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sábado, 29 de setembro de 2012

Minha vida, agora com Paixão.



Estou com alguns textos prontos aqui no blog, mas sem coragem de publicar.
Ai, ai, é uma droga esse medo de escrever bobagens. Não tenho medo da polêmica (nem poderia!), tenho medo da pieguice e do senso comum. Pavor! Leio os posts e penso que são desnecessários e ruins, psicologismos de quinta categoria. Acredito que o mundo, definitivamente, não precisa de mais "Augusto Curys" ditando banalidades.
Eu estava nessa maré baixa de inspiração quando, ontem, aconteceu algo incrível: eu, com 38 anos de idade, descobri a paixão.
E foi lindo.

Vou explicar.
Nesta semana o salário acabou antes de terminar o mês. Já aconteceu com vocês? É assim ó: o dinheiro acaba e o mês, teimoso, insiste em continuar. Sim, é mesmo horrível.
Bom, mas mesmo nesta situação dramática precisamos nos virar para manter algumas necessidades básicas. Não dá para continuar vivendo sem sal nem açúcar, por exemplo. Não dá para ficar esta última semana sem desodorante, sem pasta de dente, sem shampoo... e, para mim, não dá para passar um dia sequer sem hidratante.
Impossível!
Tem gente que acorda no meio da noite para fazer xixi. Alguns, viciados, acordam para fumar. Tem gente que levanta para comer. Eu acordo para passar hidratante. Sim, eu sei que é loucura, mas é a mais pura verdade. Levanto as 3 da manhã, sento na cama, passo hidratante e volto a dormir. Vai entender...

E, portanto, mesmo na falta de recursos financeiros eu precisava urgentemente de um hidratante para terminar o mês. Como fazer, meu Deus? Como comprar um reles "Johnson`s" ou "Vasenol" com apenas 5 reais?? Sim, porque, o caríssimo "Nívea", não dava nem prá cogitar. Então, com medo de uma potencial noite insone com a pele pedindo um creme, decidi comprar o mais barato e o mais cafona. Comprei o "Paixão".
Odiava a propaganda do creme com óleo de amêndoas "Paixão". Odiava o nome!! Odiava a embalagem cintilante. Detesto o cheiro de óleo de amêndoas (cheiro de gordura) e jurava para mim mesma que nunca compraria o dito cujo.
Mas... a necessidade falou mais alto e, ontem, eu assumo que comprei.
Depois de cheirar toda a coleção de cremes "Paixão" da prateleira, optei pelo branco que tem cheiro de... cheiro de quase nada. Eca, tinha uns que cheiravam a tutti-fruti e outros lembram sabonete de rodoviária.
Paguei R$4,49 e fui para casa na fissura, como um drogado, para passar o tal creme na perna.
Virei, apertei, e ele demorou para sair porque é grosso e muito, muito cremoso. Já fiquei agradavelmente surpresa com isso pois, pelo preço, eu imaginava algo bem ralo.
E então veio a maravilha: espalha bem, delícia, macio, cheiroso, gelado, fresco... tudo de bom. Dormi bem a noite inteira e hoje cedo eu estava com a pele perfeita: o pé liso e macio, a perna ainda gelada e úmida, os cotovelos brilhantes, um verdadeiro milagre.
Puxa! Tantos anos desperdiçando dinheiro com  farmácias de manipulação em busca da alegria dermatológica! Rios de dinheiro com os gringos "L`Occitane" e "Le Roche Posay ".Tantas décadas comprando "Boticário" e "Natura" com a ilusão da satisfação da pele. Tantos meses de gestação à base do caríssimo "Payot" para uma barriga sem estrias e hidratada.
Tudo isso prá quê??? Prá nada, o "Paixão" estava ali o tempo todo. Mas eu, boba, não enxergava.

Por isso, depois de adulta eu finalmente me despi dos preconceitos, venci barreiras da elegância e me entreguei à "Paixão".E foi tão bacana e tão delicioso que, mesmo sem ganhar nem um centavo com isso, eu precisava vir aqui para contar.
A moral da história? Procuramos soluções em lugares distantes, pagamos um preço alto pela satisfação, sem perceber que a paixão pode estar em qualquer mercadinho de esquina para nos acolher. Meu próximo passo é abandonar os cremes caríssimos para o rosto e acatar uma dica de uma esteticista amiga minha: rasgue uma cápsula de vitamina E na mão, espalhe no rosto e, depois de seco, passe por cima um creme Rugol (11 reais!!!!). Só. Barato, né? Vou testar e contar se é mesmo bom. Vai ser libertador não gastar mais 150 reais com o meu creme importado.

E por falar em paixão...

Quando eu era moça comecei a namorar sério e meu pai, todo orgulhoso, falou do meu namoro com um amigo dele que, naquele dia, jantava lá em casa. O homem parou de comer, olhou fundo nos meus olhos adolescentes e falou:
-Claudia, vou te fazer uma única pergunta: Você é apaixonada pelo cheiro do seu namorado?
Fiquei sem graça e respondi que não sabia (mentira, eu não era nem um pouco apaixonada pelo cheiro dele e sabia disso muito bem). Ele, muito compenetrado, falou algo que eu guardei para a vida. Algo bem inapropriado para um jantar na mesa com os meus pais, mas a lição foi mais ou menos assim:
-Nunca, nunca cometa a besteira de casar com um homem por quem você não é perdidamente apaixonada pelo cheiro da pele dele. Escuta bem o que eu digo, não faça essa bobagem de subestimar o cheiro do parceiro.
Bom, resumindo: o cara me fez terminar o namoro e, desde então, comecei a achar que ele tinha mesmo razão.
Passei a levar a sério essa coisa de cheiro. Parei de usar desodorante perfumado, aposentei minha coleção de perfumes e sou super exigente com a essência dos hidratantes. Inúmeras vezes interrompi um pote de hidratante porque o cheiro dele me perturbava. Tudo isso para não ofuscar o meu cheiro natural, hahahah.
Na verdade eu nem sei se o meu cheiro é bom (a gente não sente o próprio cheiro, né?), mas fiquei com medo da história. Vai que o meu namorado se apaixona apenas pelo meu perfume sem nem conhecer direito o cheiro da minha pele? Vai que eu o iludo com perfumes franceses e meu casamento dá errado por causa de uma propaganda olfativa enganosa?
Por isso não uso perfume e tenho cheiro de... Claudia.
Prefiro assim. E a "Paixão" não afetou em nada a minha promessa de não me perfumar.

Happy End


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Cartilha

Vira e mexe eu escrevo algo aqui sobre o Facebook. Para aqueles que não usam a rede, peço desculpas, mas existem coisas que precisam ser ditas e eu deliro achando que cabe a mim esta tarefa ingrata. 

Amiúde significa algo que está sendo feito repetidamente, amiúde, várias vezes.
Sempre quis usar esta palavra ao acaso, mas nunca encontrei uma situação onde eu pudesse empregá-la sem parecer esnobe.
Hoje vou fazer isso aqui. Parecendo (e sendo) esnobe, mas... e dai??


"Estão marcando meu nome amiúde no Facebook."

Há alguns meses inventaram na rede social uma coisa muito útil chamada "marcação de nomes". Você começa a escrever o nome de um amigo (iniciando com letra maiúscula, como todos os nomes) e, logo nas primeiras letras, o Facebook já te dá opções dos amigos que você deseja marcar.
Por exemplo, eu digito: "Rod"e o programa já abre abaixo todos os amigos que tem esta sequência de letras no nome: Rodrigo Lima, Rodrigo Dias Pereira, Tânia Rodrigues. Eu, então, escolho o amigo que quero marcar (clicando em cima dele) e, neste momento, ele receberá uma notificação de que eu quero que ele leia aquilo, quero socializar aquele assunto com ele, me lembrei dele ao ver aquele vídeo, ou qualquer coisa assim.
E a gente faz isso em lugares onde o amigo não veria, se não fosse por este recurso sofisticado.

Marcar o nome é algo bacana, só que as pessoas não entenderam a utilidade do recurso e abusam do seus poderes, marcando o meu nome em situações desnecessárias. O problema disso? Recebo muitas notificações de um acontecimento que eu iria, invariavelmente, ter conhecimento. E isso é chato.
Cito alguns:

1) Se eu posto algo no MEU mural, as pessoas que comentarem abaixo não precisam marcar o meu nome nos comentários.
Ex:
Postagem besta: "Ai gente, acho que se Deus quisesse que o homem realmente voasse, não teria construido os aeroportos tão longe das cidades. Afff, mais de uma hora no taxi para chegar ao Galeão". 
Comentário: "kkkkkkk, só podia ser vc mesmo, Claudia Fontenelle Gonçalves."
Isso é desnecessário porque, invariavelmente, eu irei ler o que você escreveu, já que a postagem é minha e é óbvio que eu  receberei notificações de comentários sobre ela. Entenderam?

Outra situação onde marcam desnecessariamente:
2) Um amigo posta algo e eu faço algum comentário. A partir daí eu vou sempre receber notificações que vierem na sequência e, portanto, não precisam marcar meu nome nisso também:
Postagem do meu amigo: "Meu gato morreu. Estou muito triste :o( "
Eu comento algo do tipo: "Puxa, que chato, foi o Cat Stevens?"
Uma  terceira pessoa escreve abaixo: "Não, Claudia Fontenelle Gonçalves, foi o Borba Gato. Ele está muito triste mesmo, eu estava lá quando aconteceu."
A segunda pessoa que for comentar o assunto também não precisa marcar o meu nome porque, por eu ter comentado na postagem, eu vou receber notificações e seguir este assunto.
A não ser que... tcharam!!! Descobri esta semana que existe em jeito de bloquear o seguimento de postagens que eu comentei, mas não me interessam tanto. Só clicar: Seguir (desfazer). Agora posso dizer que achei linda a filha da minha amiga que nasceu sem ter que receber outras 87 notificações desta mesma foto de pessoas que, em resumo, dizem apenas que o bebê é lindo.

Outra marcação de nome desnecessária:
3) Uma pessoa posta uma foto no meu mural e ainda marca meu nome. Ex: "Veja este panda, achei a sua cara, Claudia Fontenelle Gonçalves!"
Não precisa!!! Eu não preciso receber duas notificações sobre o mesmo assunto: "Fulana publicou um link na sua linha do tempo"; "Fulana marcou você em uma publicação". 
Só postar a foto já tá de bom tamanho. Ah, e 99% das fotos/frases/piadas que eu mando para alguém eu mando por mensagem. Acho mais fino. Ninguém me garante que a pessoa vai gostar de ter uma piada infame no mural dela.
E, sim, os pandas são mesmo a minha cara. Já sei disso....

Outra situação:
4) Uma pessoa compartilha uma frase de auto-ajuda que você postou no seu mural, mas como ela acha deselegante compartilhar sem te avisar, marca seu nome no título da postagem: "Olha que bonito, copiei da Claudia Fontenelle Gonçalves!!" e aí você não só fica com duas frases iguais no seu mural, mas fica recebendo notificações de todos os amigos DELA que agora vão curtir e comentar a coisa. Pffff, duro.

E isso me faz lembrar de algo que acho exageradamente educada no Facebook que é uma pessoa solicitar permissão para compartilhar. "Amei!! Posso compartilhar?". E, pior, quando você "deixa" compartilhar (óbvio que pode!!!! é uma REDE justamente por isso!) o amigo marca seu nome no compartilhamento achando que está sendo ético fazendo isso, como se fosse piratear uma piada sua (que não é sua!!!) caso não desse as devidas referências.
A estes amigos, eu lembro:


"Um galo sozinho não tece uma manhã: 
ele precisará sempre de outros galos. 
De um que apanhe esse grito que ele deu 
e o lance a outro; de um outro galo 
que apanhe o grito de um galo antes 
e o lance a outro; e de outros galos 
que com muitos outros galos se cruzem 
os fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma teia tênue, 
se vá tecendo, entre todos os galos.
João Cabral de Melo Neto




Um babaca sozinho não propaga uma mentira de Facebook. Ele precisará sempre de outros bobos que apanhem esta mentira e lancem a seus amigos tolos.
Por isso, podem compartilhar, viu? Não precisa pedir nem avisar. A gente gosta quando faz sucesso nos compartilhamentos de bobagens e, sim, recebemos notificações quando vocês compartilham!!!!

Agora me ajudem: qual outro recurso do Facebook está sendo mal usado ou exageradamente utilizado? Tentem lembrar...

Vale lembrar que este post não é uma crítica e nem foi inspirado numa situação/pessoa específica. Juro que ele pretendia ser apenas didático, e não antipático.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dependência ou Morte!


Hoje, dia da Independência do Brasil, é aniversário de uma amiga querida. A enorme ironia da coisa é que justamente esta moça, há poucos dias, me ensinou uma coisa bacana: a dependência também pode ser uma conquista difícil. A dependência pode ser uma escolha rebelde, transgressora e ultra pós moderna.
Vou explicar.

O ser humano é naturalmente apegado, e as relações interpessoais são um exemplo clássico do alcance ensandecido deste apego. As românticas, principalmente.
Entretanto, é moderno e louvável a gente lutar pelo desapego: erguer nossas espadas fálicas e nos declararmos independentes para ir e voltar quando quisermos dos amores. A sociedade aplaude de pé alguém que supera a perda de um grande amor e, rapidamente, se redescobre na solidão emancipada. É admirável alguém sair de um casamento e ficar feliz com uma vida ao som do mar e à luz do céu profundo.

Mas...
Hoje em dia aprendi que batalhar pela dependência é uma luta igualmente dura. ABAIXAR a espada nas margens plácidas e, amorosamente, aceitar pertencer. Aceitar se submeter às vontades do outro. Acatar condições, enfiar o rabo entre as pernas e voltar para casa com humildade.
E eu descobri que isso também é lindo.
O povo que declara "independência ou morte" sai de um divórcio cheios de milho, crente que estão arrasando, enquanto os que declaram a dependência já voltam com o fubá pronto. Já assumiram o desejo de partir, já sentiram o gosto da liberdade, já curtiram as delícias da solteirice, já sofreram de saudade, já se humilharam pedindo o perdão, já aceitaram a nova condição de vida compartilhada ad eternum e voltam agora felizes, crescidos.
Aos olhos de alguns parece que são uns fracos, indecisos e imaturos, mas o povo que separa e volta apenas anda na contramão do apego.
Em geral são famosos por serem rebeldes. São transgressores pela própria natureza e, por isso, têm como missão, dentro do casamento, aprender a serem submissos e aceitar as regras caretas de uma relação a dois. Enquanto uns são demasiadamente apegados e precisam lutar pela individualidade dentro de um casamento (levantando espadas, gritando e exigindo o seu espaço com braços fortes), estes transgressores parecem que nasceram emancipados e, um dia, percebem que, para serem felizes e completos, precisam assinar uma carta de escravidão.
E isso pode ser duro! Pode parecer estranho, pode incomodar muito, e pode demorar tempo.

Essa história me fez lembrar de uma adaptação minha de uma famosa frase do Tom Jobim: "Viver no exterior é bom, mas é uma merda. Viver no Brasil é uma merda, mas é bom."

"Ser casado e bom, mas é uma merda. 
Ser solteiro é uma merda, mas é bom."

E não é verdade???
Cada um tem uma aprendizagem a fazer na solteirice. Cada um tem uma aprendizagem a fazer no casamento. Uns precisam aprender a independência. Uns precisam batalhar pela dependência.
E todos precisam ser felizes em um formoso céu, risonho e... límpido!

Desejo a você, amiga aniversariante, paz no futuro e glória no passado. E obrigada por seus ensinamentos.

Para ilustrar esta história, além do Roberto Carlos (que voltou, e agora é prá ficar porque aqui, aqui é o lugar dele) tem uma bela música do Reginaldo Rossi regravada de maneira incrível. Melhora bem no minuto 2:46.



Agora fica a dúvida: será que a moça só voltou porque os outros homens a deixaram pela manhã???
Ahahahah, se eles tivessem ficado, será que ela voltava?
Ouçam a música e tentem me responder.

Ah, e ouçam também a versão original, cafonérrima aos ouvidos mais conservadores, mas uma pérola.

domingo, 2 de setembro de 2012

Bipolar


Os ursos polares adoram o frio.
Os bipolares, às vezes sim... às vezes não.



O gigantesco crocodilo do Nilo, no final das chuvas, cava uma toca rente o rio e se fecha lá dentro durante toda a seca. Seu coração mal bate para poupar energia. Durante meses ele não se mexe, não se alimenta, não defeca e seu metabolismo praticamente para. Porém... quando as chuvas começam e a água se infiltra na terra, uma única gota é capaz de acordar o crocodilo do sono profundo.
E ele acorda faminto...
                                               
foto: Helmut Newton

Bom, a hibernação do crocodilo do Nilo é uma constante entre os animais. Depois de meses ativos: convivendo com o grupo, comendo, engordando, acasalando, brigando e construindo lares, os bichos passam meses isolados, emagrecendo, arredios e aparentemente tristes.
São bipolares.
Na verdade a bipolaridade é o padrão basal de comportamento do mundo. A existência do Polo Sul e do Polo Norte deveria servir de ilustração para mostrar aos habitantes da Terra que a bipolaridade é uma regra básica para se viver neste planeta.
A constância, a mesmisse, é que deveriam ser patológicas.

E a flora, claro, também é sazonal:
No inverno a minha trepadeira aparenta ter morrido, deixando a nossa casa com um aspecto decadente, mas é só o calor começar que as folhas crescem em pouquíssimos dias. E ela passa o verão inteiro feliz da vida deixando minhas paredes verdes.
Numa certa semana de Agosto o ipê amarelo fica absolutamente espetacular. Na semana seguinte ele está só com galhos secos e... voilá... na terceira semana a mesma árvore já está coberta de folhas ternas e novas.

E assim funciona para tudo na natureza. Menos para nós, pobres humanos.


Não sei quem foi o idiota que determinou que a raça humana estava imune a estas inconstâncias do temperamento e da aparência física. A única herança que me sobrou disso é receber a informação do dermatologista que meu cabelo cai mais no outono. Pffff, grande coisa.
Preciso de mais!
Preciso de cientistas me dizendo que devo comer o dobro no inverno. Preciso de técnicos afirmando que devo me deitar ao sol todos os dias depois do café da manhã. Preciso de uma prescrição médica dizendo que devo passar semanas na cama comendo, dormindo e me acasalando. Vou pesquisar no Google para ver qual foi o médico que recomendou isso para a Yoko e o John.
-Hã? Os jornalistas é que devem vir aqui? É isso, doutor? Posso ficar pelado, inclusive? Eu e a Yoko devemos continuar na cama.... sei...ah, e nos beijando sempre, tá bom. Ok, doutor, entendi, vou avisar o meu agente. 

Tenho certeza absoluta que temos nossa hibernação, nosso cio e nosso período de engorda como todos os outros bichos, agora o problema é que o homem se considera acima dessas minúcias irrelevantes do ciclo da vida e, com isso, acaba não respeitando a sua própria natureza.
Por que o Zé Colméia tem o direito de ficar meses dormindo numa caverna enquanto eu preciso acordar todo santo dia do ano para organizar a mesmíssima rotina doméstica? Por que ele pode engordar no verão e eu tenho que ficar linda para caber no biquini?
Já sei a resposta: porque os ursos não são semelhantes ao homem. Sim, sei disso, mas o engraçado é que na hora de ficarem com uma cânula na barriga gotejando bilis para nos doar, nossos metabolismos são bem parecidos...

Se fico no quarto sem desejo de me socializar, me chamam de deprimida, mas talvez eu esteja apenas hibernando. Já pensou nisso? Imagina se os amigos do crocodilo ficassem infernizando a vida dele para ele vencer a preguiça, sair da toca e dar um rolê? O réptil não ia ter energia para encarar o verão.
Se um homem perde o desejo sexual já tacam um Viagra no pobre, mas talvez ele esteja apenas esperando pelo cio da fêmea. Esperando pelos ferormônios certos. Se uma moça fica com muitos caras nas férias de verão a coitada já é rotulada de biscate. Tsc, tsc, tadinha. Tenho certeza que o cio da fêmea humana acontece em Janeiro para, depois de 9 meses, ela dar cria exatamente na... Primavera, como na linda floresta do Bambi!

Cultura inútil: no hemisfério sul, mais mulheres perdem a virgindade em Janeiro do que morreram pessoas na guerra do Vietnã. Juro, li esta estatística estranha há mais de 10 anos em um jornal. Bom, hoje em dia o número deve ser maior. Hoje em dia já deve estar equivalente ao número de mortos na segunda guerra, seguindo a lógica da comparação bizarra. 
Minha explicação para isso é: mulheres perdem a virgindade em Janeiro porque forças maiores exigem isso delas. Simples assim.
Bom, passei o inverno inteiro sem nadar e ouvi recriminações por isso, mas hoje entendo que eu estava, tal qual um crocodilo, guardando energias para a primavera. Neste final de semana retomei os treinos e foi muito mais fácil e gostoso. Nada como poupar calorias e engordar alguns quilos.

Abaixo a natureza humana! Vamos oficializar a hibernação e respeitar o ciclo da vida.
A razão deste post?  Uma conversa com uma amiga hibernadora hoje cedo e esta foto maravilhosa de uma paródia do bebê-caramujo da fotógrafa de fofuras, Anne Geddes.





Ahahahaha, ótima, não? Gosto do detalhe dos pés sujos da moça dorminhoca.
E ela ainda hiberna... dormindo de conchinha!!! Sortuda.




Com dinheiro e com amor.


Mês passado este blog ganhou bastante dinheiro. Duas adoráveis pessoas colaboraram com ele e o saldo ficou significativo como nunca havia ficado. Mas eu recebi a notificação dos depósitos e fiquei... petrificada. Não consegui agradecer. Um telefonema? Um email? Não, nada.
Incrível, porque costumo ser uma pessoa fofa e educada e agradecer é o básico do básico da boa educação. Mas fui uma idiota e me recolhi calada.
O mais engraçado é que, calada, eu fiquei feliz e realizada como não me lembro de ter ficado antes. Sim, porque não é como ganhar dinheiro trabalhando, é ganhar dinheiro fazendo algo que me dá um profundo prazer e que eu nunca na vida pensei em encarar como um "ganha pão" ou algo parecido. Então por quê não telefonar e falar "obrigada" aos meus patrocinadores anônimos?
Na verdade não agradeci porque me senti envergonhada por ter ganho dinheiro com o blog, já que esta não era a intenção inicial deste espaço.
Acho incrível como pessoas me pagam para que eu escreva algo que, obviamente, é de graça. E um detalhe importante é que os doadores não são pessoas ricas que precisam lavar dinheiro num blog qualquer. E (incrível!) não são parentes também! Juro. É gente "apenas" fofa que valoriza meu texto e tenta me recompensar de alguma forma.
Preciso de dinheiro? Muito! Pedi? Não, nunca!! Secretamente, eu gostaria de ganhar dinheiro escrevendo? Claro!
Então por quê fiquei com vergonha?
Não sei.

Além de envergonhada fiquei travada, e é esta a razão do sumiço do blog.
-Sabe, eu tinha um blog onde eu escrevia todos os dias com alegria e entusiasmo. Gostava de receber retorno e ficava muito feliz apenas com os elogios dos leitores. Mas um dia umas pessoas legais decidiram me dar dinheiro e eu, então, parei de escrever. Ah, sei lá entende, achei maldade com elas, tadinhas. Prá quê gastarem dinheiro comigo?

Melôs da Claudinha: "Money, get away!! "
"All you need is love, love..."
Putz... sua tonta, você definitivamente merece ser pobre! Mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que a Claudia alcançar o reino da classe média alta. Sim porque ser rica de verdade nem passa pela minha cabeça oca.

Isso é comum em pessoas idiotas como eu: medo de ser uma fraude. Já li algo sobre isso numa reportagem rasa numa revista feminina qualquer: mulheres que são promovidas e tem medo do chefe estar redondamente enganado sobre a capacidade delas em ocupar aquele cargo; gente que recebe elogio e se sente culpada por ter dado a impressão (errônea, claro) de ser competente. E é comum autores terem sucesso com o primeiro livro e, depois, ficarem achando que foi apenas sorte e não encontrarem coragem para continuar a escrever com medo de serem "desmascarados" pelo público.
Fiquei relendo alguns textos do blog neste período de reclusão e pensava: "Puxa, isso ficou realmente bom! Será que eu conseguirei escrever algo semelhante um dia? Será que vou fazer jus ao investimento em mim?"

Mas hoje eu acordei e decidi honrar os constantes pedidos de pessoas pedindo para o blog voltar. Ahhhhhhhhhhhhhh, ADORO o público batendo palma insistentemente depois do show exigindo o bis! Decidi também honrar cada centavo depositado na minha conta e aproveito a ocasião para agradecer e dizer que vocês não fazem ideia de como me senti valorizada e honrada com isso.
DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO...

Sei que sou psicóloga e, teoricamente, não deveria ter este tipo de trauma, mas acho que meu dinheiro acabou antes que a minha terapeuta conseguisse exterminar com todas as neuroses.
Mas, mesmo com dinheiro na conta (ai, coitada de mim, que dó!!!)...

THE SHOW MUST GO ON!