Faleceu.
A equipe inteira se chocou com a triste ironia da lápide da criança carregar, impressa, o local exato da patologia letal da menina.
Meu primo se chama Rafael Prudente e quando cresceu decidiu ser dentista. Foi trabalhar pru dente e usa com orgulho seu sobrenome no cartão profissional.
Existem vários exemplos assim: obstetra Dra. Maria da Luz, urologista Dr. Reinaldo Pinto, etc e tal.
Namorei certa vez um Ricardo Brochado.
Torço para que ele esteja bem...
Bom, tenho uma única irmã que se chama Renata, ou seja, "aquela que renasce".
E ela é realmente uma Fênix que se redescobre em cada ambiente. Minha irmã sempre honrou o nome que recebeu e eu tenho orgulho dela por isso.
Mas o meu nome, em todos os dicionários de banca de jornal, que dizer: "aquela que manca".
Quando eu era pequena descobri isso e odiei este tolo e vergonhoso significado.
Depois de anos eu descobri a razão disso. Claudius era um imperador que nasceu com um problema ortopédico e, por isso, mancava. E desde então o nome Claudio virou sinônimo de pessoa que manca, que "claudica".
Mas sempre me questionei: E antes do Claudius nascer? Antes dele começar a andar de forma desequilibrada e torta, o que o nome dele significava?
Nunca obtive a resposta.
Quando recebi o diagnóstico de Esclerose Múltipla e comecei a mancar fiquei com raiva do dia em que fui batizada com um nome tão estúpido.
Puxa vida, uau, que engraçado! Agora eu podia me gabar por entrar na lista dos nomes proféticos e irônicos.
Mas mês passado um amigo me escreveu me libertando da maldição claudicante do meu futuro.
Claudius, muito antes de ser nome de um imperador manco, tinha outro significado. Queria dizer... fechado! Em clausura.
Ok, não é grande coisa, eu sei, mas na hora representou muito para mim.
Prefiro ser fechada do que manca. E ser fechada dá um ar misterioso, secreto e, por que não, virginal.
E o mais gozado é que desde que ele me escreveu contando da sua descoberta eu não manco mais. Me libertei do significado ipsis litteris da minha identidade como Claudia, aquela que manca, e agora posso me reinventar como uma nova pessoa.
Agora sou... fechada.
Porém, anteontem estava assistindo "House" e percebi que ele é o cara mais interessante do mundo.
Gregory House é Deus.
Foreman (médico negro da equipe): Acho que você é racista, House.
House: Por que diz isso?
Foreman: A cada dia que passa você vem me tratando pior.
House: Então pode descartar racismo. Você era da mesma cor na semana passada.
Generoso, inteligente, rápido e sensível (apesar de não demonstrar). E sexy, e bonitão, e... manco!
But, who cares??
Eu me apaixonaria fácil pelo com Dr. House se trabalhasse naquele hospital. O fato dele usar uma bengala é o que menos importa na figura atraente e cativante do cara.
Esses dias vi um vídeo de um adolescente gay que colocou no youtube um agradecimento à Lady Gaga por ajudá-lo a ser feliz com a sua condição sexual.
O que ela fez para merecer isso eu não sei (e o fato dele ter se suicidado semana passada é o que menos importa).
Digo isso porque vou colocar no youtube um agradecimento ao Dr. House por me deixar otimista com a perspectiva de um dia usar uma bengala fashion. Até já imagino o que ele dirá, emocionado, ao ver a minha homenagem:
- Você vai acreditar em mim? Eu minto sobre tudo, Claudinha. Mentiras são como as crianças: apesar de incovenientes, o futuro depende delas.
Ou alguma outra compilação qualquer de suas frases que bombam na web.
Fofo!
Hoje sou feliz por, um dia, me tornar uma manca charmosa e sexy como House.
E, prá completar, agora mesmo eu me daparei com isso na Bíblia:
"Nunca confie em uma pessoa que não manca, nunca deposite confiança em alguém que não tem a marca do toque de Deus!" (João 4.23)
De onde este povo tira isso???? Segundo a Bíblia: Claudia= aquela que tem a marca do toque de Deus.
E que toque pesado!
Mas como não acredito em camelos passando pelo buraco da agulha, não devia também acreditar em significados absurdos como fechada, manca e muito menos em toque de Deus.
Bullshit!
E como diz o meu guru, meu mestre :
"Religião não é o ópio do povo. É o placebo"
(G. House)
Claudia, Luciana, Patrícia, Marx, Deus, tarô, homeopatia, antibiótico, mapa astral, numerologia, superstição...
Nada faz sentido afinal.
A racionalidade precisa e certeira do Doutor House é o que me importa agora.
I just belive in House.
Tããããão libertador isso...