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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dependência ou Morte!


Hoje, dia da Independência do Brasil, é aniversário de uma amiga querida. A enorme ironia da coisa é que justamente esta moça, há poucos dias, me ensinou uma coisa bacana: a dependência também pode ser uma conquista difícil. A dependência pode ser uma escolha rebelde, transgressora e ultra pós moderna.
Vou explicar.

O ser humano é naturalmente apegado, e as relações interpessoais são um exemplo clássico do alcance ensandecido deste apego. As românticas, principalmente.
Entretanto, é moderno e louvável a gente lutar pelo desapego: erguer nossas espadas fálicas e nos declararmos independentes para ir e voltar quando quisermos dos amores. A sociedade aplaude de pé alguém que supera a perda de um grande amor e, rapidamente, se redescobre na solidão emancipada. É admirável alguém sair de um casamento e ficar feliz com uma vida ao som do mar e à luz do céu profundo.

Mas...
Hoje em dia aprendi que batalhar pela dependência é uma luta igualmente dura. ABAIXAR a espada nas margens plácidas e, amorosamente, aceitar pertencer. Aceitar se submeter às vontades do outro. Acatar condições, enfiar o rabo entre as pernas e voltar para casa com humildade.
E eu descobri que isso também é lindo.
O povo que declara "independência ou morte" sai de um divórcio cheios de milho, crente que estão arrasando, enquanto os que declaram a dependência já voltam com o fubá pronto. Já assumiram o desejo de partir, já sentiram o gosto da liberdade, já curtiram as delícias da solteirice, já sofreram de saudade, já se humilharam pedindo o perdão, já aceitaram a nova condição de vida compartilhada ad eternum e voltam agora felizes, crescidos.
Aos olhos de alguns parece que são uns fracos, indecisos e imaturos, mas o povo que separa e volta apenas anda na contramão do apego.
Em geral são famosos por serem rebeldes. São transgressores pela própria natureza e, por isso, têm como missão, dentro do casamento, aprender a serem submissos e aceitar as regras caretas de uma relação a dois. Enquanto uns são demasiadamente apegados e precisam lutar pela individualidade dentro de um casamento (levantando espadas, gritando e exigindo o seu espaço com braços fortes), estes transgressores parecem que nasceram emancipados e, um dia, percebem que, para serem felizes e completos, precisam assinar uma carta de escravidão.
E isso pode ser duro! Pode parecer estranho, pode incomodar muito, e pode demorar tempo.

Essa história me fez lembrar de uma adaptação minha de uma famosa frase do Tom Jobim: "Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom."

"Ser casado e bom, mas é uma merda. 
Ser solteiro é uma merda, mas é bom."

E não é verdade???
Cada um tem uma aprendizagem a fazer na solteirice. Cada um tem uma aprendizagem a fazer no casamento. Uns precisam aprender a independência. Uns precisam batalhar pela dependência.
E todos precisam ser felizes em um formoso céu, risonho e... límpido!

Desejo a você, amiga aniversariante, paz no futuro e glória no passado. E obrigada por seus ensinamentos.

Para ilustrar esta história, além do Roberto Carlos (que voltou, e agora é prá ficar porque aqui, aqui é o lugar dele) tem uma bela música do Reginaldo Rossi regravada de maneira incrível. Melhora bem no minuto 2:46.



Agora fica a dúvida: será que a moça só voltou porque os outros homens a deixaram pela manhã???
Ahahahah, se eles tivessem ficado, será que ela voltava?
Ouçam a música e tentem me responder.

Ah, e ouçam também a versão original, cafonérrima aos ouvidos mais conservadores, mas uma pérola.

4 comentários:

  1. Claudia, parabens, mais uma vez! Sempre melhor! Bjs Pati

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  2. Pô blogueira, gosto muita de sua escolha musical, mas foi justamente desprezar a versão original do Desterro? Tem qualquer coisa melhor que aqueles agudos de Don McLean com um órgão de churrascaria? rsrs

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  3. Meu slogan favorito : melhor mal acompanhado do que só ! Outro : voce quer ter razão ou quer ser feliz ? De vez em quando engolir uns sapos faz bem a saúde .

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  4. Mil vezes a versao original:)
    saudades, Clau
    xox
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