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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Home sweet House

Certa vez atendi no hospital uma garotinha de 6 anos que se chamava Karina Medula que tinha um tumor na... medula.
Faleceu.
A equipe inteira se chocou com a triste ironia da lápide da criança carregar, impressa, o local exato da patologia letal da menina.

Meu primo se chama Rafael Prudente e quando cresceu decidiu ser dentista. Foi trabalhar pru dente e usa com orgulho seu sobrenome no cartão profissional.
Existem vários exemplos assim: obstetra Dra. Maria da Luz, urologista Dr. Reinaldo Pinto, etc e tal.
Namorei certa vez um Ricardo Brochado.
Torço para que ele esteja bem...

Bom, tenho uma única irmã que se chama Renata, ou seja, "aquela que renasce".
E ela é realmente uma Fênix que se redescobre em cada ambiente. Minha irmã sempre honrou o nome que recebeu e eu tenho orgulho dela por isso.

Mas o meu nome, em todos os dicionários de banca de jornal, que dizer: "aquela que manca".
Quando eu era pequena descobri isso e odiei este tolo e vergonhoso significado.
Depois de anos eu descobri a razão disso. Claudius era um imperador que nasceu com um problema ortopédico e, por isso, mancava. E desde então o nome Claudio virou sinônimo de pessoa que manca, que "claudica".
Mas sempre me questionei: E antes do Claudius nascer? Antes dele começar a andar de forma desequilibrada e torta, o que o nome dele significava?
Nunca obtive a resposta.

Quando recebi o diagnóstico de Esclerose Múltipla e comecei a mancar fiquei com raiva do dia em que fui batizada com um nome tão estúpido.
Puxa vida, uau, que engraçado! Agora eu podia me gabar por entrar na lista dos nomes proféticos e irônicos.

Mas mês passado um amigo me escreveu me libertando da maldição claudicante do meu futuro.
Claudius, muito antes de ser nome de um imperador manco, tinha outro significado. Queria dizer... fechado! Em clausura.
Ok, não é grande coisa, eu sei, mas na hora representou muito para mim.

Prefiro ser fechada do que manca. E ser fechada dá um ar misterioso, secreto e, por que não, virginal.
E o mais gozado é que desde que ele me escreveu contando da sua descoberta eu não manco mais. Me libertei do significado ipsis litteris da minha identidade como Claudia, aquela que manca, e agora posso me reinventar como uma nova pessoa.
Agora sou... fechada.


Porém, anteontem estava assistindo "House" e percebi que ele é o cara mais interessante do mundo.
Gregory House é Deus.

Foreman (médico negro da equipe): Acho que você é racista, House.
House: Por que diz isso?

Foreman: A cada dia que passa você vem me tratando pior.
House: Então pode descartar racismo. Você era da mesma cor na semana passada.

Generoso, inteligente, rápido e sensível (apesar de não demonstrar). E sexy, e bonitão, e... manco!
But, who cares??
Eu me apaixonaria fácil pelo com Dr. House se trabalhasse naquele hospital. O fato dele usar uma bengala é o que menos importa na figura atraente e cativante do cara.

Esses dias vi um vídeo de um adolescente gay que colocou no youtube um agradecimento à Lady Gaga por ajudá-lo a ser feliz com a sua condição sexual.
O que ela fez para merecer isso eu não sei (e o fato dele ter se suicidado semana passada é o que menos importa).

Digo isso porque vou colocar no youtube um agradecimento ao Dr. House por me deixar otimista com a perspectiva de um dia usar uma bengala fashion. Até já imagino o que ele dirá, emocionado, ao ver a minha homenagem:

- Você vai acreditar em mim? Eu minto sobre tudo, Claudinha. Mentiras são como as crianças: apesar de incovenientes, o futuro depende delas.

Ou alguma outra compilação qualquer de suas frases que bombam na web.
Fofo!
Hoje sou feliz por, um dia, me tornar uma manca charmosa e sexy como House.

E, prá completar, agora mesmo eu me daparei com isso na Bíblia:
"Nunca confie em uma pessoa que não manca, nunca deposite confiança em alguém que não tem a marca do toque de Deus!"  (João 4.23)

De onde este povo tira isso???? Segundo a Bíblia: Claudia= aquela que tem a marca do toque de Deus.
E que toque pesado!

Mas como não acredito em camelos passando pelo buraco da agulha, não devia também acreditar em significados absurdos como fechada, manca e muito menos em toque de Deus.

Bullshit!

E como diz o meu guru, meu mestre :

"Religião não é o ópio do povo. É o placebo"
(G. House)


Claudia, Luciana, Patrícia, Marx, Deus, tarô, homeopatia, antibiótico, mapa astral, numerologia, superstição...
Nada faz sentido afinal.
A racionalidade precisa e certeira do Doutor House é o que me importa agora.

I just belive in House.

Tããããão libertador isso...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Anos Incríveis, Futuro Sempre Banal

No início da década de 90 no Brasil os jovens pararam para assistirem ao seriado "Anos Incríveis".
Desde a abertura, passando pelos atores, trilha sonora, tempero agri-doce em todos os episódios... tudo era perfeito! Mas eu gostava principalmente do ritmo das falas, intercaladas pelo pensamento do protagonista Kevin Arnold, já adulto.
O final foi triste.
Todos choraram com o golpe duro do machado da realidade: o pai do Kevin morreu e a fofa Winnie Cooper foi estudar na França enquanto Kevin se casou... com outra.

The end.
E eu fiquei atônita: "Só isso?? Over, finito? Então ESSE é o futuro de uma história de amor?"
Not a Happy End.

Pensei nisso porque estou lendo um livro sugerido por uma amiga. Chama-se "Um Dia" e é incrível. A coisa é tão boa e o casal é tão palpável que comecei a me angustiar agora que cheguei no meio do romance.
Não resisti de ansiedade e procurei por ela, que me recebeu já apreensiva:
-Claudinha, prepare-se para chorar.
-O quê?? Como assim? Ai não, não me diga que um deles morre. (disse isso um pouco decepcionada com os finais piegas estilo Sessão da Tarde: "Sunshine on my shoulders makes me happy...")
-Não, não. Mas é um final meio realista.
E de repente eu percebi: Final Realista= Final Triste.
Poxa, caramba. A realidade precisa necessariamente ser baixo astral?
Aí perguntei:
-Mas peraí: Um final feliz não pode ser realista? Por quê tudo na vida tem que ser como o último capítulo dos "Anos Incríveis"?
Ela riu e disse que pode. Pode sim. Um final feliz pode fazer parte da realidade.
Mas nós duas sabíamos que ela estava mentindo.

Aí já lancei algumas hipóteses para o meu livro:
  1. suas neuroses acabam dominando-a. Ela desenvolve um transtorno de pânico e passa a ficar dentro de casa, evitando os amigos; 
  2. ele vai começar a usar drogas e deixa de ser o homem por quem ela se apaixonou;
  3. ela percebe que casar-se com o bom rapaz é mais negócio do que entrar em contato com uma rotina caseira ao lado do idealizado príncipe encantado;
  4. ou então ele engravida uma moça qualquer, casa e percebe que ela até que é bem legal.
Dãããã.
Isso eu assisto na minha vidinha medíocre. O potencial para enormes histórias de amor morrerem na praia, cansados de tanto apanhar dos aspectos práticos da vida.
Acompanho isso na minha história e nas histórias alheias há décadas e confesso que não vejo graça nenhuma nisso.

Não gostaria que meu maravilhoso livrinho terminasse como as várias histórias dos meus amigos e, por isso, há dois dias estou hesitante em continuar a leitura, mas preciso terminar antes que ele seja lançado no cinema, só para poder dizer, toda metida:
-Gente, o livro é beeeem melhor.
Hahahaha, o livro é sempre melhor! Ninguém precisa mais dizer isso.
É uma verdade incontestável.
Sim o livro em breve será adaptado ao cinema com Anne Hathaway e o maravilhoso Jim Sturgess (de "Across the Universe")

Sei que essa minha dificuldade em continuar a segunda metade do livro, obviamente tem a ver com um processo interno e particular meu de chegar ao meio da vida e dar uma de Peggy Lee ao me perguntar:
-Is that all there is??
link da música aqui

E por isso, eu hoje decidi fazer o meu final particular dos "Anos Incríveis", e seja lá qual for o final realista do meu livro eu decidi que também não vou acreditar nele e, novamente, vou inventar um que se encaixa melhor no desejo do casal em questão .
Meus amigos psicólogos podem chamar isso de negação, mas eu prefiro acreditar que estou seguindo os passos da Lei da Atração, tão popularmente difundida no livro "O Segredo".
Vou começar a mentalizar finais felizes para a ficção, na esperança de atrair algum para a vida real.

Bom, Paul Pfeiffer não foi para Harvard.
Operou a miopia e ficou com graves sequelas deixadas pelo laser (ainda experimental naqueles anos). Seus olhos ficaram opacos, impediondo-o de ler. Revoltou-se e passou a adorar o demônio. Virou um astro de rock e hoje faz sucesso, namorando garotas lindas como Dita von Teese e Evan Rachel Wood. Mas ainda recebe os amigos de infância na sua mansão, onde sempre lembram com alegria as emoções daqueles anos incríveis.
Hahahaha, adoro acreditar na lenda de que Paul virou Marilyn Manson. Na minha cabeça isso é a mais pura verdade.

Winnie Cooper foi para a França estudar história da Arte. Namorou muitos homens lindos e inteligentes e sua vida amorosa passou por um turbilhão de experiências afetivas e sexuais. Largou o estudo das artes e, anos depois, voltou aos EUA como representante de uma grife lindíssima de lingerie. Ganhou rios de dinheiro vendendo calcinhas francesas para as deselegantes americanas e todos os dias recebe o marido na cama, cada dia usando um apetrecho da sua nova coleção.


Kevin Arnold se casou com a sua melhor amiga da faculdade, mas o casamento acabou não dando certo já que ele se deu conta de que seu pensamento nunca abandonou Winnie.
Passou, então, anos se dedicando à profissão (computadores, claro, o melhor ganha pão da década) e construiu uma casa bem confortável, com uma hedícula no fundo para abrigar a mãe viúva que se aposentou e viaja muito com o namorado nas excurssões da terceira idade, quase não ficando em casa.
Um dia Winnie liga da França. Ela diz que conheceu vários homens que só queriam sexo com ela, mas Kevin a conhece na sua essência e isso faz muita falta num relacionamento..
Kevin vai buscar Winnie no aeroporto já com uma cópia das chaves da casa para convidá-la para viver com ele.
Os dois não se casam (Kevin ficou com um certo trauma de casamento) mas vão morar juntos. Depois de menos de um ano nasce o pequeno Paul (que morre de medo do amigo rockeiro do papai).
A vida sexual deles não é das melhores, mas Winnie se imagina com os rapazes franceses enquanto faz amor com o marido e Kevin assiste pornografia na internet para passar o tempo.
Aí fica tudo certo.
E todos viveram felizes para sempre.

E agora está lançado o desafio: QUAL É O LIVRO QUE É PIOR QUE A SUA ADAPTAÇÃO PARA O CINEMA? Deve existir, como toda as regra que tem suas exceções, mas eu não me lembro.