psicopatas TAMBÉM podem ser vítimas de bullyng. Mas há mtas cças que sofrem anos caladas..e não são problemáticas ou qq coisa parecida.
O Bulling existe e há de ser tratado com seriedade.
Generalizar que uma cça que sofre Bulling "merece"pq é estranha...é muito perigoso, vc nao acha?
Não li o mesmo post que a leitora que fez o comentário acima, eu acho!
ResponderExcluirNão foi dito que alguém mereça sofrer o Bullying, foi dito apenas que em muitos casos, quem sofre o Bullying é "meio estranho", esquisito, puxa saco, intrigueiro ou apenas chato pra caramba!!! Aqui vai a passagem do texto: "Veja bem, não são todas e nenhuma delas merece o tratamento traumatizante que recebem..." Concordo! Violência não!! Física ou psicológica!!
O assunto é polêmico!! Claudinha, vc vai ter que se esconder em um endereço secreto a partir de agora. Boa sorte!!
concordo em parte, Cláudia.
ResponderExcluirMas discordo da tal "sabedoria do grupo". Acho que grupos legitimam ações tolas, que não existiriam individualmente. Há casos bem sérios disso, principalmente entre adolescentes - os mais gordos, gays, tímidos, são barbarizados pelos bonitinhos populares - filmes de high school americanos retratam bem esse universo. Vejo isso todo dia - e se conversamos individualmente com os agressores, eles espanam totalmente: o grupo é que permite uma espécie de anonimato bem cruel.
Vi esta semana na GloboNews que há grande falta de engenheiros no país, e em parte isso se deve à discriminação que as crianças que possuem habilidades matemáticas sofrem nas escolas. Minha convicção é a de que o grupo sempre tende a assumir a atitude do elementop menos qualificado, a não ser que haja um líder, que não é necessariamente o mais qualificado. Vide os nossos tiranetes latinoamericanos.
ResponderExcluirDa pra você fazer um paralelo entre esse texto e do Anti Darwin ? Esta me parecendo meio contraditório você afirmar que uma criança nasce psicopata quando você e Lamarkiana.
ResponderExcluirAh, nada como um tema polêmico!!
ResponderExcluirNão sou eu que afirmo que os piscopatas nascem assim. Diz a lenda que psicopatia é igual olho azul: ou você nasce ou não. É um problema muito mais neurológico do que ambiental. Eu não tenho como questionar esta afirmação, mas se isso for verdade, caberia o diagnóstico precoce e o trabalho com a família para contornar os problemas que aparecerão, e a exclusão social é um deles.
Eu disse que as crianças vítimas de bullying merecem? São futuros psicopatas?? Ufa, ainda bem que não! Seria mesmo um absurdo...
Bom, mais uma vez vou atuar como o advogado do diabo ( no caso, o diabo é um anjo - Claudinha)... O grande ponto do post é que os problemas de relacionamento entre crianças e entre adolescentes muitas vezes são coisas corriqueiras motivadas por diferenças de comportamento e que o próprio convívio irá lapidar chegando à uma situação aceitável. Ou seja, o meio em que o indivíduo está inserido irá determinar e moldar as suas características. LAMARKISMO!!!
ResponderExcluirPOUCOS são os casos reais de Bullying, normalmente, esses são sim contra pessoas que nasceram completamente fora dos padrões aceitáveis de convivência. O que NÃO justifica violência fisica ou psicológica. DARWINISMO!
Hahahaha!! Anônimo, venha me visitar no meu exílio! Ia começar a explicar num próximo post exatamente isso que vc disse (e que me parece tão óbvio) mas tenho você ao meu lado e não preciso me preocupar com o cyberbullying de gente que tem raiva do dentuço autraliano e querem descontar a raiva em mim, rsrs.
ResponderExcluirmais uma vez vc foi perfeita e afiadíssima! Parabéns
ResponderExcluirPosso te visitar no seu abrigo antinuclear, Claudinha? ;))
ResponderExcluirBom, eu não tenho embasamento teórico nenhum pra dar palpite, e apesar de concordar com o que você disse, acho que alguns casos importantes ficaram de fora.
Então te pergunto, pra acrescentar (porque li a respeito desses casos em outros blogs): E o rodeio de gordas? E as moças de cabelo muito crespo que precisam aturar as eternas piadas dos coleguinhas? Será que toda gorda tem a "obrigação" de emagrecer? Será que toda a menina de cabelo crespo precisa fazer escova pra ser aceita em sociedade?
São só algumas coisas que me passaram por aqui.
(Ah, adoro quando você incorpora o Salman Rushdie!)
Beijo!
Sil, as respostas para estas perguntas são de um óbvio tão ululante que eu juro que não imaginei que precisasse falar dele.
ResponderExcluirMas vc tem razão, acho que eu deveria chover no molhado, como as pessoas dos outros blogs que vc deve ter lido. Tem gente que não entende nada quando fugimos do óbvio.
E vamos então aos dez mandamentos da escola: não montar na gorda, não tirar sarro da menina de cabelo ruim, não judiar do crânio em matemática, deixar os gays serem gays em paz, blá, blá, blá...rsrsrs.
Precisa, né?
Bjs
É, as perguntas já eram respostas em si, né não?
ResponderExcluirMas as vezes chover no molhado ajuda a limpar as ideias. Falo por mim.
Beijo
O bulling existe é sério. Crianças mudam de escola por isto. As escolas estão trabalhando para esclarecer os alunos sobre o mesmo e provavelmente as coisas vão melhorar. Tomara.
ResponderExcluirSalman Rushdie?? Pretensiosa...
ResponderExcluirCláudia, me identifico muito com suas palavras.
ResponderExcluirParabéns pelos textos.
Livro interessante para ler a respeito desse assunto é: Precisamos falar sobre o Kevin - Lionel Shriver.
Até onde somos culpadas pela educação de nossos filhos?
Um abraço
Finalmente estou me atualizando no blog... A questão é polêmica mesmo! Precisaria de muitos posts, seminários, conversas e pesquisas, mas a essência da idéia e as informações são muito interessantes... Mais uma coisa: AMO Salman Rushdie... De verdade! Já li uns cinco livros dele, inclusive o tal famoso! É um de meus autores preferidos... Acho que algumas idéias precisam ser levantadas e debatidas mesmo, sem guerra santa! Com criatividade e uma escrita deliciosa como a sua e a de Salman! Bjos.
ResponderExcluirOi, Claudia!
ResponderExcluirAmei seu blog e compartilho de sua opinião quando o assunto é bullying, Gostaria de ver seu perfil, qual sua profissão?
Conceição
Oi Conceição!
ResponderExcluirQue aliívio, rsrsrs, quando vi que havia mais um comentário aqui no post do Bullying eu pensei: "vixi, lá vem bomba!". É um assunto muito complicado de ser faladosob outroas pontos de vista e, por estar na moda, o povo se altera mais.
Sou psicóloga. Qualquer coisa conversaremos melhor no email: clafontegoncalves@gmail.com.
Bjs Clau