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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Culpinha Fashion




A melhor teoria que inventaram até hoje, no que diz respeito ao tempo que passamos com as crianças, é que a qualidade é melhor do que a quantidade.
Há! O psicólogo que inventou isso é um gênio!
Sua frase serviu como uma luva para amenizar a culpa das mães que trabalham período integral e/ou terceirizam a criação dos próprios filhos para babás e creches.
Daí quando são criticadas por isso (e sempre são!) já lançam a teoria que superestima a qualidade em detrimento da quantidade:

-Mas de noite passamos algumas horas juntas e nos divertimos muito!!! A qualidade do tempo que passo com a minha filha é muito mais importante do que a quantidade- diz cheia de razão.




É mentira.
Todos nós, no fundo, sabemos disso, mas as teorias servem para dar uma roupagem nova na culpa e diminuir o sofrimento das mães que agora passam a acreditar na coisa e se sentem mais leves.
As teorias transformam a culpa primitiva numa culpa fashion, que segue as novas tendências psicopedagógicas e agrada a todos: a sociedade que exige que a mãe trabalhe fora, o marido que recebe ajuda financeira em casa e principalmente as creches e babás que tem emprego garantido.
Mas nem sempre as mães ficam felizes. Algumas realmente gostam de trabalhar fora. Preferem mil vezes do que ficar em casa cuidando de menino.
Outras não. Outras sofrem horrores com essa realidade e dariam o reino por um ano à toa com as crianças em casa. Mas o trabalho é uma necessidade e não há nada que possa ser feito para mudar isso.

Às crianças, a teoria da qualidade não agrada.
As crianças não acreditam nesta verdade e nunca aprenderão a se contentar com pouco.
Passam então a exigir dos pais a tal qualidade prometida nas horinhas compartilhadas e ISSO é ruim prá caramba!! Ficam tiranas, exigentes e aprendem desde cedo a cobrar porque sabem que os pais estão em dívida.
A vida da mãe doméstica tem menos glamour, é mais sem graça, mas acaba sendo mais fácil. Diminui as expectativas e melhora a tolerância: tolerância da mãe, com as manias e barulhos das crianças, e deles, com nosso mal humor e necessidades da vida adulta.
Se não vivemos a rotina ao lado dos filhos temos, então, que ser uma mãe estereotipada nas poucas horas que temos com eles: fofa, atenciosa e disponível. E, curiosamente, temos que ser assim justo quando estamos cansadas depois de trabalhar o dia todo.
E ter que ser atenciosa no meio do cansaço gera muito mais ansiedade do que ter que ficar 24 hs por dias ao lado de uma criança. Prometer uma mar de rosas nas horas com os filhos é ansiogênico para eles e para nós.
E não cumprir isso é fracasso na certa.
Fora o medo de que, intimamente, beeeeem lá no fundo, gostamos mais nosso trabalho do que nossos filhos!!
Ai que culpa!

OU...

A melhor teoria que inventaram até hoje para as mães que param de trabalhar para ficar com os filhos é que estes primeiros anos em casa será fundamental para a estrutura psíquica da criança.
Há! O psicólogo que inventou isso é um gênio!!
As mães se sentem resguardadas por esta verdade incontestável e camuflam nisso a sua incompetência profissional e/ou o medo de enfrentar o mercado de trabalho depois de ter ficado ultrapassada e obsoleta.
Dizem aos quatro ventos que pararam de trabalhar para poder se dedicar aos filhos e que isso faz delas uma mãe melhor, apesar de mais pobre, rsrs.
E apesar de saberem que talvez isso não seja verdade.
As mães alternativas, moderninhas, adoram esta teoria e capricham no lanche dos pequenos, inventam atividades ao ar livre, levam e buscam a molecada nas mil aulas e espera o marido chegar no fim da tarde com uma janta saudável.
Como antigamente...


-Não tem salário nenhum que pague o tempo que eu tenho ao lado dos meus filhos. Tenho certeza de que a minha presença em casa fará deles adultos seguros e confiantes.- diz cheia de razão.



PS: Já usei a desculpa de ter que brincar com os meus filhos para me dedicar à construção de uma linda casa de Lego, hahaha, igual à mãe da foto. AMO LEGO!

Enquanto isso os maridos se dedicam à contrução da casa real, à compra do carro, ao sustento da família, à garantia do futuro dos filhos e, principalmente, à compra de mais Lego... claro!
Mas os homens não acham graça nenhuma nisso.
E a sociedade torce o nariz para o regresso das mães ao lar.

É óbvio que existem, sim, benefícios por trás desta opção materna, mas o problema é que não tem ciência nenhuma que consiga comprovar que os filhos destas mães serão mais felizes que os os outros que ficam em escolinhas período integral. Tudo não passa de uma abstração com base em alguns poucos dados de experiência das pessoas mais vividas.

Quando eu tive filho e enfrentei a desgastante rotina de ficar em casa o dia inteiro, muitas amigas da mesma idade que eu vinham me dizer:
-Claudinha, vai trabalhar!! Acredita em mim: é a melhor coisa que você pode fazer por você e, consequentemente, por seu filho.
Enquanto as mães das minhas amigas, gente de outra geração, diziam:
-Fica em casa!!! A infância deles passa rápido e você vai se arrepender de ter perdido esta fase.

Eu ficava em dúvida. Não sabia em quem acreditar!
Não sabia o que era melhor para mim, mas quando consultava meu próprio desejo conseguia acessar o que estava me deixando muito, mas muito angustiada: nunca seria feliz deixando meus bebês numa creche!
E essa certeza me definiu como uma mãe do segundo time, aquela que suporta mais ficar em casa do que trabalhar fora e deixá-los com alguém.
Para mim é mais fácil criar filho estando em casa porque eles vêem em mim uma mãe real que não se esforça em ser perfeita. É mais fácil negar brincar com o filho depois de ter passado o dia inteiro ao lado dele. E, sim, é possível ser feliz ao lado das crianças, me divertindo de verdade e mostrando aos pequenos que a companhia deles é agradável e necessária.
Mas isso pode mascarar um medo (ou preguiça? ou fraqueza??) de abandonar o ninho e sair para ganhar dinheiro.
Sei disso.
E lidar com esta culpa é também um enorme fardo.
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Culpa materna: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

E a moral da história é que não existe nada melhor para um filho do que uma mãe realizada e satisfeita, dentro do possível. Se ela fica mais feliz trabalhando, que trabalhe. Que sela fica mais feliz em casa, que fique.

Existe a pergunta que nunca quer se calar: O que querem as mulheres?
A resposta óbvia seria: Viver sem culpa!

Mas isso é uma utopia, esquece.
Então, já que a culpa é inevitável, que ela seja fashion e que te sirva bem. E que conviver com ela seja mil vezes pior do que a convivência com o seu filho!!
  Sab            Dom           2ªfeira        3ª feira        4ªfeira        5ªfeira
6ª feira!!!!!!
a letra B no tornozelo carrega um lembrete: Eu amo o meu Bebê!



Enquanto isso... nas creches:


4 comentários:

  1. Genial. Mais uma vez.
    Como posso resolver o paypal dilemma?

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  2. Querido anônimo que eu não sei quem é: minha vida virtual está um caos! Não tenho mais um email conectado com este blog, não consigo mais acessar a minha conta Google (e comentar aqui como DONA da coisa) e muito menos resolver o problema do payal. Tentei doar para mim mesma e vi o seu impasse. Amanhã vou tentar conseguir ajuda no 0800 deles. Hoje não atendeu... de qualquer forma obrigada pela sua atençao e carinho :o) Clau

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  3. Que culpa? Precisa sempre haver culpa em todas as situações da vida ? Fica tranqüila que você nao precisa sentir culpa nenhuma quando faz uma escolha na vida pensando na melhor solução para você e sua família e ainda mais quando recebe o apoio de todos a sua volta.Quando fazemos escolhas ganhamos uma alternativa e perdemos outras.Nao se pode ter tudo nessa vida. A sabedoria e ter convicção de suas escolhas e ser feliz com elas

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  4. Puxa, precisava ouvir isso hoje, TATI

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