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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Claudia Só Para Baixinhos I (versão kids do "coisas que eu odeio")

  • Odeio gente que sempre que vê o pé gordinho de um neném lança: "Ahhhhh, que coisa mais gostosa, parece um pãozinho!".
Uma das coisas mais irritantes na infância é o tal do pé que parece um... pão. Isto é ultrajante tanto para o pé, que passa vergonha por ser gordo e branquelo, quanto para o pão que é comparado ao dito cujo cheio de dedinhos.
E, prá piorar, há que diga que dá vontade de morder. Bah.
Isso sem falar no povo sem noção que diz que tem desejo de mordiscar bochechas

Visita do tio no imaginário infantil:
-Ai que delícia essa bochehca! Dá vontade de morder.
  • Outra coisa que me irrita (imagina o tanto que deve irritar os pequenos!) é o povo que quando vê uma criança caindo já grita: "Pulou!!!!!! Pulou!".Um dia disseram isso para o meu filho e ele, chorando, respondeu bravo:
          -Não pulei não. Eu cai mesmo.
          E eu pensei: Chuuuupa!

-Pulou o cara...o!
O joelho ralado, a cabeça toda machucada e o adulto querendo convencê-lo de que aquilo foi um... pulo.
É um péssimo consolo. E além de tudo menospreza a dor e a vergonha do moleque.
Queria ver se a coisa fosse ao contrário, se olhássemos um velhinho caindo da escada no shopping e gritássemos: "Pulou!!!!".
Ia ser bem sacana.
E eu ainda poderia fazer uma piadinha dizendo que o galo da cabeça irá acordá-lo amanhã bem cedo...


  • Outra coisa chata é o povo que amassa a bochecha da criança e pede para ela dizer: Peixinho. Chato!!!! Porque peixinho? Nunca entendi as pessoas que que acham graça genuína nisso.

E a amiguinha lula sacode seus tentáculos e diz:
- Peixinho??Não tem a menor graxa! no meio da sua própria tinta.
PS: Só quem já viu Nemo mil vezes sabe do que estou falando. Ótima tradução!

  • E nas refeições? Quando a criança pede um outro prato para a sobremesa ou exige que tudo venha geometricamente separado no prato (toda criança sofre de algum grau de TOC! hahaha), e o adulto fala: "Ah, que bobagem, vai misturar tudo lá dentro mesmo!!!!". 
Ok, ok, é verdade, eu sei, mas ninguém precisava lembrar disso na mesa, exatamente no momento em que a gelatina vermelha desce pelo esôfago e encontra o feijão morno e o bife mastigado. É o tipo de cena que é melhor ser deixada no ostracismo.


  • Odeio também a idéia de que criança tem que ouvir músicas chatas e alegrinhas. Aonde fica o espaço para elaborar tristezas com Xuxa só para Baixinhos 1,2,3,4,5,6,7,8,9,10 e 11 tocando sem parar? Alegria é legal, eu sei, mas em excesso fica quase ofensivo! E tem também o povo cabeça que repete exaustivamente Palavra Cantada e Cia Ltda.
PS: Nada contra Xuxa SPB (não mesmo!) nem contra o fofo Palavra Cantada, mas não é porque a música se chama "infantil" que a gente tem que levar tão a sério e tocá-la exclusivamente na pré escola.
Trabalhei um tempo numa escola infantil e me logo no primeiro ano me rebelei contra a trilha sonora do recreio. Passei a levar MPB, Ópera (amavam!!!), jazz e rock.
Sucesso absoluto.


  • E também não entendo a capacidade da infância de atrair superstições: comer bolo quente dá dor de barriga, correr em volta da mesa não presta (hahahaha, "não presta" significa o quê?), dormir com a porta aberta do armário não é bom, andar de pé no chão e tomar gelado dá gripe (é mito!!!!!!! juro!!!), sair no vento dá dor de ouvido, colocar pluma na testa pára o soluço. E os moleques tem que se submeter a isso cegamente, desperdiçando a infância com bobagens sem nem terem a chance de questionar a razão de tamanha imbecilidade. 
Na minha cidade tem uma ótima: torcer roupa de neném dá cólica. Putz.
E uma conhecida minha outro dia falou:
-Isso de torcer a roupa do bebê é uma bobagem...
E quando eu estava começando a me orgulhar do lampejo de racionalidade da moça, ela me completa a frase:
- ...ninguém precisa torcer roupa de neném! É só amassar com as mãos que num minutinho já seca.
E a minha vontade era de gritar: isso não vem ao caso!!!!!!!!!


HOMEM DO SACO
  • E as mães que não conseguem dar bronca nos filhos e terceirizam a coisa, dizendo que o guarda, o homem do saco ou, pior, o PAI vai chegar e vai ficar bravo?
Acho isso o fim da picada!
As mães não tem coragem de afirmar que ELAS estão furiosas e aí ficam depositando a sua ira em outras pessoas, em geral inocentes.
-Olha, seu pai vai chegar e vai te dar uma surra!
Tadinho do pai.
Daí ele chega cansado do trabalho, louco de saudade do filho e o moleque tá morrendo de medo dele, sem que ele consiga imaginar o porquê.
Quando fui psicóloga na oncologia infantil, certa vez presenciei a cena de uma colega de trabalho convencendo uma criança que não queria se submeter a um teste psicológico.
A menina fazia birra e ela perdeu a paciência e decidiu terceirizar a sua raiva:
-Olha... acho melhor você fazer rápido porque o médico tá vindo e ele vai te dar uma injeção!!!!

Juro.
E vale lembrar que éramos contratadas para melhorar a qualidade de vida das crianças e otimizar a relação desgastada delas com a equipe devido às mil e uma intervenções dolorosas às quais elas eram diarimente submetidas. 

Imagem de médico que deveríamos passar para
as crianças hospitalizadas.
Imagem de médico que a minha parceira passava para uma criança com câncer.










2 comentários:

  1. - Não vai doer. E plá a vacina na bunda.
    - Tem gostinho de tutti fruti. E manda ver uma colherada de novalgina.
    - Se você não ficar quieto a gente vai embora agora. Já bêbada a mãe no feriado da praia, na casa dos amigos, onde ELA está se divertindo e a criança está só... estando ali tadinha.

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