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sábado, 23 de abril de 2011

Misunderstood

Agora que a tempestade passou para a mídia e para a população em geral, hoje eu finalmente posso dizer: me senti um pouco responsável pela tragédia do Realengo.
Digo isso porque parece que ela veio para exemplificar dois dos meus posts mais polêmicos aqui no blog: "Salman Rushdie brasileira" (sobre o bullying) e "Escrever Bem" (sobre a Bíblia).
Ai, ai, pisando em campo minado de novo. Já disse que tenho um lado Tomb Raider que surge do nada dentro de mim??
Ah, é mesmo, já disse sim ("Eu e Angelina na Banheira").

Ok, lá vai.
A chacina das crianças da escola carioca parece que veio para provar que eu estava certa. Sorry.
E o pior é que muita gente insistiu em dizer (jornais e revistas de enorme circulação, inclusive) que o cara matou os alunos da escola onde estudou porque sofreu bullying na adolescência.
Dizem que enfiaram, certa vez, a cabeça dele dentro da privada.

E aí a coisa se encaixa perfeitamente na minha dúvida acerca da galinha e dos ovos que tanto me atormentou no post do bullying.
Você enfiaria na privada a cabeça de um cara bacana e sensato?? Não, né?
Mas você enfiaria na privada a cabeça do babaca que escreveu aquela carta maluca antes de entrar numa escola atirando em crianças? Eu enfiaria.
Os primos e irmãos do assassino já disseram que ele sempre foi estranho. O povo do trabalho confirmou.
Desde pequeno ele era esquisito. Gostou demais da tragédia do 11 de Setembro. Queria também destruir o Cristo Redentor com um avião!!
Estava focado  na religião islâmica e havia, inclusive deixado a barba crescer. Cortou para entrar na escola.
Ou seja: sempre foi maluco. Em outras palavras, sempre foi psicótico e paranóico. Ou esquizofrênico, como a mãe biológica dele.
Link :  http://aceveda.com.br/blog/?p=27892

E foi POR ISSO que ele deve ter sofrido represálias na escola.
E aí falo: se um dia enfiarem a cabeça do seu filho na privada de um banheiro escolar, brigue com os alunos, converse muito com a diretoria, exija punição, mas passe a prestar atenção no seu querido filho com um outro olhar.
Pode haver um aviso generoso neste terrível ocorrido.


"Nem sempre aquele que diz que seu filho é fofo é seu amigo.
Nem sempre aquele que enfia a cabeça do seu filho
na privada é seu inimigo"
Rebecca de Mornay com a fofa Madeline Zima
"A Mão que Balança o Berço". Viram? Pois é.
E além da explicação simplista do bullying, vieram dizer que o rapaz é fruto de um sistema de assistência social e psiquiátrica falho. Pode ser, mas também não dá para segurar todos os potenciais homicidas na peneira grossa.
E nem na fina.
Ano passado um maluco, psicopata, foi solto em Goiás depois de receber laudos favoráveis de duas piscólogas e dois psiquiatras forenses. Saiu da cadeia e matou um monte de rapazes em Luziânia.
Shit Happens.

Frase que não dá para ler: And most of the time it sucks.

Para mim, o único sensato da história foi Reinaldo Azevedo.
Link: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-incompreensivel-o-irremediavel-e-o-inaceitavel/

Se fosse uma vingança de bullying ele não teria atirado prioritariamente em garotinhas. Garotinhas não costumam enfiar as cabeças dos colegas na privada.
Garotinhas de 13 anos enfiam absorventes na privada, causando outros tipos de problemas.

Se fosse uma maneira de eliminar os "impuros" (como dizia a sua carta) ele não deveria atirar nas mesmas garotinhas. Segundo a sua teoria ele devia ir num puteiro.
Segundo a minha, ele devia ir para Brasília. Ou, melhor, devia ir na casa do religioso maluco que ajudou a colocar estas idéias equivocadas na cabecinha já perturbada do rapaz.
Sim, porque matar gente não tem NADA a ver com os textos sagrados do islamismo!
Ok, vou parar por aqui. Campo minado deixa membros amputados.

Bom, e se as escolas fossem bem vistoriadas com portas giratórias detectoras de metais, o cara podia esperar só mais um ano e fazer a sua festa no show que Justin Bieber fará no Brasil, porque o público alvo (literalmente) seria o mesmo.
A coisa não tem lógica e, por isso, é contraproducente ficar elocubrando os motivos do rapaz e pensando em estratégias eficazes para evitar a próxima tragédia.

Ok, segunda polêmica:
Depois que li no jornal a tal carta que Welligton escreveu antes de matar e morrer, eu fiquei focada na boa escrita do cara.
Sei que todo mundo deve ter lido, mas peço que releiam agora com uma visão diferente. Leia este primeiro trecho como se você fosse uma professora de redação do ensino médio tentando compreender um texto de um aluno.
"Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Dues em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida."

Tirando uma enorme preguiça em pontuar, o resto está muito bom!
Este é um outro exmplo para a minha teoria sobre escrever bem ou mal.

Volto a este assunto porque esta semana puxaram a minha orelha, de novo, sobre a história da Bíblia.
Não concordo em absolutamente NADA com o que o rapaz escreveu em sua derradeira carta, mas não posso negar que ele conseguiu passar sua idéia muito bem.
Poderia concordar com tudo o que está escrito na Bíblia, mas o que eu disse é que a mensagem fica truncada por um texto confuso.
Só isso!!!!
E uma fofa me escreveu dizendo que é professora de redação, linguista e concorda comigo em gênero, número e grau.
Oba, tenho agora um respaldo profissional, hehe.

É como se fosse a diferença entre um hardware e um software.
Não gosto do software do Wellington (aliás, detesto), mas achei o hardware bacana e lamento muito que ele entrou atirando justamente na escola que lhe ensinou a escrever um texto consistente.
Não gosto do hardware da Bíblia, mas acho o software bacana. A idéia geral é ótima!!

Ok? Entendido? Finito???

Ufa...não gosto de ser mal interpretada:

"But I`m just a soul whose intentions are good.
Oh Lord, please don`t let me be misunderstood."
Mas sou apenas uma alma cujas intenções são boas.
Ó Deus, por favor não me deixe ser mal compreendida.


Essa música está me acompanhando há mais de um mês.
Ouço ela todos os dias.
Tenho baixa, baixíssima resistência a críticas, principalmente quando não compreeendem o que eu quero dizer. Me sinto culpada, achando que me expressei mal.
Um doido me escreveu no blog dizendo que torce para um psicopata entrar metralhando a minha casa.
Sim, estou sendo lentamente apresentada ao lado negro da net.
Por isso rumino esta história do bullying e da Bíblia há muito tempo.

É o seguinte: para mim a versão original (The Animals) é a melhor, surpreendentemente melhor que Nina Simone.
Mas hoje ouvi pela primeira vez Cat Stevens (atual Yusuf Islam) cantando isso.
Está longe de ser a melhor versão, mas coloquei ele aqui para ilustrar como uma boa interpretação do livro sagrado da religião islâmica, por pessoas boas e sensíveis, pode trazer tantos benefícios para todos.

Cat Stevens, para quem não sabe, era um excelente músico inglês que fez muito sucesso na década de 70, mas abandonou a sua carreira em 1978 para se dedicar ao islamismo e algumas lindas causas humanitárias.
Por isso, Cat Stevens, cantando esta música depois de toda transformação surreal que aconteceu na sua vida, certamente faz mais sentido do que Nina ou os "The Animals"



E enquanto os jornais se ocupam de outros assuntos e eu tento, narcisicamente, me explicar
dentro do meu próprio blog,
 a tempestade demora demais a passar para os familiares e amigos de:

Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos
Bianca Rocha Tavares, 13 anos
Géssica Guedes Pereira, 13 anos
Igor Morais da Silva, 14 anos
Karine Lorraine Chagas de Oliveira, 14 anos
Larissa dos Santos Atanázio, 13 anos
Laryssa Silva Martins, 13 anos
Luiza Paula da Silveira, 14 anos
Mariana Rocha de Souza, 12 anos
Milena dos Santos Nascimento, 14 anos
Rafael Pereira da Silva, 14 anos
Samira Pires Ribeiro, 13 anos.

Um comentário:

  1. 1)O cara deve ter plagiado algum texto padrão religioso ou do Dan Brown.
    2)A vítima de bullying não é necessariamente um futuro psicopata, basta ter um estilo próprio ou ser diferente do padrãozão classe média. Aquele (a) que lê ou vai a concertos ou estuda muito já é "estranho" aos olhos da juventude meio-fascista que se está criando. Eles adoram ter a mesma opinião da maioria e serem cúmplices na rejeição dos "estranhos". Somos "populares", logo bulimos.

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